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Ato - 5 - Perseguição

  • 10/06/842 – 15:30
  • Fararëyn sacou rapidamente um de seus dardos envenenados e apontou para os tieflings , cada um deles subia uma escada diferente, mas ambas levavam ao segundo andar, onde o monge se encontrava.
  • -Olha só... Não me façam paralisar vocês. – ameaçou ele enquanto alternava a mira entre o homem roxo e a mulher vermelha. Aswad puxou Shensuur do bolso e fez um sinal chamando-o para o combate enquanto Kalö ignorou os dois e continuou subindo. Fararëyn arremessou o dardo na direção da paladina e errou miseravelmente, acertando a parede atrás dela.
  • - Foi um aviso. – Disse ele tentando amedrontá-la. Porém a reação foi a oposta, sem saber se o homem havia errado intencionalmente ou não, ela puxou o arco e flecha das costas e se preparou para revidar. - Espera, Espera. A gente tem uma chance de fazer isso funcionar, só não quero que vocês me atrapalhem. – Fararëyn queria envolver o menor número possível de pessoas no assassinato, quanto menos o vissem ali melhor.
  • -Fazer isso funcionar? – Questionou a mulher. – Eu tava só subindo a escada machucada e você me tacou um dardo!
  • -Tá, mas um demônio parecido com você acabou de arrancar o pescoço de um cara ali do meu lado! Eu não sabia se você ia voar pra cima de mim!
  • -Ah, agora eu vou! – Kalö odiava que a julgassem por conta de sua aparência, ela não escolheu nascer uma tiefling , e as pessoas ao seu redor pareciam não perceber isso ou ao menos se interessar em entender o que era um tiefling. Ela colocou uma flecha no arco e apontou para o monge. – Vai querer mesmo comprar briga comigo?
  • -Se você tá com um arco aqui dentro do castelo provavelmente está na mesma que eu. – Ele sabia que isso não era impossível, mais pessoas poderiam ter sido contratadas para o mesmo trabalho, mas preferia não pensar nessa possibilidade. Guardou o dardo e seguiu pelo segundo andar. A tiefling ficou em dúvida de como prosseguir, mas como precisava ficar de olho no homem e Murmus provavelmente estava naquela mesma direção, seguiu Fararëyn.
  • Aswad já havia saído dali há muito tempo. O ladrão se aproveitou da discussão e passou despercebido pelos dois, atravessou uma porta já escancarada que levava até a sala dos guardas, havia todo tipo de armas ali, armas e baús. Sem sinal dos guardas, os que não tivessem fugido provavelmente estavam mortos ou lutando. Ele olhou para trás e viu os dois ainda discutindo, havia tempo para tentar abrir um dos baús. O tiefling se ajoelhou, pegou suas ferramentas de ladrão e começou a destrancar uma das fechaduras. Não obteve sucesso – Malditos anões e suas fechaduras – Antes que pudesse pensar em outra forma de arrombar o baú percebeu que a discussão dos dois tinha acabado, desistiu do roubo e correu para o próximo cômodo.
  • O ladrão se viu em um corredor luxuoso, as paredes eram revestidas com um tipo de veludo azul escuro detalhado em vermelho, o tapete abafava ainda mais o som de seus passos. Passou por diversas pinturas de guerras e de pessoas desconhecidas por ele até chegar ao final do corredor, onde haviam duas portas à frente e uma curva à direita que dava continuidade ao caminho.
  • Aswad checou a primeira porta, atrás dela havia uma sala sem ninguém, com uma grande mesa de centro, armários abarrotados de livros e uma varanda. Checou a segunda sala, empurrou a porta devagar, bem a tempo de ouvir pessoas conversando no seu interior, duas provavelmente. Conseguiu ver ainda que uma delas tinha a pele azul, mas não mais que isso. Voltou para o primeiro aposento, entrou e fechou a porta atrás de si.
  • Correu para a varanda pensando em pular para o quarto ao lado, mas, para sua surpresa havia uma parede separando as duas sacadas. Ele não havia considerado tal possibilidade, tinha certeza de que ambas estariam interligadas. Entretanto, seu plano ainda não havia dado completamente errado, ele conseguia ouvir as vozes que vinham da sala ao lado, estavam abafadas e em uma língua que ele desconhecia, mas isso não seria problema para sua adaga mágica. Ele então sussurrou, pensando em transformar a adaga na forma celestial:
  • -Prithby – O ladino não havia decorado todas as palavras mágicas e a adaga reagiu à palavra trocando para a forma que lhe permitia entender goblinóide, ele reconheceu na hora o erro pela forma que a arma tomou, se assemelhando à uma peixeira de açougueiro, grande e bruta. Aswad apertou as têmporas quando reconheceu o erro, a palavra certa era Sbarga, mas agora ele estava preso à língua dos goblins, orcs e trolls pelos próximos cinco preciosos minutos e aparentemente não era nessa língua que os homens conversavam. Ele suspirou e aproveitou a vista que dava para o lado de fora da cidade enquanto esperava.
  • Fararëyn entrou apressado na sala dos guardas, checou o local com os olhos e continuou em frente, seguiu pelo corredor usando apenas o que se lembrava do mapa mostrado pela tiefling que o contratou. Se ele se lembrava corretamente, o quarto do Lorde deveria estar logo no final do corredor, a última porta. Ele não tinha certeza e devido à preocupação com o caminho, não percebeu a mulher que, ainda cansada demais para se curar, o seguia sorrateiramente. Virou à direita e passou pelas escadarias que levavam de volta à entrada principal do castelo, se apressando para chegar até seu objetivo.
  • Kalö não sabia o que o homem queria, mas quando viu que ele estava indo para o quarto do Lorde Krause, pegou seu arco e flecha, armou-o e atirou. A seta teria acertado em cheio o monge se no último instante a mão da tiefling não tivesse tremido devido a dor da facada. Uma lamparina na frente do quarto se estilhaçou ao ser acertada pela flecha.
  • -Eu sei o que você está tentando fazer. Não vou deixar que entre no quarto dele! – Gritou a paladina.
  • -Ah sim. E você é?
  • -Uma amiga.
  • -Uma amiga... – Ele fez uma pausa – Do Krause
  • Ela confirmou com a cabeça, ainda segurando o arco. O monge disfarçou e em seguida arremessou um dardo e pela primeira vez no dia atingiu o alvo, penetrando no ombro da mulher que alguns segundo depois caiu sem movimentos no chão, ainda que ouvindo e vendo tudo. No instante seguinte, Aswad abriu a porta, furioso consigo mesmo pelo plano ter dado errado, nenhum dos idiomas que testará funcionou, e ele não podia arriscar ficar muito tempo na sala. O ladrão viu a garota caindo e o monge ainda com o braço esticado.
  • -Você vai me impedir também? – Ameaçou Fararëyn .
  • -Que te impedir o que. Eu vim aqui pra roubar, mano. Ah, e por falar nisso tem dois caras nessa sala aqui. – Ele apontou para a segunda porta.
  • -Já que você quer roubar... Boatos de que no quarto do Lorde tem tesouros.
  • -Vamo lá junto, então. – Os dois olharam ouviram barulhos de passos e em seguida olharam para o corpo inerte da mulher – O que a gente faz com ela? – O ladrão e o assassino pegaram-na cada um carregando um lado e juntos conseguiram leva-la até o final do corredor, onde entraram no aposento.
  • O quarto parecia ter saído de uma pintura. Um luxuoso lustre dourado pendia do teto enquanto que uma cama de casal grande o suficiente para dez pessoas estava encostada na parede, o chão e as paredes eram forrados com o mesmo material do corredor e os poucos móveis quase não ocupavam a parede por completo. Havia também uma sacada que dava para a entrada principal do castelo.
  • Fararëyn observou o aposento, levou à mão ao queixo enquanto olhava em volta e decidiu checar o mapa desenhado em seu ombro, por algum motivo sua intuição o dizia que não era ali que ele deveria estar, ao ver o mapa, teve certeza de que estava no lado oposto do castelo, e mesmo sem saber como havia realizado tal façanha, já se preparava para sair da sala. Na verdade o mapa é que estava ao contrário, o monge havia lembrado o caminho certo de cabeça até então apenas para se confundir com o desenho. Aswad olhou o local, sua intuição gritava para ele que aquele poderia ser o aposento de qualquer um menos do Lorde, e ela nunca havia falhado tão miseravelmente. Ainda assim, ele sentia que nada de precioso estaria guardado naquele quarto.
  • -É aqui mesmo? – Perguntou o tiefling.
  • -Eu to com um sentimento de que não.
  • Kalö , ainda caída no chão, tinha dificuldade para entender como os dois não reconheciam um quarto daquele nível de sofisticação como o quarto do nobre mais influente da cidade, mas os dois pareciam estar cada vez mais certos de que não era ali e cada vez mais confusos com o choque entre seus instintos e seu bom senso. Entretanto, eles eram do tipo que se deixa levar pelas emoções e a lógica ficava em segundo plano.
  • -Vai querer deixar a tiefling aqui? – perguntou Aswad , mas o monge o ignorou e correu até a sacada para ver o estrago causado pelo ataque no coliseu. Tudo o que conseguiu ver foram dezenas de plebeus e nobres correndo para fora do castelo.
  • Enquanto ponderavam sobre como chegar ao quarto do Lorde Krause , Berndt Krause em carne e osso entrou pela porta do aposento e olhou espantado para os três. Ele ainda vestia sua armadura, mas seu olhar estava diferente, como se procurasse loucamente por algo.
  • -Esse é o seu quarto!? – Gritou Aswad .
  • O anão recuou e pegou um amontoado de coisas que estavam espalhados em cima de uma mesa próxima à porta. Fararëyn não perdeu tempo e atirou um dos dardos no anão, ele desviou no último instante e saiu correndo do quarto.
  • O ladrão e o assassino correram atrás dele para fora do aposento e quando chegaram ao corredor o velho já estava descendo as escadas. Ele tinha ido muito longe muito rápido, aquela definitivamente não era a velocidade de um anão de quase três séculos de idade.
  • Aswad pensou rápido e usou uma de suas habilidades de tiefling a taumaturgia, um dos possíveis efeitos dessa característica racial era deixar sua voz três vezes mais alta que o normal. Usando toda a potência de seus pulmões ele gritou para que o anão parasse de correr. Conforme o rugido do tiefling percorreu o corredor e o resto do castelo, o Lorde ficou paralisado de susto e suas pernas travaram conforme ele encarou ambos. O monge arremessou outro dardo, a mais de vinte metros de distância, mirando no pequeno anão entre os degraus da escada. Fararëyn não conseguiu ver se o dardo acertou ou não, mas no instante seguinte, Berndt Krause seguiu descendo e o plano pareceu ter falhado completamente à media que as pessoas que ouviram o grito saíam dos cômodos.
  • O tiefling entrou no quarto antes que alguém pudesse vê-lo e se deparou com a tiefling, o veneno já estava perdendo o efeito. Ele acenou para ela e se despediu enquanto pulava pela janela. -Tchau! – Gritou o tiefling, logo em seguida escorregou no chão e tropeçou no parapeito, caindo do segundo andar e ficando preso de cabeça para baixo em uma árvore, apenas pela bota.
  • Fararëyn abriu a janela mais próxima o mais rápido que pôde e pulou para fora. Pendurou-se no parapeito para amortecer a queda e aterrissou ao lado de uma janela trancada.
  • Kalö conseguiu se ajoelhar e se apoiou na parede do quarto, ferida e cansada. Usou toda a força que conseguiu reunir para apertar a mão envolta da única lembrança que tinha de sua mãe, um anel com uma ágata azul como o céu cravada nele, e rezou para Corlous , o deus do sol. O acessório reagiu brilhando em uma luz azulada e tanto seus ferimentos quanto a paralisia foram curados, ela retirou a adaga da mão enquanto o machucado se fechava, estava quase completamente recuperada.
  • Aswad usou a cauda para quebrar o galho e conseguiu se soltar, caindo em pé do lado de fora das paredes do castelo. Não havia necessidade de se esconder, muitas pessoas estavam passando pelo local, mas nenhuma tinha tempo de reparar nele, seus olhos estavam vidrados na saída mais próxima enquanto se esbofeteavam portão afora.
  • Em uma única tentativa, o monge destrancou a janela. Logo em seguida, correu por uma larga passagem repleta de portas, a maioria estava escancarada, fosse por terem sido atacadas ou evacuadas. No fim, virou à esquerda e conseguiu ver o Lorde Berndt Krause correndo para dentro dos salões do castelo. Fararëyn ainda tinha uma chance de completar a missão.
  • A paladina correu para escadaria principal e usou sua taumaturgia para aumentar a voz e gritar – Intrusos! Protejam o Lorde! – Porém, tudo o que saiu de sua garganta foi um chiado fraco, ela ainda não havia recuperado a voz. Sem muitas opções, desceu atrás de Murmus ou de qualquer outro que conhecesse.
  • O ladrão correu para a saída do castelo, se enfiando em meio à multidão, ele tinha pouco tempo para decidir se tentar roubar o castelo valeria o risco - Provavelmente é melhor voltar para a ferraria – Entretanto, antes que pudesse sair dos muros externos do castelo, percebeu o monge correndo ainda mais para o interior do local. – Ele encontrou algo! – Aswad não se perdoaria se voltasse para casa sem saber o que estava acontecendo, o suspense o mataria em alguns dias, então correu atrás do homem.
  • Kalö desceu apressadamente as escadas e viu quando o ladrão puxou uma adaga da cintura e correu em direção ao final do corredor, ela teve certeza de que ele estava aprontando alguma coisa, e se isso fosse verdade, não havia tempo de procurar Murmus , o que quer que ela fosse fazer, teria de ser agora. Então ela foi atrás do tiefling.
  • Fararëyn seguiu o Lorde Berndt Krause por uma escada estreita que descia cada vez mais e saiu em uma galeria suja e com cheiro de podridão. Havia apenas um caminho a partir dali, um fosso apertado que muito provavelmente levava aos esgotos do castelo. Antes que o monge pudesse seguir caminho, Aswad chegou atrás dele seguido por Kalö . Assim os três se reuniram no pequeno aposento.
  • -E aí? Todo bom? – Perguntou Aswad tentando aliviar o clima pesado.
  • -Não. – respondeu a tiefling com um olhar sério.
  • Fararëyn suspirou, já que ele tinha se enfiado com os dois tieflings ali, pelo menos tinha que conseguir tirar alguma vantagem disso. Então tentou obter alguma informação com a mulher. – Eu quero que você me conte sobre esse lugar, porque você mora aqui e conhece o castelo. – Perguntou à Kalö .
  • -Por que eu te contaria? – Respondeu ela cruzando os braços.
  • -Porque tem demônios voando pelo castelo e o lorde te ignorou completamente? – A tiefling reagiu, ela sabia que o lorde estava estranho, ele sempre reclamava de problemas nas costas e tinha acabado de correr mais do que uma pessoa em ótima forma, Além é claro, do ocorrido no coliseu. – Você deve saber mais do que eu sobre tudo isso.
  • -Eu não conheço essa sala. – Afirmou Kalö , ela não queria dar muitas informações, mas mentir não era seu estilo.
  • -Tá bom. O que mais você sabe? Quem é você? Por que tentou me impedir de entrar no quarto dele?
  • -Eu sou só uma das órfãs que ele usou como gladiadora na atuação.
  • Enquanto os dois discutiam Aswad Morigak tentava encontrar uma forma de passar por eles, mas a sala era muito apertada. – Licença... – Disse o tiefling, porém os outros o ignoraram.
  • -Então, por que você tenta proteger tanto ele?
  • -Porque se não fosse por ele eu estaria numa situação bem pior! – Ele fazia perguntas demais e ela odiava esse tipo de pessoa.
  • -Pior? Tipo com o machucado que você tava agora há pouco? Porque isso foi culpa dele.
  • -Olha, eu não acho que aquele seja realmente o lorde Krause -Se não é ele então quem é?
  • -Eu não sei, caramba! Fararëyn levou as mãos à cabeça, não conseguiu nenhuma informação, apenas perdeu seu precioso tempo. Ele decidiu descer pelo fosso e a paladina o seguiu. Quando chegaram lá embaixo se depararam com o ladrão os esperando.

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