Ato – 6 – Nos esgotos do Castelo Krause
- 10/06/842 – 16:17
- Os dois tiefling e o monge saíram em um corredor com ar pesado e úmido que fedia a esterco e urina. Aswad avançou passando a mão pelas paredes de pedra lisas e sólidas, parou quando ouviu vozes abafadas vindo de largas escadarias à esquerda, novamente palavras faladas naquele estranho idioma, ele já conseguia reconhecer.
- O ladrão se recusou a subir as escadas e olhando ao redor percebeu que estavam em uma sala ampla com mais dois caminhos, um corredor à frente e uma estreita escadaria à esquerda que descia para a escuridão.
- O tiefling , sem se preocupar se seria seguido ou não, desceu pelo caminho da esquerda, sendo seguido por Kalö . Para Fararëyn , no entanto, que não possuía visão no escuro, o caminho parecia muito mais perigoso, isto e o fato de ele estar com pressa, fizeram com que o monge seguisse pelo corredor à frente, ainda que sozinho.
- Mais de vinte metros de degraus e degraus, íngremes, escorregadios e estreitos levaram os dois até um pequeno aposento completamente escuro com um baú no centro.
- Kalö suspirou desapontada, não haviam outros caminhos por onde se seguir e ela não estava interessada no conteúdo do baú, logo, começou seu caminho de volta à sala anterior. Aswad, no entanto, estava justamente atrás de possíveis tesouros do castelo.
- O tiefling pegou suas ferramentas de ladrão e no segundo seguinte abriu a tampa do recipiente de madeira, revelando seu conteúdo: Um pergaminho lacrado, duas poções de vidro com um líquido vermelho em seu interior e duas joias, a primeira era laranja com raios vermelhos cortando-a por dentro, a segunda era negra com um tom de azul se espalhando de leve por sua superfície. Ele guardou as joias no bolso, as poções na algibeira e o pergaminho no espaço entre a armadura de couro e o camisão de ferreiro que usava.
- De repente, como se tivesse brotado do ar, um diabrete pulou em cima do tiefling, guinchando enquanto avançava. Surpreso e sem reação, Aswad não pôde fazer muito além de se defender com o braço, que foi facilmente arranhado pela criatura. No coliseu, ele não havia conseguido ver completamente o monstro, mas agora, olhando de tão perto, tinha certeza de que nunca havia visto algo que sequer se assemelhasse àquela criatura em toda sua vida.
- O diabrete se preparou para um segundo ataque, mas foi interrompido por uma flecha que bateu em sua cauda e ricocheteou nas paredes do aposento.Kalö havia ouvido o grito do monstro e voltado pelo ladrão, ainda que um pouco à contragosto.
- Aswad aproveitou a distração para subir correndo as escadas, deixando a paladina, que ainda estava no meio da escada apontando o arco para o inimigo, para trás. Ainda enquanto subia, o tiefling tomou o líquido vermelho que estava em um dos recipientes, largando-o para trás logo em seguida, se estivesse certo, se tratava de uma poção de cura. Sua hipótese se confirmou quando o arranhão em seu braço se curou deixando apenas uma leve cicatriz. O diabrete voou na direção da paladina que também correu escadas acima.
- Fararëyn teve tempo de seguir com calma pelo corredor e chegou até uma sala quadrada com duas possíveis continuações, uma larga passagem à esquerda e um pequeno corredor estreito e escuro, onde mal passaria uma pessoa. O primeiro caminho parecia óbvio demais, sendo assim, o monge decidiu explorar o corredor.
- Constatou que no final havia uma porta emperrada e pensou em forçar sua passagem, mas mudou de ideia quando ouviu um barulho parecido com o guincho de um rato ou de vários deles. Além de que, o teto parecia instável, o local era velho e poderia desabar a qualquer momento, provavelmente era melhor não abrir a porta.
- Ele voltou à antessala anterior e viu os três demônios chegando. Rapidamente o homem retirou um dardo do bolso e lançou em direção ao diabrete. O dardo bateu na parede ao lado do monstro e Fararëyn fez um gesto com as mãos como se tentasse dizer que tentou enquanto o ladrão corria para se esconder atrás dele.
- -Você sabe o que é esse treco? – Perguntou Aswad olhando por cima do ombro do monge
- -Eu não! Nunca vi isso na minha vida. – Respondeu enquanto tentava deixar de servir de escudo humano para o tiefling.
- Kalö parou de correr e se virou para a criatura que voava raivosamente em sua direção, seus olhos brilharam enquanto ela proferiu o comando “Desista” em demoníaco, fazendo com que o demônio ficasse estático na posição em que se encontrava. Ela suspirou, a magia havia funcionado, mas talvez não tivesse energia para usá-la mais uma vez.
- O diabrete, sem conseguir se mexer, era uma presa fácil. Fararëyn foi andando até o demônio e fincou uma adaga em sua barriga. A criatura guinchou e olhou com ódio para ele, mas permaneceu parada no ar onde estava. Em seguida, antes mesmo de o homem retirar a arma, o tiefling usou sua espada curta para cortar fora a cabeça do diabrete. Só então. Ele caiu no chão, morto.
- O ladrão olhou para os outros dois e deu de ombros, em seguida correu pelo caminho amplo à esquerda sem pensar muito nas consequências. Fararëyn e Kalö ainda não prezavam pela companhia um do outro, minutos atrás ele havia paralisado a tiefling com um dardo e ela tentado acertar uma flecha em sua cabeça. Entretanto, a imprudência de Aswad ao sair correndo na frente não dava muito tempo para que eles resolvessem suas diferenças, assim sendo, ambos entraram em um acordo silencioso e seguiram o tiefling.
- Chegaram a uma sala grande e que, em contraste com o resto da masmorra, era bem iluminada, Havia uma larga mesa de pedra presa à parede e de costas para o grupo um vulto encapuzado escrevia como um louco em folhas espalhadas sobre a superfície de pedra.
- Aswad retirou a rapieira que trazia escondida na cintura e se aproximou furtivamente, quando encostou a ponta da lâmina nas costas do vulto, ele pulou assustado por mais de cinco metros até um dos cantos da sala. Olhando ofegante para o grupo estava um tipo de humanoide com rosto de corvo. Nem o ladrão nem a paladina haviam visto ou ouvido falar daquele ser, o monge por outro lado, sabia do que se tratava.
- -É um Kenku, eles são criaturas traiçoeiras que podem imitar a voz de outros seres.
- -Então ele entende o que a gente fala? – Perguntou o ladrão.
- -Ele só repete o que escuta. – Respondeu Kalö, olhando para Fararëyn como se quisesse confirmar sua suposição – Eu acho...
- Aswad estava mais interessado nos papéis do que na criatura. – Você! Puxa o arco e flecha – Disse ele apontando para a tiefling. –Pera aí, qual o nome de vocês?
- Kalö respondeu seu nome e Fararëyn disse apenas que o tiefling não precisava saber qual era o nome dele. O monge e o ladrão se encararam por alguns instantes parando apenas quando Aswad continuou:
- -Então, Kala, puxa o...
- -Kalö. – interrompeu ela com raiva pelo erro.
- -Tanto faz, puxa o arco e flecha e ponta pra ele. – ele fez um gesto da direção do Kenku que permanecia assustado no canto.
- Kalö levantou uma das sobrancelhas, encarou o tiefling e apontou o arco e flecha na direção da criatura. Enquanto isso, o ladrão foi checar os papéis, mas não conseguiu reconhecer o conteúdo, foi interrompido pelo Kenku que avançou atacando com uma pequena espada.
- Fararëyn lançou um dardo acertando em cheio no pescoço do monstro, o efeito foi imediato e ele caiu no chão, paralisado, fazendo um baque surdo. Kalö observou um pouco aliviada por não ter sido ela nessa situação de novo.
- -Não tô entendendo nada do que tá escrito aqui! – Gritou Aswad.
- -Me dá isso! – Disse a tiefling tirando os papéis das mãos dele, infelizmente, ela também não fazia ideia do que estava anotado ali.
- Fararëyn olhou os documentos tentando lembrar onde havia visto aquela língua antes, provavelmente havia sido no monastério, mas ele nunca prestou atenção suficiente nas aulas, com certeza não se lembraria naquele momento. Entretanto conseguiu perceber que a criatura estava copiando algo, varias folhas tinham o conteúdo igual, haviam muitas em branco também e uma delas estava preenchida apenas até a metade. Ele pegou algumas das cópias e guardou no bolso, checaria em um momento mais oportuno. Aswad cortou um pedaço da corda que havia trazido consigo e amarrou o Kenku, apesar de ter feito um nó frouxo sem querer. Por fim ele checou os bolsos do monstro atrás de algum possível item, mas tudo o que encontrou foi um olho de vidro, guardou-o no bolso e eles seguiram pela única saída do aposento, um corredor que terminava em uma bifurcação.
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