Session 36 - A última história de Giannine Report

General Summary

Pela primeira vez em meses de desventuras, Giannine Foncelli teve uma boa noite de sono em uma cama tão confortável quanto a sua própria em Gazlin. Esta manhã ele não conseguia esconder seu sorriso, afinal o que há de melhor que acordar e já ser recebido pelo cheiro de um café da manhã já te esperando?

Ao descer, ele percebe que os aventureiros que o salvaram já estavam reunidos a mesa. Ele cumprimenta primeiro a sacerdotisa de Nox, Angel Viúva negra, ele sabe que de todos ali sua dívida com ela é maior. Ele está eufórico com a perspectiva de voltar a sua vida normal, às histórias de aventuras escritas por outros, que agora ele pretende dar ainda mais valor, pois saberá o que realmente está nas entrelinhas que antes era incapaz de ver por sua própria inexperiência de vida. Mas ele não deixa transparecer, pois sabe que seus salvadores não gostam de quem fala demais, mas assim que Bellini Antrioni aparece, suas restrições desaparecem milagrosamente, assim como os últimos pedaços de omelete e bacon de seu café da manhã.

- Bellini minha queridíssima! Ótima manhã!
- Vejo que dormiu bem Grande Giannine!
- Pois bem, pois bem. Esta noite eu não consegui em nenhum momento relembrar meus últimos dias, era como se eu estivesse novamente em minha casa, em meu quarto em Gazlin... Como eu te prometi, quando chegarmos a Gazlin eu te mostrarei como realmente é ter uma vida, minha querida.
- Ah Giannine... Eu ficarei muito feliz em conhecer Gazlin e sua querida Hadriani e tudo mais que conta com tanto amor.
- Não tardará muito mais. Eu vou conversar com os aventureiros, pois acredito que em poucos dias eles irão descer o rio rumo Gazlin. Acredito que eles não irão se incomodar em nos deixar por lá, afinal, depois de tudo que passamos, eles devem mais é estar querendo se livrar deste pequeno estorvo aqui.
- Não diga isso! Você é muito amável, e mesmo eles sendo este bando meio sombrio eu acredito que eles gostam de você, pelo menos eu gosto! Você tem me ajudado muito...
- Não fiz nada, apenas relembrei a você quem você é - Ele segura com suas pequenas mãos a mão de Bellini e pisca para ela - mas meu problema agora é outro, querida. Como eu te disse, acredito que eu tenha uma dívida muito grande com a sacerdotisa. Ela me trouxe de volta quando eu estava quase morto e eu entendo que Nox sempre cobra seu preço... Mas eu tenho um presente para ela e para os outros que irá ajudar eles, apesar de eu discordar das escolhas que eles fizeram, eu não posso deixar de pagar minha dívida...
- E o que seria isso? Deve ser algo muito valioso, pois eles carregam o tesouro de um rei com eles como se nada fosse.
- Oh querida, ainda tem muito o que aprender. Eles não querem dinheiro, o que eles querem não pode ser comprado nem com todo o tesouro do Rei de Elidia. Vou passear pela cidade um pouco e quando eu voltar para o almoço, eu te explico.

O pequeno homem pega sua algibeira repleta de moedas de prata e caminha em direção da porta da casa e vê Brynjolf entrando e Mauregato Faberi encostado em uma poltrona contando e organizando suas moedas de ouro.
- Queridos, vou passear pela cidade! Sempre tive curiosidade de conhecer a lendária Silitia e essa deve ser minha melhor oportunidade, tudo bem?

Ambos dispensam o halfling sem dar muita atenção, seja por estarem focados no ouro ou sobrecarregados com muitos quilos de comida após uma extenuante busca por suprimentos numa cidade em colapso. Porém, Brynjolf ao largar as bolsa no chão, para e olha Giannine saindo e começa a ir atrás dele, mas o cansaço e o prospecto de retornar as ruas frias e detém - Ele não tem para onde ir - Brynjolf sussurra para si próprio.

Giannine começa a fechar a porta, mas ouve atrás de si - hein, não feche - ele olha e vê Ramon Alcaraz chegando, aparentemente com pressa.
- Claro querido! - Giannine segura a porta para Alcaraz - eu estou indo conhecer Silitia! Passear um pouco, ver os locais e os costumes...
- Tanto faz - Alcaraz interrompe o halfling antes dele iniciar mais uma de suas longa explicações sobre mais uma coisa que não importa. Mas antes do galemniano fechar a porta, ele para e se vira para o halfling - Giannine, já que está indo passear, faça algo de útil. Veja naquela taverna na praça do portão sul o que está ocorrendo.
- Algum problema?
- Não... Apenas alguém estava engasgado, sabe como é. Eh... Aproveite e acidentalmente jogue a caneca que está cheia sobre a mesa na entrada da taverna no chão.
- Tudo bem... então...

Giannine começa a caminhar em direção a praça conforme Alcaraz solicitou. Porém, agora seus passos se arrastavam nesta direção. Não mais saltitantes. O encontro com o inconstante Galemniano sugou sua aura positiva de uma manhã perfeita até então. Sua mente tão absorta agora que ele ignora as ruas repletas de gafanhotos e outros insetos.

Ao chegar na praça, uma comoção se desenvolvia a frente da taverna. Lá um homem estava caído no chão com a cabeça sobre o colo de uma mulher que chorava. Ao lado, um homem gritava com guardas do Enclave Vermelho dizendo que seu primo havia sido envenenado e quando questionado sobre como era este tal assassino, a descrição não deixou dúvidas a Giannine: Alcaraz. Mas, não parava por aí, um outro homem estava caído atrás da mesa, aparentemente também morto e segurando uma caneca que parte da cerveja escorria pelo chão...

O Halfling senta-se dentro da taverna enquanto não consegue parar de associar o morto e o primo do morto com os homens que haviam passado pela estrada no dia anterior. Quando ele vê o taverneiro entrando, ele pede um caneco de vinho. O taverneiro diz que não poderá servi-lo devido ao acontecido. Giannine lamenta, mas ao mesmo tempo agradece e vai embora.

O pequeno jovem vaga sem destino e sem prazer pela cidade por algumas horas até encontrar uma sorridente senhora em sua barraca de frutas. As frutas estavam por demais passadas e marcadas, mas o preço ainda sim alto.
- Nossa o preço não está um pouco elevado para frutas tão passadas?
- Sim, mas nunca vendi tão bem. Não há mais comida na região e as pessoas estão comprando para fazer geleias para sobreviverem o resto do inverno.
- Vejo que a situação não está das melhores por aqui, a guerra teve seu preço sobre a população como sempre.
- Não... não desta vez. A situação estava ruim antes dos vermelhos chegarem. Dizem que os deuses estão nos punindo, mas eu apenas penso que é uma fase ruim.
- Sim... uma fase ruim. - Giannine fala pensativo enquanto escolhe duas maçãs com melhor aparência. - aqui está - diz Giannine entregando cinco moedas de prata a senhora que agradece sorridente pela generosa gorjeta.

- Apenas uma fase... - murmura Giannine para si mesmo antes de começar a morder a maçã.

Chegando ao norte da cidade, Giannine vê um grupo de garotos com bolsas cheias de gafanhotos, eles sorridentes disputam entre si pelos gafanhotos no chão. Neste momento, finalmente Giannine repara que toda a cidade estava repleta de insetos - interessante, nuvens de insetos tão ao norte assim... no meio do inverno?
- Porque vocês estão pegando os gafanhotos - Giannine interpela os jovens.
- Veja Humbert! É um anão!
- Não, não meu jovem. Sou um halfling e meu nome é Giannine.
- Para mim parece um anão! - responde o suposto Humbert.
- Que seja então. Mas prefiro ser chamado de Giannine e como sabem, anões podem amaldiçoar aqueles que os desrespeitam! - Giannine finaliza com tom ameaçador, porém segurando uma gargalha que cresce em sua garganta.
- Tudo bem senhor Giannine, o anão. Não queremos desrespeitar o senhor!
- Pois bem. E quanto a minha pergunta, para que os gafanhotos?
- Nossa família vem do sul, e lá gafanhotos são disputados! São muito saborosos, principalmente os que a minha mãe frita em banha de porco!
- Uhm, vocês me ensinaram algo novo rapazes, tomem duas peças de prata, uma para cada.
- Obrigado senhor anão!
- Giannine! - Diz o halfling irritado e os jovens saem correndo.

Giannine começa o caminho de volta e vê uma bela jovem humana ajudando moradores de rua. Logo ele percebe o símbolo do Sagrado Martírio em suas vestes e um homem fechando uma barraca de sapatos ao seu lado comenta - é pequeno, as vezes eu penso que os indigentes são mais bem tratos aqui do nós homens de ofício. Está vendo esta jovem? Ela passa sempre aqui e ajuda estes pestilentos, sei lá por qual motivo!
- É um bálsamo do Sagrado Martírio - responde Giannine ao sapateiro.
- De fato. É um bálsamo essa aí.
- Não, não é o que eu quis dizer. Bálsamo é um título da ordem do Sagrado Martírio. Ela é um sacerdotisa de Alos em um rito de provação.
- E que provação e tanto é essa aí, hein?
- Acredito que senhor deveria respeitar...
- Calma, calma meu jovem. Não quero desrespeitar a moça. Apenas acho um desperdício, se é que me entende - diz o sapateiro com tom jocoso.
- A fé é um mistério para mim, mas eu tenho meu respeito por aqueles que dedicam sua vida a uma ideologia de forma tão fervorosa.
- E eu a quem sabe aproveitar um final de tarde, vamos beber uma cerveja aqui na taverna. Luigi é o nome e qual é o seu?
- Giannine. Mas eu acho que devo retornar para minha hospedagem, pois já devem estar achando que eu fugi!
- Fugiu? Por qual motivo? É um prisioneiro ou escravo de alguém?
- Não! - o halfling olha para o chão meio sem jeito - talvez sim, mas de mim mesmo, senhor Luigi.
- Ah! Pare com isso. Venha eu pago uma cerveja para você.

Após algumas canecas de cerveja todas as preocupações de Giannine desaparecem e o halfling se vê novamente em uma situação que ele havia prometido a si mesmo inúmeras vezes que jamais repetiria enquanto era prisioneiro daqueles que queriam se aproveitar dos conhecimentos de seu pai e muitas mais vezes enquanto era arrastado para a Serra do Pico do Trovão pelos Seal Breakers. Ele sabe que não deveria beber, mas que sensação maravilhosa. Quantos amigos pôde fazer e quantas histórias pôde trocar naquela noite? A realização de uma boa noite na taverna, onde ele poderia deixar de ser o halfling, que todos olhavam nas ruas como uma aberração e ser Giannine, um amigo como qualquer outro, com histórias que todos querem ouvir e piadas que faziam os patronos cair na gargalhada e rodadas gratuitas se multiplicarem como coelhos. Talvez abandonar isso seria pior que ser sequestrado? Talvez.

Com este pensamento em mente, Giannine retorna caminhando sozinho a noite pela cidade até ser parado por três homens do Enclave Vermelho.
- Você vem conosco - diz um dos homens.
- Eu estou indo para casa, senhores. Sou um dos convidados de Rand O Vermelho na cidade.
- Sim, nós sabemos e ele quer falar com você, venha.
- Eu não vou falar com ninguém, se Rand quer falar comigo ele que peça ao meu grupo de amigos!

Sem entender o que aconteceu após isso, o pequeno acorda com sua cabeça ainda rodando. - acho que me excedi novamente - diz ele para si próprio.
- Temos umas perguntas para você e pelo seu bem, é melhor responder sem vacilar, halfling - diz um homem, que pelas vestes deve ser um guerreiro do Enclave.

No dia seguinte, o Grupo começa a procurar pelo paradeiro de Giannine e após algumas perguntas o Grupo chega ao suposto local onde um homem suspeito poderia ter levado Giannine. Neste porão repleto de esgoto, os supostos sequestradores haviam acabado de ser atacados por alguma criatura horrenda que invadiu o local pelo esgoto. Após derrotarem a aberração pútrida, eles encontram o halfling inconsciente e amarrado num aparato de tortura. Agulhas e com pesos ainda presos a sua pele.
- Cure ele, Viúva - diz Mauregato.
- Porque? Não iriamos matá-lo? Ele sabe demais - responde a sacerdotisa.
- Então... que seja - Mauregato acaba com o sofrimento de Giannine.

Campaign
Sons of Nox
Protagonists
Data do Relatório
30 Apr 2021
Local Primário
Local Secundário