Guerra Dracônica

Apesar de os pavakis terem eliminado uma grande quantidade de dragões nas Eras Anteriores, grande parte desse extermínio se deu invadindo covis e para destruir ovos, matando infantes ainda incapazes de voar ou emboscando dragões durante o sono com grande vantagem numérica. Em outras palavras, a primeira grande vitória sobre os dragões foi feita exclusivamente contando com a vantagem tática de terreno por uma raça que era extremamente resistente a calor e a queimaduras. O quadro no século VIII E.C. foi bem diferente.
— Arlon Ildra, Mestre Evocador da Academia de Magia de Arcania
 

Início do conflito

 
É consenso entre os estudiosos que o avanço dos Dragões ao sul no século VIII E.C. foi mais uma migração resultante de disputas territoriais do que uma marcha coordenada. Dragões muito provavelmente se multiplicaram durante os séculos anteriores e uma nova geração de adultos-jovens já não tinha mais espaço para construir seus ninhos e covis na Cordilheira de Raksas.
 
Os Primeiros dragões sobrevoaram os campos a oeste de Zhária nas últimas semanas de 768 E.C., queimando centenas de pessoas em um piscar de olhos. Apenas um dia depois, outros mais dragões jovens foram avistados incinerando vilas no litoral leste do continente, deixando milhares de mortos em poucos dias. Foram dezenas de ataques em duas semanas, totalizando um número que varia entre 8 e 30 mil mortes de acordo com registros.
 
Apesar de Zhária ter se mobilizado e abatido alguns dragões com relativa rapidez, os yoni e os planaltinos simplesmente não estavam preparados para este inimigo. A Orla Norte de Irá virou cinzas em menos de um mês, pois não havia nada que os pajés pudessem fazer para parar bestas voadoras cuspidoras de fogo.
 
Quando as criaturas aproximaram-se da banda norte de Naida, já não havia mais que se falar em “Conselho dos Condes”, o desespero de ficarem presos entre karís ao sul e dragões ao norte dissolveu qualquer chance de cooperação entre homens sem honra, alguns condes simplesmente pegaram todas as suas riquezas e abandonaram seus condados, correndo para os portos próximos a Nereza.

Mobilização humana e contraofensiva

   
Mas nem todos fugiram covardemente, muitos humanos viram a bravura dos pavaki e decidiram se juntar aos que estavam reagindo à altura. Famílias inteiras abandonaram suas terras em direção a Zhária para ajudar os filhos do sol a combater as terríveis bestas, e, dentre esses bravos humanos, estava o Futuro Deus da Guerra.
 
A Guerra Dracônica durou seis meses. Em 769, os planaltinos estavam sem líder, desesperados e enfraquecidos. Enfrentavam inimigos muito mais poderosos sem nenhuma ajuda significativa de outra raça ou até de humanos de outras regiões. Eram esmagados pelos karís ao sul e queimados vivos pelos dragões ao norte. Mas um filho de fazendeiro que dominava excepcionalmente bem o elemento fogo inspirou aquilo que seria a virada da batalha.
 
Este tomo não tem por objetivo discorrer sobre a história de Yao. Mas é importante ressaltar que, antes dele, não havia estratégias, táticas e formações de combate pensadas para aproveitar, de maneira coesa, um alto número de combatentes em campo aberto.
 
Yao transformou fazendeiros, pescadores e simples mercenários numa máquina tão formidável de combate, que até os pavaki ficaram impressionados. Apesar das baixas, os exércitos conseguiram, em dois meses, parar o avanço dos karís em toda a região sul, eliminar diversos trasgos com táticas avançadas de combate e até matar dois dragões na região centro oeste do Planalto Central. Enquanto os yoni, com a tardia ajuda dos mitranianos, conseguiram frear a queima da floresta ao leste e empurrar os dragões de volta para a bacia, matando em torno de dezesseis bestas.
 
Estas batalhas marcam um ponto importantíssimo na história de Gondwana, no qual humanos aprenderam a canalizar a energia do fogo com elevada maestria, projetar-se em um líder que estava na linha de frente ao invés de esconder-se em uma suntuosa mansão e perceber que, com estratégia e coesão, eram sim capazes de vencer inimigos mais poderosos que meros tardos.
 
Mas ainda haveria mais um grande acontecimento que selaria a identidade planaltina com o elemento fogo e determinaria o lugar daqueles humanos no mundo, um fato muito mais trágico e com consequências muito mais profundas para todos os povos de Gondwana.
 
Logo depois das vitórias de Yao, os pavaki aproveitam o recuo das bestas para avançar nos campos a oeste de Zhária, no litoral sul da Bacia D’Ouro e nos campos ao Norte de Nadia. Eles sabiam o quão exaustiva e dispendiosa era a guerra de atrito com dragões, e tinham plena consciência de nunca venceriam sem uma rápida de violenta investida. Foi a batalha mais sangrenta daquela Era, conhecida até hoje como A Grande Queima: de um lado, cerca de cem mil pavakis; do outro, em torno de 400 dragões. Não houve sobreviventes em ambos os lados.
Tipo de Conflito
War