A Canção de Halav
Essa canção conta a história dos primeiros anos do povo traldário. Originalmente contada pelos sacerdotes das vilas e bardos errantes, ela pode ser considerada a narrativa oficial daquele povo. Filósofos thyatianos perceberam que a lenda só foi escrita 1400 anos após o acontecimento dos eventos que nela são descritos, e que a canção tem elementos tradicionais sobre o descobrimento do bronze, por civilizações primitivas, e de armas avançadas "enviadas pelos Imortais". Assim, tais filósofos duvidam de sua autenticidade, e são ignorados pelos traladaranos mais tradicionais.
A canção original era composta no estilo traladarano, contendo oito linhas em cadência constante, com a quarta e a oitava rimando. A seguir, uma tradução livre em thyatiano:
"No início de tudo, os Imortais criaram o mundo a parrir de uma turva e caótica massa, e, depois, criaram os animais e o homem, permitindo, por muitos anos, que ele vivesse na ignorância e no contentamento. Em tempos antigos, essa terra era a floresta que servia de lar para os traldários, homens e mulheres favorecidos pelos Imortais, pois a eles era permitido viver entre tanta beleza. Os Imortais deixavam que os traldários vivessem suas vidas de maneira simples e fel iz. Pescavam, caçavam e passavam a maior parte do tempo divertindo-se e fazendo oferendas a eles.
Mas os Imortais sabiam que a felicidade dos traldários estava por terminar. Das terras onde o sol se põe (a oeste), uma perversa raça de homens-fera preparava uma invasão contra as terras do leste para conseguir equipamentos de guerra, prisioneiros e terras menos inóspitas para viver. Essas criaturas cruéis também tinham seus próprios guardiões Imortais, como os antigos defensores dos traldários. Então, uma baralha entre humanos e homens-fera determinaria o destino das duas raças.
Os Imortais foram à Lavv, uma vila traldária, arregimentar jovens inteligentes que pudessem revelar segredos para serem usados contra os homens-fera.
Eles visitaram Halav Cabelos Vermelhos, - o homem que fazia facas de pedra - , e ensinaram-lhe a forjar armas e armaduras de bronze, bem como manusear espadas e elaborar estratégias de guerra.
Foram até Petra, a oleira, e ensinaram-lhe a arte dos arcos, a fabricação de remédios, o uso da roda de olaria, do tear e como tecer o linho.
Também encontraram Zirchev, um caçador, e o instruíram a domar, montar, lutar no lombo de um cavalo, treinar cães para a proteção, andar silenciosamente como um gato, nadar tanto quanto um peixe e enxergar como um falcão.
Halav, Petra e Zirchev contaram ao seu povo sobre os planos dos homens-fera. O rei de Lavv riu e tentou livrar-se dos três. Halav, usando a espada de bronze que lhe foi presenteada pelos Imortais, matou o rei e assumiu a coroa.
Os anos que se passaram, o Rei Halav, a Rainha Petra e o caçador Zirchev ensinaram seus segredos ao povo de Lavv e conquistaram todas as vilas em território traldário. Vilas transformaram-se em poderosas cidades e Halav ficou conhecido por sua justiça e sabedoria.
Eventualmente, os homens-fera atacavam, vindos do oeste. Os traldários, em suas exuberantes armaduras de bronze, enfrentavam os invasores. A irresistível força dos homens-fera foi de encontro à imbatível muralha dos traldários e a guerra continuou, como se não tivesse fim. Ambos os lados perderam muitos guerreiros; cada traldário matava dúzias de homens-fera antes de ser morto.
Por fim, o Rei Halav conseguiu encontrar o rei dos homens-fera, sozinho no topo de um morro. A criatura tinha o dobro do tamanho de um humano, com a cabeça de lobo e o corpo todo peludo: um combate realmente desigual. O rei dos monstros usou um grande machado para enfrentar a espada de Halav. A última batalha entre um humano e um homem-fera durou do nascer ao pôr-do-sol. Os dois reis ficaram tão cansados que mal conseguiram manusear suas armas, mas cada um estava convencido de sua invencibilidade e de que o outro cairia.
Ambos provaram estar certos: o Rei Halav e o rei dos homens-fera morreram um pela arma do outro - os exércitos entreolharam-se - , os homens-fera estavam temerosos e os traldários decididos a levantar suas armas para impedir que os inimigos avançassem.
Os homens-fera fugiram daquelas terras e a Rainha Petra e Zirchev trouxeram o corpo de Halav de volta para Lavv, onde a tristeza reinou. Porém, durante o ritual de cremação do corpo de Halav, os Imortais visitaram o lugar e levaram o espírito de Halav, Petra e Zirchev com eles".
Na Arte
Duas peças de arte são conhecidas: A Canção de Halav - Traladarana e A Canção de Halav - Neokarameikana.
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