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Vargh

High Elf, Shar's Disciple, One-handed combat lover.

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The breaking of a stone by a spider

Nada parecia real depois de tantas sensações em tão pouco tempo.   Para o monge, sempre mantendo sua postura reta e buscando um auto controle que parece inalcançável como o véu de Shar...   Ele não entendia exatamente o que destruíram, o destino definido pela moeda talvez não fizesse mais tanto sentido, afinal eles cumpriram todos os objetivos propostos: pelo dragão, Capitã Errde, o stonespeaker Hgraam e até o derro, muito mal encarado, Droki.   De alguma forma, como uma aranha tecendo sua teia, um ponto central ajudou a sustentar toda a mirabolante ideia proposta pelo goblin... e tudo funcionou, todos saíram ilesos e, melhor, recebendo recompensas por tudo que fizeram.   Apenas o ovo de dragão, o querido "Dollar", que não se safou dessa.   No fundo, Vargh queria deixar de lado esse pensamento e raciocínio. Assim como o jovem elfo, o ovo não parecia ter pais e nunca receberia o carinho de uma mãe.   Diferentemente do ovo, Vargh tinha o que precisava: Shar.   A noite veio e a escuridão envolveu a meditação e o transe foi muito forte, Ela estava satisfeita com ele, as sombras lançadas em seu caminho eram claras.   Shar entendera, é lógico. Quando o monge ficara a sós com o dragão, sua despedida foi enigmática e evasiva: ele não queria um confronto real com um monstro gigante e poderoso, apesar de gorducho.   Vargh disse o seu adeus comuma mensagem quase enigmática, entendendo que o dragão poderia ser inteligente o suficiente para absorver a intenção real:   *"Que Shar ilumine seu caminho!" - Vargh*   Uma piada... Shar iluminando algo seria apenas para ensinar a um ser de fogo como é a sensação de se queimar. As sombras são o prêmio e devem ser guardadas aos servos fiéis como ele... por enquanto.   E uma recompensa chegara: a Shadow Weaver a entregaria, ele seria capaz de ajudar ativamente a tecer as teias que permitiriam que a luz fosse bloqueada. Leves, porém firmes o suficiente para sustentar sua jornada. Envolvido pela teia dos cabelos de Shar, Vargh realmente adormeceu.   ---   A noite se foi, mas Vargh acordou cedo, descansado. Aproveitou o tempo de descanso dos outros para se dedicar à Shar, agradecer mais um presente e entender mais do Cristal compartilhado pelos Stonespeakers.   Quando todos acordaram, apenas flashes passavam aos olhos do elfo. Ele ainda pensava nos cabelos de Shar envoltos, abraçando seu corpo.   Droki, um barão, uma pequena viagem se escondendo, um bar, um ser pomposo e estranho oferecendo uma sonhada passagem para a superfície e barcos.   Vargh acorda e se vê falando: - Temos um barco, podemos seguí-lo.   Ele acordava de um quase transe, tentara ajudar, mas não pareceu muito bom. Gala reprovara a idéia e o mago, como sempre, aparecera para tentar dar sua opinião também.   Vargh olhava para ele e uma nova sugestão aparecia em sua mente:   > *"Teste suas novas teias. O presente pode prendê-lo, assim como ele fez com você naquele dia."*   Abanando a cabeça e tentando afastar esses pensamentos, Vargh se senta e passa a acariciar a Shadow Weaver. Tanto esforço e suor para recuperá-la... e ver a anã ruiva todos os dias o faz lembrar de um velho conhecido que ainda faz falta ao monge. Apesar de obnoxious (não queria escrever chato, era mais pra enjoado), Gungnir era um amigo fiel e Vargh reconhece a lealdade sempre.   Novamente, ele é retirado de um transe, dessa vez com Huragash e Jimjar comentando sobre a entrada de um outro conhecido no bar: Gorlak, o corrupto guarda que, para Vargh, causara a discórdia entre ele e Lanre, levando-o a ser preso.   > *"No fim, tudo deu certo."*   > *"Mas ele deve pagar. É arrogante, corrupto. Errde mesmo desconfia de infiltrados na Guarda Rochosa e disse que Gorlak não era flor que se cheire"*   Vargh se sente quase como se impelido pelas vozes dentro de sua cabeça e novamente é despertado por Gorlak, que conversa amigavelmente com o barão.   Enquanto as vozes disputam no fundo de sua mente, a capitã, imponente, entra com um semblante visivelmente preocupado.   Gorlak fora buscar problemas, as ordens eram de patrulhar outra região de Gracklstugh, mas ele entendera que não deveria estar exatamente por aqui e viera causar um pouco do caos que apenas os corruptos têm prazer em criar, sem um fim claro.   O desprezo crescia dentro de Vargh, até que as sombras o envolveram através de uma voz animada:   - Vargh, essa é nossa chance. Vamos emboscar esse filho da mãe.   Quase nunca, a voz do pequeno verdinho soou tão bem em seus ouvidos. Ahman estava sorrindo e animado, Vargh apenas concordou, voltando a encarar Gorlak fixamente e já imaginando o que faria com o pequeno Duergar, como seus ossos quebrariam de dor e ele seria, também, iluminado.   Com o carisma que só o goblin possui, todos se direcionaram rapidamente para fora do bar, se despedindo apressadamente após marcar um encontro com o barão para que possam deixar Gracklstugh no dia seguinte.   Ao chegar do lado de fora, o elfo já começa a se posicionar próximo de um beco, com visão para a saída do bar e já torcendo para que Gorlak saia como entrou, sozinho e confiante.   Mais uma vez, sempre ele, o mago Lanre começa com frescuras e passa a questionar o motivo de ficarem por ali, desconfiando do que poderia acontecer.   Ahman abre o jogo e, inevitavelmente, o mago declara que não irá apoiá-los:   > "As teias, mostre a ele. Você também poderia prendê-lo, nem que por um segundo."   Vargh hesita por um segundo, ele vê a reação negativa de Huragash e sabe que deveria ouvi-lo, mas a Shadow Weaver estremece em suas mãos quando Ahman pergunta:   - Vargh, como fazemos fazer sem o mago para prendê-lo?   Todos estão olhando para ele, uma sensação desagradável. Mas o tremor da Shadow Weaver é o suficiente: Ela está do seu lado. A sorte irá sorrir para eles dessa vez, com certeza. É melhor que o mago não esteja aqui para segurá-lo, ele não é confiável.   > "As teias... Experimente o seu novo presente, sinta o poder e demonstre a eles."   Tirando os olhos da saída, o monge fala:   - Não precisamos dele. Eu consigo prender Gorlak.   E, num movimento rápido, a Shadow Weaver se levanta apontando para o mago e o poder é conjurado diante de seus olhos: teias, muitos fios de teias, disparam da ponta da maça em direção ao surpreso meio-elfo e começam a prender seus membros.   Por um doce segundo, Vargh sente o início de sua vingança se concretizando, só falta Gorlak. Mas as coisas desandam e as teias permanecem saindo, prendendo a todos. Em apenas alguns milésimos de segundo, o pobre monge, sem ciência do real poder que tinha, criou um cubo de teias e agora se encontra olhando desconcertado.   Rapidamente, ele se movimenta para ajudar a libertar seus amigos, golpeando e forçando os fios do tecido, sem pensar duas vezes.   Lanre se liberta e, estressado, começa a se distanciar. Huragash e Gala o seguem, aparentemente chateados com mais uma bagunça e em meio a novos pedidos de desculpas proferidos por Vargh.   > "Aprenda e controle seu poder, ele será útil. Ele foi útil, o mago viu que não é o único capaz de pegar alguém desprevenido."   Ahman e Jimjar ficam com ele.   Os três serão o bastante e a confiança transborda do elfo quando Ahman pergunta:   - Quais são nossas reais chances de conseguir, apenas os três, acabar com o Gorlak?   O monge, sorrindo com o canto de boca e girando a Shadow Weaver como um bastão entre em sua mão afirma:   - 100% de chance. A sorte está do nosso lado!   Os olhos de Jimjar brilham:   - 100%?! Aposto 5 moedas de ouro que o guarda vai cair em 12 segundos! - afirma, quase automaticamente   - Eu aceito essa aposta! Ele cai em 10 segundos apenas - responde Ahman, sorrindo   - Fechado e anotado! Somos nós três, eu confio de olhos fechados... quase isso - o gnomo responde apontando para a própria cabeça   E, com o sorriso do goblin e apostas do simpático gnomo, eles iniciam a espera.   ---   Após alguns minutos, que parecem anos, Ahman estremece ao seu lado e um cheiro novo toma conta do ar.   Antes que entendam o que está acontecendo, a capitã Errde se materializa, as mãos dentro das roupas do goblin e uma conversa desconfortável para Jimjar e Vargh acontece:   - Essa não é uma boa idéia. Vocês são procurados e não deveriam estar espreitando o bar nesse momento - pergunta a capitã   - Não vamos demorar muito, prometo. Estamos apenas... apenas cuidando de um assunto importante antes de nos retirarmos. - o goblin responde com um sorriso largo, olhando firme para a capitã   - Eu imagino o que desejam fazer. não é muito difícil, não é? Vocês não tem juízo, minha reputação está em jogo também.   - Calma! Eu sempre posso fazer as coisas mais fáceis para você, minha querida. Pode confiar na minha palavra, seremos rápidos e cuidaremos completamente. Você sabe como eu cumpro o que falo, não é? - Ahman ainda dá uma piscadinha para a capitã, que sorri com o canto da boca, mas consegue se recompor rapidamente   Ela endireita o corpo, pensa um pouco e se inclina mais para perto do goblin, falando baixo:   - Vamos sair daqui. Podemos passar uma última noite juntos...   Enquanto o rosto da capitã está encoberto, Ahman está em foco para Vargh, que vê seus olhos arregalarem de surpresa com a proposta.   Por uma fração de segundo, é visível que ele deseja ardentemente aceitar a proposta.   Uma olhada rápida daqueles grandes olhos, passando rapidamente pelo gnomo e depois pelo elfo, intrusos em meio àquela conversa íntima, parece fazê-lo mudar de idéia. Assim como a capitã, o goblin pausa por alguns segundos, as engrenagens da sua mente afiada quase gritando para encontrar uma solução e, com um novo sorriso cheio de dentes, sua voz ressoa macia:   - Eu te encontro em alguns segundos. Não posso deixá-los agora, o Vargh disse que temos 100% de chance, é certeza absoluta que vamos conseguir   Ahman faz sua melhor cara de cachorro sem dono e volta para o sorriso confiante, galanteador.   A capitã o olha, desconfiada. Seus olhos se espremem, mas um suspiro pesado sai de seus lábios.   Ela solta o goblin e, virando as costas para a trupe de quasi-deuses, responde:   - Quem sabe, um dia, voltemos a nos encontrar. Que seu caminho seja firme como uma rocha, Ahman, meu príncipe. Não foi a nossa hora.   Enquanto ela se afasta, Ahman ainda fala em sua direção:   - Me dê menos de um minuto. Estarei com você, minha querida.   Mesmo sem resposta, o goblin olha confiante para seus amigos. E a atenção de todos se volta para o bar: a espera está acabando.   ---   Nessa hora, Gorlak deixa o bar vagarosamente. Como sempre, ele anda confiante e arrogante, Vargh sente.   A escuridão do Underdark o aloja em um canto do beco escuro em que se encontram.   Ahman ao seu lado, Jimjar do outro lado.   Com um pequeno movimento de excitação, Ahman deixa escapar sua posição e o guarda, ainda sem perder a pose, exclama:   - Saia daí, seu pivete! Quer uma balinha? Venha aqui!   O goblin acalma Vargh com um movimento de mão e sai do beco, ainda se mantendo nas sombras e deixando apenas uma silhueta visível para Gorlak.   *- Venha até aqui, lindo. Eu quero você!*   A voz de Ahman soa esganiçada, como se ele tivesse tentado imitar uma voz feminina, mas sua garganta seca de ansiedade (e talvez arrependimento por ter recusado a proposta tentadora de Errde, que já se encontra a 2-3 minutos de distância).   O rosto de Gorlak se contorce, sem entender muito bem o que ouviu e estranhando a voz:   - Cale a boca e venha aqui, seu pivete! Quer que eu lance algo em você, é?   É nesse momento que Jimjar levanta sua besta e acena com a cabeça para Vargh. Ahman, quase que simultaneamente, também olha para trás e faz um sinal positivo: é hora de agir!   O goblin corre na direção oposta do duergar, chamando-o para a armadilha criada, eles o flanquaearão.   Quando o guarda se move para uma posição mais aberta e já dentro do beco, a Shadow Weaver se levanta quase que automaticamente de suas mãos e as teias começam a jorrar de sua ponta novamente.   Com um rápido movimento, o safado consegue se impelir para frente, entrando ainda mais no campo de visão de Jimjar, mas escapando por alguns pés do pequeno ninho de teias criado.   > "Calma, meu escolhido. Elas serão úteis ainda. Confie na escuridão, estou com você e seus fiéis amigos."   Jimjar levanta a besta em suas mãos e dispara, mesmo desequilibrado, Gorlak desvia com um jogo de corpo e parte na direção do goblin, sedento.   Enquanto ele se aproxima, seu tamanho começa a aumentar e, deixando de ser um pequeno anão escuro, ele passa a um ser do tamanho do elfo, mas forte e armado até os dentes. As mãos rápidas para um ser aparentemente tão pesado, arremessam a longa lança que carrega em suas mãos, a mesma que usara para ameaçar Vargh, mas agora na direção do pequeno verdinho.   Vargh estava certo de que o pequeno seria atingido, mas quase que por milagre, a lança parece atravessá-lo, tirando um fino e ressoando em suas roupas, enquanto uma aura vermelha toma o corpo de Ahman.   O duergar olha, incrédulo e confuso, enquanto o corpo do Goblin começa a se desprender do chão, como se a gravidade não existisse apenas para ele.   Com um misto de alegria e determinação no olhar, Ahman se impele na parede ao lado em direção a Gorlak, alcançando sua armadura brilhante com as mãos e agarrando-o firmemente. Um barulho de corrente elétrica alto sai do contato entre Ahman e Gorlak, o Duergar treme e dá um passo para trás.   Ainda levitando, Ahman estica os braços e agarra novamente o duergar, já assustado com a reação.   Imediatamente, a profecia de Shar se realiza: as luzes alcançam os olhos de Vargh, que boquiaberto vê Ahman atear fogo em Gorlak, armado e muito maior do que sua forma comum.   Jimjar, também boquiaberto, exclama:   - Caralho, ele é quase um deus mesmo!   Sem tempo para pensar, Vargh sai de seu canto no beco e corre em direção a Ahman e a tocha viva que queima ao seu lado.   > "Mostre a escuridão a ele, a luz já penetrou sua alma e agora você deve levar minha palavra, a nossa palavra."   Vargh levanta a Shadow Weaver e a desce com toda a força. O golpe acerta em cheio e um arrepio estremece pelo corpo do monge, ele sabe que, agora, o duergar não irá mais reagir. Novamente, a Shadow Weaver sobe e desce, acertando seu alvo com força e espirrando sangue aos lados, acertando as brancas e finas teias que são iluminadas pelo fogo, enquanto o duergar cai de costas no chão, sem forças.   Gorlak grita, cozinhando dentro da armadura, e apenas os golpes parecem trazer o silêncio tão acolhedor que pertence à escuridão de volta aos ouvidos de todos.   Vargh olha, satisfeito. Ele sofre, merecidamente.   Levantando um pé, pisa no joelho inchado do duergar agigantado, passando por entre as dobras da armadura e sentindo o osso triturar sob seus pés. Novamente, os gritos param com um soluço seco enquanto a dor sai como uma energia do corpo do monge e atravessa Gorlak.   Usando o peso de seu corpo, Vargh lança o pé para trás e chuta entre as pernas da armadura, torcendo para não quebrar o pé.   A força é tanta que o duergar se arrasta por 15 pés e é arremessado em meio às teias.   A bola de fogo armada e engrandecida, agora queima mais com as teias pegando fogo em sua volta e aumentando o calor emanado.   Jimjar, rápido no gatilho, tenta acertar o corpo caído e erra, por centímetros.   Ahman olha para Vargh, ao seu lado, e com um sorriso contido, dá um tapinha onde sua mão alcança, pouco acima da lombar do monge:   - Ele é seu, meu amigo.   Tocado pelo goblin, Vargh sente mais uma energia percorrer seu corpo, assim como ele sente quando a Shadow Weaver confirma suas idéias.   Ele anda para o lado do corpo caído, agora com pequenos focos de incêndio nas teias restantes, que se desmancham rapidamente.   A insígnia da Guarda Rochosa brilha em meio às lambidas da chama e lembram Vargh do primeiro encontro no bar.   O elfo se inclina, quase lentamente, alcança com agilidade a pequena medalha e a levanta em frente aos olhos de Gorlak:   - Mande um abraço meu à Guarda Rochosa.   Fechando o punho em torno da insígnia, Vargh desce a mão com toda sua força e treinamento na boca aberta de Gorlak. O punho passa pelos dentes como se fossem gelatina e alcança o início de sua garganta, com um som abafado de engasgo, o suspiro final é dado.   Vargh deixa a insígnia, enquanto tira sua mão do duergar.   Ele olha, com um sorriso sádico, para Ahman e Jimjar: ele gostaria de abraçá-los nesse momento, mas se limita a dizer:   - 100% de certeza. A sorte está com a gente nessa "noite".   Ahman sorri e parte para pilhar o corpo desfalecido, já discutindo com Jimjar sobre a aposta:   - Eu contei 10 segundos, hein? - diz o verdinho   - Nada disso, eu contei ao menos 18 segundos e apostei que eram 12 contra seus 10. Por aproximação, eu ganho, hein? - responde o gnomo   Ahman lança algumas moedas pilhadas do corpo na direção do apostador oficial da trupe e exclama:   - Temos que correr! Nossa, a Errde... - ele diz, batendo uma mão na testa   > "Talvez, ainda dê tempo. Quem sabe, a sorte sorri para vocês ainda. Seja fiel a quem lhe é, meu escolhido."   Vargh se sente energizado ainda, a eletricidade das mãos do goblin ainda percorrem seu corpo e, num ímpeto rápido, ele levanta o amigo do chão, o pegando no colo e passa por Jimjar, indicando que suba em suas costas.   Ahman entende o seu objetivo e, por meios que Vargh não compreende, a eletricidade é desligada. Ainda assim, anos de provação como monge deixaram sua marca, ele ainda é rápido e pode alcançar Errde. Ahman merece essa noite.   Mais uma vez, o sorriso do pequeno aparece.   Ele olha nos olhos de Vargh, quase que tristre.   - Talvez não valha a pena, precisamos encontrar o restante do grupo. Não tenho mais muita chance.   Vargh, levantando Jimjar e forçando um sorriso de volta, tenta encorajá-lo:   - Eu tenho 100% de certeza que consigo chegar até ela por você, meu amigo.   Os olhos de Ahman brilham:   - 100%???   Infelizmente, um apito soa no ar. Alguém percebera o cenário.   O brilho some do rosto do pequeno verdinho.   Vargh lê a decepção nos olhos dele e Jimjar fala alto:   - Vai ou não vai? Se for para empacar, me deixa no chão que não vou acordar na prisão não.   Com um semblante triste, Vargh desce Jimjar e Ahman para o chão.   O goblin se vira para o monge, olhando para cima já pensativo e com um leve movimento no canto dos lábios:   - Ao menos, teremos as boas lembranças da noite de ontem...   No fundo, como o calor que apenas as chamas de Themberchaud faz, o corpo de outrora Gorlak ainda aquecido e pegando fogo começa a se apagar. E, mesmo dentro de sua garganta, a insígnia da poderosa Guarda Rochosa se quebra ao meio, derretendo lentamente e se unindo à pasta duerganiana.

A sombra de uma mão
Vargh

Enquanto o grupo se reúne furtivamente no pequeno corredor, as sombras tomam o salão abaixo. Dentre o bruxulear da pouca luz, é possível se ver apenas as pedras e um pouco do brilho de uma água parada.   O monge pisca lentamente os olhos, mal acreditando que conseguiu seu objetivo: a Lightbringer está em suas mãos.   Ainda assim, como o mago Neeznar alegou: o poder da maça está preso, quase adormecido em algum lugar. E o caminho para despertá-la é limpando o salão abaixo das escadas íngremes ao seu lado.   Seguindo as estratégias definidas pelo grupo, Ahman e Vargh avançam, buscando a criatura enorme indicada por Neeznar e Nundro, antes avistada rapidamente por Huragash.   Vargh consegue seguir sorrateiramente pela parede, enquanto Ahman tenta avançar para o meio da sala, mas um barulho ecoa...   Uma respiração pesada enche o ar e, quase instantaneamente, as luzes parecem acender em todo o salão.   Pedras recobrem todos os lados. Um lago toma um dos cantos do salão e não parece ter profundidade ou levar perigo. Ao fim das águas, há uma espécie de pequeno altar com imagens goblins que não chamam muito a atenção do monge.   A respiração pesada vem de um enorme Dragonborn que, ao se virar, é reconhecido por ambos: Zor'Varuk, um companheiro de aventuras prévias que decidiu ficar pelas minas encontradas nas montanhas de Wyvern.   Vargh já sentira o poder do fogo, mesmo que então amigo, e conta com a água em volta para ganhar alguma vantagem num cenário extremo, mas o posicionamento de Ahman, também pego de surpresa, é desfavorável e a lealdade fala mais alto.   Em segundos, o restante do grupo se junta e o monge pode começar a respirar aliviado por imaginar que ele o goblin terão a ajuda imediata do anão e seu escudo.   No entanto, é claro para todos que Zor'Varuk está em um estado de decomposição e não parece se lembrar dos velhos amigos e conhecidos.   Vargh sente a Lightbringer quase tremer em suas mãos enquanto o coração bate cada vez mais rápido, perdendo o ritmo apenas ao perceber que Gungnir foge do plano traçado e não se dirige para proteger Ahman, correndo na direção da água e tentando chamar Zor'Varuk.   Em estado de quase morte, o dragonborn avança em direção ao Goblin e desfere um ataque brutal, derrubando-o.   Vargh corre, desesperado, e tenta ajudar no contra-ataque   O grupo consegue derrotar o velho companheiro, transformado por alguma magia em um ser horrível e quase sem vida.   O monge se dirige rapidamente ao pequeno goblin, que já provara seu valor e lealdade, e tenta ajudá-lo.   Enquanto todos mapeiam os próprios ferimentos e Ahman recebe mais cuidados, Vargh sente novamente uma grande vibração vinda da maça.   A Lightbringer parece ciente de que o dragão-zumbi que guardava o salão fora derrotado e Vargh percebe as águas se movimentando.   Se dirigindo em direção ao altar goblin, ele sente cada vez mais energia fluindo pela sua mão.   Ao se aproximar ainda mais, o altar começa a tremer e seus olhos parecem enganá-lo: o que era um pequeno altar pagão dos goblins se transforma, aos poucos, em uma visão bela e simples com traços do templo de onde o monge fora criado.   Saindo da água e subindo no altar, seu estômago começa a formigar e, quando ao centro do cenário uma imagem surge em meio à pedra, Vargh sente a energia se espalhar pelo seu corpo.   "É Ela: Shar está aqui!"   Vargh vê a imagem da deusa surgindo em meio às pedras, com toda a beleza e escuridão que apenas Ela poderia possuir.   E é nesse momento que a escuridão se expande e toma o mundo à sua volta.   O salão desaparece, a dor latejante em seu pulso, onde a mão fora decepada, some imediatamente.   E Vargh sente uma nova sensação: proteção.   A escuridão o envolve como um ventre materno. Seu coração bate no ritmo de uma gargalhada maníaca, uma gargalhada que nunca saíra das bocas do jovem elfo.   E onde havia medo, raiva e dor, só existe plenitude.   A escuridão que o abraça acalma o coração do monge e, aos poucos, ele sente o cheiro de damas da noite no ar.   Enquanto seus pulmões se enchem de prazer, uma voz suave e delicada como cabelos sedosos atinge sua mente:   *"Mais um grande evento se aproxima e o tecido da magia há de ser abalado.*   *Combates ferozes, poderosos inimigos de eras passadas e aliados do presente estão agora amarrados em seu destino.*   *Os lordes reclamarão seus tronos e você, Vargh, será o meu escolhido na luta entre as trevas e a luz.*   *Sob o céu da lua minguante, silenciosa como as aranhas, a escuridão fará mais uma de suas investidas.*   *Durma tranquilo pois esse será apenas o começo de sua próxima missão.*   *E a Shadow Weaver será sua mais nova companheira nesse caminho."*   Aos poucos, Vargh sente a escuridão diminuindo.   Como as teias de uma aranha se rasgando delicadamente, seu corpo volta a um estado de calmaria, mas a luz retorna a brilhar através de suas pálpebras.   Ele ouve murmúrios e gritos, mas nada importa.   Todos os sentidos do jovem elfo estão focados no que resta Dela. Passando por todo seu corpo, a escuridão se despede de cada centímetro de pele em direção aos seus braços.   O monge, ajoelhado e com o corpo estendido em direção à estátua à sua frente, começa a abrir as mãos, retomando a consciência...   E a escuridão se demora um pouco mais, concentrando-se em seu ferimento.   Sem acreditar, onde antes havia apenas a sensação de uma mão decepada, Vargh vê uma sombra. Shar lhe deixara mais do que ele merecia, um presente que ele nunca imaginaria: Ela lhe dera uma nova mão.   Flexionando os dedos e olhando para um punho escuro, Vargh sente a energia correndo por seu braço e escuta:   - O que foi isso?   O monge se vira e enxerga Gundreen, Huragash, Gungnir, Lanre e Ahman observando-o. Aparentemente, sua experiência com Shar fora notada pelo grupo de alguma forma.   Enquanto olha para todos, Vargh sente uma vontade profunda de sorrir, mas um barulho vindo da escadaria chama a atenção de todos. Neeznar e Nundro, ouvindo o barulho e, provavelmente através da magia, percebendo que o monstro que tanto temiam fora derrotado, estão descendo os degraus em direção ao salão.   Gundreen solta uma exclamação alta, alegre, e Vargh o acompanha enquanto ele corre para abraçar Nundro.   No entanto, ao se lançar em direção ao irmão, um som rápido ecoa e um barulho de ar sendo expelido rapidamente retumba nos ouvidos de todos.   Gundreen, com o corpo ainda obscurecendo Nundro, perde as forças nos joelhos e começa a escorregar em direção ao chão.   Ele mal balbucia algumas palavras, mas seu rosto surpreso começa a se congelar enquanto seus amigos entendem o que aconteceu.   Uma lámina é vista nas mãos de Nundro e a calmaria deixa o corpo de Vargh.   Todos começam a se movimentar, desorientados pelo acontecimento, enquanto Nundro e Neeznar se preparam para a investida do grupo.   Vargh sente a escuridão tomando seu corpo lentamente, empunhando a, agora, Shadow Weaver com cada vez mais força, a batalha se inicia.   O mago e o anão se defendem bem e aproveitam o despreparo dos outros.   Gungnir, Huragash e Ahman sofrem golpes pesados enquanto tiram sangue dos inimigos, mas caem ao chão.   Lanre e Vargh estão por um triz, mas a magia do meio elfo e a nova mão sombria do monge se provam suficientes para derrotar o mago.   E com um movimento quase desesperado, sentindo a força de Shar correndo por seu corpo, Vargh se movimenta verticalmente, correndo pela parede, e golpeia a cabeça do mago drow com a Shadow Weaver, que cai sobre os degraus e cria uma grande poça de sangue, gotejando enquanto segue seu caminho até o lago.   Lanre finaliza Nundro, obtendo a vingança por Gundreen.   Quando o corpo do anão desfalece, sua forma se altera em uma massa cinzenta estranha, assim como o drow que estava com os bugbears.   Sem tempo para pensar muito mais, os dois correm para salvar seus amigos e, ao perceber que todos estão bem e com doses do brandy distribuídas para que recobrem a consciência, as atenções se tornam para o corpo de Gundreen.   O anão já parece sem vida e, ao toque, seu corpo é frio.   Vargh se inclina sobre o corpo sem vida dele, aconchegado apressadamente em meio às pedras, mesmo com o cheiro forte da bebida que o beberrão saboreava com tanto gosto.   Enquanto todos lamentam o ocorrido e procuram entender o que acontecera, analisando a massa disforme que um dia fora Nundro para eles, a mão feita de sombras passa despercebidamente pelo rosto do elfo, limpando uma lágrima que não haveria de ser vista.   Vargh nunca tivera familiares ou amigos.   Sua criação na Ordem da Lua Cheia não permite mais do que a adoração à Shar e talvez fosse isso: ele fora punido por se afeiçoar ao grupo, mesmo que à sua maneira.   Gundreen não fora um amigo desde o primeiro contato, pelo contrário, sua língua solta criou mais barreiras em Vargh do que qualquer outro do grupo.   No entanto, o tempo e a camaradagem do soprador de dados perfuraram, aos poucos, as barreiras que criara.   Talvez fosse o momento onde, desconcertado, ofereceu uma luva ao monge.   Ou senão, foi a preocupação genuína que demonstrava por sua família e amigos.   Vargh se compadecera ao ver Gundreen encontrando o corpo de seu irmão e, de alguma forma, invejava aquela conexão que nunca tivera a oportunidade de ter.   Se lembrando da sensação de minutos atrás, o ventre de Shar que o abraçara com tanto conforto, Vargh não pôde deixar de imaginar que era assim que Gundreen se sentira ao encontrar Nundro vivo.   E nada poderia ser mais aterrador para o monge que a visão nos olhos do anão ao perceber que havía sido atacado por uma pessoa que amava tanto. As dúvidas que deveriam ter consumido seu coração enquanto caía ao chão, lentamente, imaginando o que havia acontecido.   Vargh imaginou, então, como seria se ele mesmo morresse duvidando de Shar e, por um segundo, o desespero o acometeu.   Onde antes existia calmaria, depois raiva, só havia tristeza agora.   Shar existia e olhava por ele. A mensagem era clara. Mas o destino de Gundreen era por demais cruel. A luz que reluziu em seus olhos, trazendo a dúvida durante a morte, não deveria brilhar nos olhos de ninguém.   E foi com essa certeza que o monge sentiu novamente a mão feita de sombras pesada demais para seu braço.   A Shadow Weaver volta a vibrar levemente e a mão sombria adquire um peso que Vargh não consegue ignorar, peso esse que ele sabe não ter sido causado devido ao esforço do combate.   Ele se volta para o altar de Shar, sombrio, porém perfeito aos seus olhos. E segurando mais uma lágrima, anda novamente em direção às águas.   O monge se ajoelha e dessa vez inicia uma oração sentindo o coração quebrado.   Coração que se sentira completo pela primeira vez na vida poucos minutos antes, agora sem esperanças.   Fechando os olhos, ele se concentra em sua nova mão, dessa vez relembrando a sensação que tivera ao acordar e ver que fora decepado.   E é pensando nisso que sua mente começa a se dirigir à Ela:   *"As sombras consomem a luz, não o contrário. Como Seu servo, não posso ser mais grato pela benevolência e escuridão lançadas sobre mim.*   *Atuo como Sua arma e ferramenta e ofereço todas as minhas capacidades e forças para cumprir as Suas missões.*   *Mas é graças aos que me rodeiam que fui capaz de alcançá-las e, mesmo que a luz ainda não tenha deixado seus corações completamente, por me ajudarem eles também são Suas armas e ferramentas.*   *É por isso que peço, humildemente, que a escuridão demonstre suas forças novamente.*   *Não me importa que os objetivos de todos tenham que ser alterados e o destino tome um novo rumo, a mina poderá ser deixada no esquecimento e o anão seguirá outro caminho.*   *Mesmo assim, ofereço o que tenho de mais valioso, um presente das próprias sombras, um remédio para a pior das minhas dores.*   *Nada irá mudar meu rumo e minha convicção, mas a Sua benevolência pode angariar ainda mais fervor e apoio. Ambos tão necessários para alcançar os objetivos impostos.*   *Obrigado, Minha Senhora.*   *Que as sombras estejam com Gundreen."* Sob as pálpebras cerradas com força, Vargh sente a luz se esvaindo rapidamente.   Todos novamente sentem a mesma vibração que ele sentira outrora.   Uma tosse seca ecoa pela caverna.   Enquanto o grupo se vira na direção de Gundreen, que acorda desnorteado, o monge aparece rapidamente ao seu lado, se curvando na direção do anão e estendendo a mão para que ele possa se levantar:   - Ainda não chegou sua hora, meu amigo.   Gundreen sorri e aceita o apoio do monge enquanto se levanta.   Os mais atentos, então, percebem: a mão sombria desaparecera, mas um sorriso genuíno e raro reluz no rosto de Vargh.

A história de Velkynvelve
A História do Underdark: "como um demônio quase destruiu uma sociedade sombria"

*Capítulo XXVIII*   "(...) mesmo após anos como um posto relevante no Underdark, Velkynvelve mantinha a reputação de abrigar a escória entre a guarda Drow.   Os mais cruéis e sujeitos a cometer atrocidades se dobravam de prazer com as centenas de escravos que passavam por suas prisões todos os anos.   Uma das últimas memórias escritas do posto tratam de uma leva de prisioneiros incomuns e movimentações estranhas que podem ter contribuído para a queda do regime estabelecido em Menzoberrazan (..)."   ***Memórias de Gulmyn Rhomdith (Gul)***   *Penúltima Parte*   Já é a terceira noite desde que os fugitivos retornaram às celas. Perdemos dois dos nossos, mas os magos novamente compareceram e evitaram que essas criaturas nojentas pudessem causar um maior estrago.   O comandante não está nada feliz nos últimos dias e estamos recebendo menos rações como retaliação aos acontecimentos. Podemos sorrir no entanto, afinal o gnomo mais escorregadio e o elfo sem uma mão parecem gostar de apanhar.   Torço para que possamos jogar aquele que chamam de Huragash para as aranhas, mas é melhor não criar mais problemas no curto prazo. Ainda mais depois que eles espancaram aquele orc idiota até a morte.   Tiramos o corpo dele sem vida e com uma flecha encravada na cabeça... Ninguém ainda explicou para o chefe como essa flecha foi parar dentro da cela.   Kron está furioso com o elfo, após ter sido chamado de covarde, e passamos as últimas tardes espancando-o com prazer.   O novo prisioneiro, um gnomo estranho e falante até demais, cozinha bem melhor do que último encarregado das refeições também.   O problema ainda é aguentar aquele meio-elfo estranho e preguiçoso ou o gnomo viciado. Eles falam demais e limpam de menos.   Para amanhã, eu e Kron planejamos atacar o goblin ou o peixe. Já vimos que o elfo se vê como um protetor de sua trupe. Da última vez, foi ele quem levou aquele ser verde nojento consigo e quase perdeu a vida por isso...   Veremos se ele também será um salvador amanhã, preso na cela com outros de uma raça superior.   E veremos do que os outros são feitos.

O Retorno
Vargh, filho de Shar

Voltamos à prisão de Velkynvelve.   Uma fuga atrapalhada e irresponsável que deixou o anão em seu caminho e me fez abandonar meus objetivos, deixando a Shadow Weaver para trás.   Acordamos novamente na prisão, com novas cicatrizes e um novo colega de cela: o gnomo estranho que parece ser capaz de absorver magia. Não confio nele ainda.   Ainda estão aqui o peixe gordo, que parece ser um sujeito decente, mas por demais passivo, e o orc que foi atacado pelo anão antes de sua derradeira morte.   O orc já não será mais um problema depois de ameaçar o goblin, que está catatônico desde que acordamos.   Jinjar continua um degenerado, apostando como um alucinado, já que não possui um tostão.   O mago parece não entender que sua língua funciona ainda menos do que suas ações e continua assistindo a tudo.   E Huragash continua rebelde e sem nos escutar.   Precisamos ser pacientes. Estamos no caminho certo.   Eu sei disso.   Eu sei porque Seu doce sussurro retornou e não foi embora.   Os pesadelos diminuíram e Shar tomou minha mente em Sua plenitude sombria e maravilhosa.   E sei que devo me sacrificar. Precisamos esperar a oportunidade certa para retomar a Shadow Weaver.   Além de proteger Ahman, preciso impedir que os drows torturem e levem Huragash à loucura. Consigo sentir a energia sombria vindo dos infiéis e sei que o gnomo sofreria excessivamente.   E é só graças a Ela que tenho forças para dividir os holofotes.   E é somente por meio Dela que todos os infiéis serão beijados pela morte.   O tempo sorri para Shar e ela sorri para mim.   Novamente, respiro levemente e tenho a mente limpa.   Não iremos desperdiçar uma segunda chance.   O retorno não será em vão.

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