Hannya era um bárbaro das tribos da floresta, até que em um evento de quase morte foi escolhido por Luna e exaltou como um Lunar. Em sua nova vida de exaltado, melhorou todas as suas habilidades, retornando para sua tribo cultuado como uma divindade.
- Date of Birth
- 748
- Gender
- Masculino
- Eyes
- Olhos arredondados, com uma cor vermelha alaranjada forte, indistinguíveis como olhos de coruja para aqueles que conseguem perceber seu Tell.
- Hair
- Prateado
- Skin Tone/Pigmentation
- Pele clara
- Height
- 1,90m | 2,80m |1,50m de envergadura
- Weight
- 80kg
A Vida Tribal
Distante da civilização, em territórios brutais e perigosos, Hannya é um bárbaro e exímio caçador de uma das Tribos da Floresta, os Estrelas Cadentes, no sudeste de Criação, próximo ao Reino de Harborhead. Sua tribo é semi nômade, possuindo um território fixo onde vive a maior parte dos mais velhos, shamans, crianças e inaptos de batalha.
Sempre que necessário, diversas vezes por ano, grupos de guerreiros e caçadores se organizam em diferentes atividades voltadas para a sobrevivência da tribo. Os aptos a batalhar e caçar são divididos em três grupos: guerreiros e caçadores que ficam junto do restante da tribo, para proteção; guerreiros que buscam comerciantes, viajantes, vilarejos e pequenas cidades para saquear; e caçadores em busca de plantas e animais para alimentação e outros recursos naturais da floresta. Todos sempre se revezam nas diferentes atividades.
Os Estrelas Cadentes repudiam o uso de escravos, e vêm certo valor nos inaptos. Por respeitarem a vida como um todo, os anciões e shamans acreditam que este tipo de bárbaros estão pagando por pecados ou covardias de vidas passadas, e que podem, nesta vida ou em outra, se redimir e voltarem a ser guerreiros honrados. Assim, eles ficam responsáveis por cuidar das crianças e tarefas mundanas não respeitadas, como plantio.
Para habilidades de combate, sobrevivência e histórias da tribo, as crianças aprendem com os honrados, os guerreiros, caçadores, anciões e shamans. Na verdade, poucas palavras são trocadas entre os “honrados” e “desonrados”, estes últimos tratados com uma leve negligência, como um cão vira lata que possui alguma serventia e precisa ser alimentado, mas não recebe carinho nem amor.
Por conta dessa criação conjunta, os membros da tribo nunca ligaram muito para laços familiares bem definidos. Todos os jovens devem respeitar os mais velhos, desde que tivessem sido honrados, considerando-os pais, tios e avós, respeitar e tratar os jovens de idade próxima como irmãos e primos, e os mais novos como seus sobrinhos ou filhos, cuidando deles até que pudessem provar ser honrados e fortes o suficiente para cuidar de si.
O Ritual da Ascensão
Como todos os outros jovens Estrelas Cadentes, Hannya treinou em artes de caça e guerra, habilidades com arco e flecha, onde ele se destacava, combate corpo a corpo com lâminas curtas como facas, adagas e espadas gancho, sempre com as duas mãos. Um bárbaro não pode se dar ao luxo de ter um lado dominante, caso machuque um braço, deve continuar lutando e caçando com o outro. As crianças aprendem a rastrear animais, se abrigar na floresta, identificar diferentes tipos e usos de planta, entre outra infinidade de habilidades de sobrevivência.
Todo jovem, ao completar catorze anos de idade, homem ou mulher, deve participar de um Ritual de passagem para a maturidade. Apesar de simples, o Ritual é muito difícil e responsável por reivindicar muitas vidas. O jovem é vendado e levado para muitas milhas de distância dos territórios da tribo a sudeste nas bordas da Criação, para florestas ainda mais perigosas, assoladas por Wyld e Fair Folk, com flora e fauna alteradas e perigosíssimas.
Depois de um mês de viagem os adultos retornam para a tribo, deixando os jovens sozinhos e isolados nas florestas, sem nenhum tipo de ferramenta, equipamento, armas e nem mesmo roupas, apenas com suas próprias habilidades e ensinamentos e milhas de distância entre cada um. Eles devem utilizar tudo que aprenderam até então, confeccionando pequenas ferramentas, armas e vestimentas, e encontrar o caminho de volta para a casa.
Junto de Hannya, outros seis jovens participaram do seu Ritual, e dentre os sete, cinco sobreviveram e retornaram para a tribo. Cada um que retorna é muito bem recebido e ovacionado por todos, um grande banquete é feito e os shamans se reúnem para dar um nome ao jovem, que finalmente se torna um adulto e passa a ser respeitado. Neste banquete, os jovens começam a aprender a se vangloriar de seus feitos, descrevendo tudo o que fizeram e passaram para sobreviver, e como encontraram o caminho para casa. Quanto mais cicatrizes e histórias de superação, melhor.
Os jovens aplicaram ensinamentos que receberam. Com grande talento para o uso de arco e flecha e emboscadas, Hannya sempre favoreceu a furtividade. Procurando os tipos de pedra que lhe ensinaram, as lapidou e fez pequenas ferramentas de corte, fabricou arco com pedaços de árvores e plantas, fez flechas com madeira e algumas poucas com ponta de pedra. Conforme caçava pequenos animais, melhorava seu arsenal com penas de aves, pele de lebres e coiotes.
Não demorou muito até que suas caças ficassem cada vez maiores e mais valiosas como hienas, antílopes, javalis e tigres e com cerca de um mês, Hannya já possuía um excelente arco e flecha, diferentes lanças para caça e pesca, adagas de pedra, vestimenta com pele de tigre, comia quase todos os dias, dormia confortavelmente em abrigos como cavernas e grandes árvores ocas, fazia fogueiras com facilidade. Sabia diferenciar as plantas e animais venenosos, usando as ervas corretas para curar pequenos ferimentos e escolher alucinógenos para aguentar um pouco mais de dor, cansaço ou frio e, se necessário, conseguia derrotar animais que o atacavam quando não conseguia se esconder. Conseguia manter seu rumo constante para noroeste usando as estrelas e Luna como guias.
Vento, chuva e frio as vezes são suficientes para tirar a vida de um jovem no Ritual, pois a falta de vestimentas e proteção resultam em doenças ou feridas que não conseguem curar. Os mais espertos, depois das ferramentas básicas, logo começam a remendar pele, couro e pelagem de animais em busca de proteção extra. Força bruta e habilidades de luta não são suficientes para sobreviver, sendo necessário esperteza.
Mesmo assim, as primeiras semanas costumam ser fáceis para grande parte dos jovens, e tudo o que Hannya já havia alcançado era o mesmo que a maioria conseguia, nada muito diferente do que já faziam acompanhados dos adultos. Alguns poucos prodígios conseguiam, neste tempo de um mês, retornar à tribo, e quem o fizesse recebia grande reconhecimento imediatamente, por ser o mesmo tempo de viagem da caravana de ida.
No entanto, o verdadeiro desafio não está em nenhuma destas atividades, pois todos aprendem isso desde muito pequenos. Cada dia em isolamento pode afetar o psicológico dos jovens, e mesmo que já tenham muitas das habilidades necessárias para sobreviver aos desafios, começam a sofrer os efeitos do isolamento e o risco de contato com Wyld, podendo alucinar até a loucura completa ou sofrer mutações para algo completamente diferente.
O Grande Teste
O perigo real está nas criaturas do Wyld, Fair Folk e outras figuras místicas da floresta, e este foi o verdadeiro teste para Hannya, a única semana de sua vida em que ele foi a caça, e não o caçador. Certo dia, sua percepção lhe avisava que algo não estava certo, e uma grande sensação de que estava sendo observado a todo instante o inquietava.
Por dias, Hannya não conseguiu dormir, pois toda a apreensão que sentida durante o dia era inúmeras vezes maior à noite, melhorando apenas em seu horário preferido, durante o crepúsculo. A falta de sono e o cansaço começaram a resultar em alucinações, e até mesmo medo. Mas Hannya precisava perseverar, sua honra e honestidade inquestionáveis o impulsionavam a se provar um grande guerreiro, o sonho que lhe dava a coragem para sobreviver essas condições desfavoráveis.
Mas era impossível não hesitar diante da ameaça por vir, e até mesmo os guerreiros mais honrados de sua tribo tremeriam diante do adversário que se mostrou para ele naquela sétima noite de angústia. A primeira vista, era um lobo de porte grande e aparência normal. Mas era uma criatura diferente pois, silenciosa, poderia ter se aproximado e tirado a vida de sua presa, sem perceber sua presença antes de ter seus caninos em sua jugular.
O Grande Lobo Branco andava lentamente na direção de Hannya, deixando-o perceber sua aproximação, saindo das sombras das árvores e cada vez mais iluminado pela luz da lua crescente. A cada passo, seu tamanho intimidador parecia aumentar, seus olhos vermelhos pareciam ser de puro sangue, seus dentes negros estava cobertos de uma saliva esverdeada, que ao escorrer de sua boca corroía tudo que tocava.
Hannya estava paralisado de medo, não havia como ser de outra forma, qualquer humano ficaria estático. Mesmo assim, ele mantinha a lucidez e seus pensamentos claros como a luz da lua. Ele encarou os olhos do grande lobo, e precisava mostrar que tinha a coragem de enfrenta-lo. Nos olhos vermelhos ele viu algo que conhecia, algo que ele já havia observado em seus mentores caçadores e que ele mesmo já havia sentido, o prazer e a certeza de que sua caça havia sido bem sucedida. Viu também maldade, a satisfação do cheiro de pânico, o orgulho da tortura psicológica que fez durante os últimos sete dias, ele viu inteligência... como se a criatura quase estivesse conversando com ele, se vangloriando de sua superioridade.
Se esse era o jogo da criatura, então ele não podia se render à sua inteligência, se não poderia derrota-lo com força ou furtividade, deveria ser mais perspicaz. Reuniu toda a coragem possível e começou a dar curtos passos lentos para trás, seguindo o crocitar de uma coruja no silencio total da noite, mantendo sua vista na criatura à frente.
O lobo sentiu a coragem de Hannya, e isso o enfureceu. Seus olhos vermelhos brilharam, sua boca espumava e mais ácido escorria destruindo o que tocava, liberando uma espessa fumaça. Seus movimentos antes lentos e calculados se tornaram mais bruscos, indicando um ataque iminente. O espaço entre os dois diminuía rapidamente até que Hannya saltou o mais forte e mais longe possível para trás, apenas milissegundos depois do bote arrematador.
Um alto estalo não foi o suficiente para tirar a concentração de Hannya, e ele observava que sua armadilha havia funcionado, com o grande lobo atolado entre duas enormes árvores que, ao avançar focado apenas em sua presa, não atentou para os arredores.
Mas Hannya não saiu ileso da armadilha, e as garras também negras da criatura o atingiram. Ele sabia que poucos milímetros daquelas lâminas haviam escoriado seu peito, mas foi suficiente para que os cortes fossem profundos e o sangue começasse a jorrar. Vendo o sangue de Hannya e sentindo a pressão dos troncos lhe prendendo, a fúria do Grande Lobo Branco só aumentava, e ele se debatia para os lados violentamente, sua saliva ácida jorrava para o alto e Hannya, enfraquecido pelo ferimento, percebia que os troncos não aguentariam mais do que alguns segundos, já começavam a rachar e descascar.
O jovem bárbaro, que estava com um dos joelhos no chão, instintivamente buscou o arco em uma de suas mãos e uma flecha na outra, encaixando-a na corda e puxando para trás. Esperou o momento certo em que o lobo deixou vulnerável seu peito e sua jugular, segurou a respiração e soltou um tiro certeiro na garganta do grande lobo, cuja única ação foi um uivo agudo penetrante e congelante, que se encerrou com a grande cascata de sangue negro.
Hannya se levantou rapidamente, sentindo tontura, e com sua pequena adaga esculpida em pedra, cortou um dos grandes caninos negros do lobo. Olhou para o alto das árvores que serviram de armadilha e viu a coruja que escutara antes, também branca e de olhos vermelhos, sentindo uma certa paz. Correu o mais rápido que suas pernas permitiam, pura adrenalina e força de vontade lhe davam a energia para buscar abrigo e sobreviver.
Para sua sorte, as garras daquele lobo não eram venenosas ou ácidas como suas presas, e apesar de ter sofrido ferimentos profundos de corte, seguido de febre por alguns dias, Hannya conseguiu se tratar com as ervas da floresta. Assim que melhorou ele confeccionou um colar com o canino do Grande Lobo Branco, seu primeiro troféu.
Seu ferimento, apesar de gerenciável, o atrasou bastante. Caçou menos, comeu menos e ficou um pouco mais fraco, mas continuou a perdurar no Ritual e em cerca de mais um mês ele finalmente encontrou o caminho de casa, sendo recebido com tanta festa quanto os três que chegaram antes dele e o último que chegaria algumas semanas depois.
Apesar de gostar dos momentos solitários de caça, geralmente no crepúsculo, Hannya aprecia muito as reuniões e banquetes com seus irmãos e irmãs. Seu carisma sempre foi abundante e natural, além de ser muito atraente e capaz de envolver as pessoas em suas conversas. Se gabou à todos sobre seus feitos, principalmente o Grande Lobo Branco. Mesmo tendo sido totalmente honesto sobre todos os detalhes, com o incomum canino negro e suas cicatrizes no peito como evidências, muitos acreditavam que a história havia sido exagerada, o que era uma prática comum e até esperada, não diminuindo em nada o respeito que Hannya acabara de ganhar, junto de seu nome.
A Vida de um Caçador
Cinco anos se passaram desde a noite derradeira contra o Grande Lobo Branco, e como muitos outros bárbaros, Hannya acreditava em sinais e presságios. Não podia deixar de acreditar que a coruja que viu e ouviu naquela noite o ajudou a elaborar a armadilha.
Em uma de suas caças, se deparou novamente com uma coruja branca e de olhos vermelhos, que o seguiu durante os dias seguintes e logo se tornou sua companheira. Hannya não sabia dizer se era a mesma coruja que o ajudou ou não, mas para ele o que importava é que a coruja, Hala, agora era sua companheira para todos os momentos, e tinha até a sensação de que ela o entendia melhor do que muitos humanos.
Apesar de não ser estimulada a especialização, Hannya ganhava mais e mais reconhecimento por suas habilidades de caça, e junto disso o prestígio. Certa vez, em um saque à uma caravana comerciante bem protegida, Hannya liderou um pequeno grupo de arqueiros e elaborou uma estratégia de ataque utilizando o terreno como vantagem, convencendo seus irmãos a evitar o confronto direto por meio da emboscada.
Pouquíssimas vidas bárbaras foram perdidas e assim que o capitão dos guarda-costas recebeu uma das flechas de Hannya em sua jugular, o restante dos guardas se rendeu, pedindo clemência. Hannya foi justo, e disse aos guardas que se fossem rápidos o suficiente, teriam sua clemência.
Depois de tomar seus equipamentos e saquear a caravana, mandou que todos fugissem correndo e deixou que os arqueiros tentassem acertá-los. Eles deixavam alguns vivos propositalmente, para que passassem a palavra de que ali havia guerreiros formidáveis, e possuíam um certo respeito por aqueles que conseguiam fugir por seus próprios méritos de velocidade, agilidade ou resistência. Os que morriam, eram fracos demais para estar em Criação.
Esta e outras caçadas, a humanos ou animais, fez com que Hannya se tornasse uma grande referência na tribo, recebendo prestígio e presentes, que ele fazia questão de compartilhar com seus irmãos e irmãs. Durante este tempo, a presença do Reino diminuiu consideravelmente nos territórios, e as tribos bárbaras escutavam que algum líder importante havia desaparecido muito longe dali, deixando mais e mais cidades a mercê do destino.
Os Estrelas Cadentes e outras tribos bárbaras prosperavam, mas passavam por dificuldades usuais como invernos rigorosos e conflitos eventuais entre tribos, perdiam moral quando algum saque não corria bem e muitos guerreiros morriam, mas de modo geral o saldo era positivo, em grande parte por conta da menor proteção das cidades.
Nesta situação, um novo shaman foi escolhido como sucessor do chefe espiritual da tribo, já muito idoso. Pouco depois dessa nomeação, o antigo shaman faleceu e seu sucessor, Fugara, tomou seu lugar. Rapidamente, Fugara começou a instigar na tribo ideias de que eles haviam deixado seus dias de glória para trás, estavam saqueando migalhas e que em breve seriam esquecidos, perdendo sua honra e seus territórios para tribos mais fortes.
Sempre que Hannya estava caçando ou responsável por ficar na tribo para proteção, Fugara instigava os saqueadores a deixar as táticas furtivas de lado, incentivando-os a ataques gloriosos e cheios de bravura, e assim muitos começaram a morrer. Fugara também era muito carismático e persuasivo, mas mais manipulativo do que Hannya, convencendo os Estrelas de que os mortos se foram de forma honrada e todos deveriam ficar orgulhosos, pois se juntariam aos seus antepassados e seriam bem recebidos.
Além de opinar nas táticas de batalha, Fugara também criava dezenas de novos tabus e oferendas, tornando a vida da tribo cada vez mais complicada, aumentando punições e causando o exato oposto daquilo que prometia. Mas sua manipulação era tão forte que a grande maioria acreditava em suas desculpas sobre presságios ou que não estavam seguindo corretamente os inúmeros tabus.
Passado um ano desde que Fugara se tornara o shaman e líder da tribo, Hannya via seus irmãos guerreiros morrerem e enfraquecerem, e acabou se afastando dos outros e ficando mais recluso, ofuscado pela manipulação de Fugara e receoso de se opor abertamente a um poderoso shaman respeitado.
A desconfiança de Hannya já era muito grande, mas quando crianças começaram a desaparecer dos acampamentos ele se entregou a inquietude que já vinha sentindo e sabia que precisava agir. Começou a seguir e prestar atenção em todos os movimentos de Fugara, que não percebia estar sendo observado.
Certa noite viu Fugara acompanhado de cinco de seus irmãos, alguns dos mais fortes da tribo. O shaman ficou de guarda na entrada de uma das tendas, enquanto os cinco bárbaras entraram e, logo em seguida, saíram cada um carregando um saco que se debatia. Pelo tamanho, só podiam ser crianças.
Perplexo, Hannya continuou escondido e os seguiu floresta adentro, rumo a um território sagrado dos Estrelas Cadentes. Ao chegarem lá, havia um altar arrumado sob a luz da lua com diversas velas e oferendas. Os bárbaros retiraram as crianças dos sacos e as prenderam no altar, todas choravam e tremiam de medo, sem entender o que estava acontecendo.
Fugara proferia palavras incompreensíveis e executava um ritual desconhecido para Hannya, que se aproximava lentamente, até que avistou uma pequena espada nas mãos do shaman. Neste momento Hannya saiu das sombras e correu para a clareira, surpreendendo Fugara e os bárbaros, que o olharam com expressão de dúvida.
Com olhar de súplica para seus companheiros, Hannya implorou que impedissem Fugara, eles não poderiam ser coniventes com um ritual de sacrifício, mas sua persuasão não foi mais forte que a de Fugara.
O shaman, irritado, acusou Hannya de invadir um local sagrado sem permissão, e ordenou que os guerreiros o executassem ali mesmo. Eles prontamente obedeceram as ordens de Fugara e partiram para cima de Hannya, que mal teve tempo de reagir resistindo alguns segundos e esquivando-se de muitos golpes, conseguiu até mesmo ferir seus oponentes antes que sua energia se esgotasse, afinal estava lutando com cinco dos melhores Estrelas Cadentes.
Um dos bárbaros conseguiu fincar sua espada curta nas costas de Hannya, enquanto outro cortou sua jugular no momento de dor e distração do primeiro golpe, levando o grande caçador a cair no chão com sua morte iminente.
Mesmo caído, seu instinto de sobrevivência, bravura e senso de justiça o impulsionavam a perseverar. Olhando para a lua, ele viu descer dos céus uma mulher vestida de forma tribal, com longos cabelos prateados e majestosas galhadas de corça. Luna lhe deu um sopro de vida e assim como uma mãe faria, suplicou para que ele resistisse.
Hannya fechou os olhos e achou que havia morrido, e por um segundo que pareceu uma eternidade ele ficou estático. Como se seus braços tivessem vontade própria, sua mão esquerda buscou o arco caído e a mão direita pegou um punhado de flechas, neste momento se agarrou ao sopro de vida e abriu os olhos.
Ainda caído, sem posição para atirar, Hannya mirou para o alto de qualquer forma e uma brilhante aura de luz prateada e azul escuro começou a envolve-lo, suas cicatrizes e seus olhos também começaram a brilhar, e como se essa luz controlasse seus braços ele carregava e atirava flechas em velocidade sobre-humana, fazendo uma chuva letal de flechas em seus oponentes, que caíram sem tempo de reagir.
Hannya se apoiou em seu arco e conseguiu levantar, a aura ao seu redor começava a se concentrar em seus ferimentos, que fecharam parcialmente. Com o brilho já reduzido mas ainda intimidador, Hannya posicionou uma única flecha no arco e a apontou para Fugara que, por poucos milímetros conseguiu se esquivar, ficando com um corte em seu rosto, levando-o a fugir o mais rápido que conseguiu.
O brilho azul de Hannya continuou a diminuir, e ele caiu de joelhos apoiando-se em seu arco, até que a aura tomou forma de coruja e pareceu deixar seu corpo voando para o alto, e Hannya caiu novamente no chão, ficando inconsciente.
O Caminho Prateado
Sem nenhuma noção de quanto tempo se passou, Hannya acordou confuso, e surpreso por estar vivo, pois lembrava muito bem do que acreditava terem sido os últimos momentos de sua vida. Ele se levantou e avaliou seus ferimentos, estavam todos tratados e com bandagens, ainda doloridos e tornando difícil seus movimentos, Hannya conseguia sentir a fraqueza pela perda de sangue e seus recentes ferimentos, e logo deduziu que não podia ter passado mais de um dia inteiro desacordado.
Com a fraqueza, começou a vir o instinto de sobrevivência, a vontade de se recuperar, a sede e a fome de quem esteve desacordado por muitas horas. Seus sentidos estavam diferentes, mais aguçados, começou a escutar os sons da floresta e enxergar melhor do que antes, mas não reconhecia a flora ao seu redor, estava em uma floresta desconhecida.
Ainda fraquejando, escutou o crocitar de Hala, inconfundível com o de qualquer outra ave, seu olhar inocente e preocupado com seu companheiro humano. A adrenalina começou a invadir o corpo de Hannya, a vontade de caçar, a fome para recuperar suas forças. Sem equipamentos, sem conhecer os seus arredores, só conseguia enxergar Hala como única opção, e precisava ser naquele momento, não tinha tempo de procurar outros animais. Suas emoções o mandavam parar, Hala era sua companheira de caça, sua amiga, mas seu instinto estava controlando seu corpo e ele só pensava em satisfazer seus desejos insaciáveis.
Começou a se agachar lentamente, como um animal espreitando sua presa, Hala confiava em Hannya e não estava estranhando sua lenta aproximação, até agarra-la violentamente, tarde demais para que pudesse fugir, tirando a vida da coruja com suas mãos nuas e alimentando-se dela daquela forma, sua carne crua e seu sangue quente.
Após saciar sua fome, Hannya retornou à sua consciência completa, e abaixado ali com os restos de Hala em sua mão, ele processou o que acontecera, e começou a chorar a morte de sua companheira por suas próprias mãos.
Alguns momentos depois, um simpático idoso de pequeno porte, andando lentamente e sorrateiro, se aproximou de Hannya, consolando-o com uma de suas mãos sobre seu ombro. Era raro Hannya ser pego de surpresa, e seu susto foi enorme e suficiente para lhe tirar momentaneamente daquele estupor de luto e tristeza. Ao ver a pessoa que encostou nele, rapidamente o subestimou e não se preocupou com a presença do pequeno velhinho, e nem ao menos o enxergou como uma possível ameaça.
O ancião olhou para os restos de Hala no chão e nas mãos de Hannya, e iniciou a conversa, falando calmamente e lentamente, lamentando o ocorrido pois ele também conhecia Hala, ela era uma de muitos animais enviados por ele e seus irmãos para observar territórios onde não poderiam estar, e o pequenino ancião logo deduziu que ela se sentiu atraída por Hannya por sentir sua Essence dormente e pressenti-lo como um escolhido de Luna.
Apesar do triste episódio, o pequeno velhinho via aquilo como algo natural, era necessário se alimentar, era necessário caçar, e assim como a própria Hala já havia caçado inúmeros pequenos animais por sua sobrevivência, foi necessário que Hannya fizesse o mesmo. Naquele momento, nada seria suficiente para consolar o pobre caçador, mas assuntos mais urgentes acabaram distraindo-o do acontecido, e ele queria entender o que estava acontecendo.
Logo, o ancião se apresentou como Feng Chi e se identificou como seu novo mentor, e começou a lhe explicar como Hannya havia sido escolhido por Luna, quem eram os Lunares e o seu lugar em Criação. Os dias se seguiram e Hannya era inundado com informações sobre a Exaltação, uma breve história dos deuses e seus escolhidos.
Sem ter muita escolha, e entendendo que diversas histórias que já havia escutado sobre criaturas míticas eram verdadeiras, Hannya aceitou sua condição de pupilo. Não podia deixar de se preocupar com sua tribo e saber que Fugara ainda estava drenando-a de vida, mas sabia também que com a força que possuía não poderia fazer nada, analisou friamente suas opções e percebeu que se pudesse treinar e aprender a controlar sua nova condição, poderia retornar para os Estrelas Cadentes e colocar Fugara em seu devido lugar.
Alguns meses se passaram e Hannya conheceu outros Lunares, pôde até mesmo observar uma reunião de diversos Lunares que estavam discutindo o reaparecimento de Solares, e como eles estavam completamente perdidos e sem liderança, espalhados e desperdiçando todo o seu potencial. Via naquela vida algo muito parecido que já tinha vivido com seus irmãos bárbaros, e fazia novos irmãos e irmãs Lunares, aprendia seu modo honrado de vida e os principais guias do Caminho Prateado, logo assumindo-os como sua verdade e modelo.
Além dos costumes, muito do treinamento de Hannya era baseado em instinto, afinal Lunares são máquinas de matar guiadas por instinto, e conseguem aprender rapidamente diversas habilidades básicas, porém poderosas. Aprendeu sobre transformações, compreendendo seu instinto de caçar Hala, aprendeu a se transformar em coruja, seu animal Totem, e um pouco contra sua vontade caçou outros animais, mas simplesmente não conseguia se transformar em nenhum, bloqueado pelo trauma que teve com Hala. Feng Chi e No Moons que o auxiliavam em seus treinamentos em seguida lhe ensinaram a maior arma de um Lunar, sua transformação Deadly Beastman.
Nessa nova forma, Hannya se entregava mais ao instinto assassino e agressivo, deixando um pouco de lado sua natureza sorrateira, mas conforme a controlava melhor, conseguia unir suas naturezas, fazendo armadilhas e se escondendo, usando força bruta quando necessário. Estava se tornando a verdadeira máquina de matar que os Lunares deveriam e pretendiam ser, um predador silencioso capaz de desmembrar suas presas em segundos.
Os No Moons começaram a lhe aplicar testes de força e astúcia, ainda incertos de sua natureza, e depois de muitos testes continuavam sem decidir a Casta de Hannya. Sabendo do passado recente de Hannya, os No Moons finalmente decidiram qual seria seu teste definitivo e lhe passaram sua primeira missão, o modo como Hannya escolhesse cumpri-la, definiria sua casta. A hora de buscar vingança e ajudar sua tribo chegou, e Fugara seria o alvo.
O Verdadeiro Teste
Hannya fez sua jornada de volta às tribos da floresta pensando nas inúmeras maneiras em que poderia utilizar para assassinar Fugara. Mas manteve sua calma e raciocínio, começou a rever todas as ações de Fugara, unindo aos seus novos conhecimentos sobre os Exalted, Wyld e Fair Folk e chegou à conclusão de que Fugara se alimentava do espírito e força vital daqueles que tomava a vida.
Fugara começou cuidadoso, secretamente assassinando o antigo shaman e os mais idosos e anciãos da tribo, fazendo parecer mortes naturais de velhice. Em seguida, sua ganância e orgulho o fizeram forçar seus planos, instigando estratégias descuidadas que ocasionava a morte de muitos guerreiros jovens. Por fim, começou a raptar crianças e fazer rituais de sacrifício, pois quanto mais jovem a pessoa, mas energia ele conseguia de seus rituais. Para obter apoio, era muito provável que estivesse usando alguma habilidade mística poderosa, para conseguir convencer seus irmãos e irmãs dos absurdos que propunha.
Lembrou-se de seu primeiro grande teste, e como não teria conseguido superar o Grande Lobo Branco apenas com sua força bruta, não poderia enfrentar Fugara de frente e arriscar a vida de seus irmãos manipulados, era necessário seguir o caminho sorrateiro, separar Fugara da tribo e dar fim à sua vida.
Transformado em coruja, Hannya observou os Estrelas Cadentes e Fugara, que continuava com as estratégias de antes e, com o cenário dos bárbaros mortos e desaparecimento de Hannya meses antes, ele instigou toda a tribo contra Hannya, pintando-o como um traidor. O shaman quase sempre estava acompanhado de alguns guerreiros, que pareciam hipnotizados, assim como praticamente todo o restante da tribo, mas em sua rotina percebeu também que havia momentos em que Fugara ficava solitário, ia fazer rituais e oferendas, se fortalecia.
Descobriu ainda que não só dava fim a vida dos bárbaros, mas também os drenava de sonhos e esperanças, adquiridos por seus discursos, tornando-os corpos sem emoções e funções avançadas, cascas vazias vendidas como escravos.
Era na mesma clareira e local sagrado pros Estrelas Cadentes onde Fugara ia sozinho para seus rituais, e foi lá que Hannya espalhou armadilhas simples, mais com o intuito de distração e terror psicológico do que para realmente ferir Fugara, que pelas observações de Hannya provavelmente iria para a clareira naquela mesma noite.
Mais tarde, quando Fugara estava no altar com suas rezas e oferendas, Hannya disparou algumas armadilhas sonoras. Fugara pegou suas espadas e estava em prontidão para o combate, mas não viu nada. Hannya ativou mais armadilhas sonoras, e em seguida algumas visuais com fogo e fumaça, Fugara estava assustado e acuado, andando para trás até ficar com suas costas contra uma grande árvore. Com flechas kabura-ya, Hannya fez mais distrações sonoras, com apitos agudos que penetravam os nervos de Fugara, que começou a correr de volta para a tribo.
Quando estava prestes a adentrar na floresta, um extenso cercado de fogo surgiu na linha das árvores, circulando toda a clareira e impedindo qualquer fuga. Bastava de jogos psicológicos, estava no momento de usar a força bruta. Do meio das árvores, Hannya saltou silenciosamente diversos metros para o alto, abrindo sua envergadura total e descendo em uma espiral veloz rumo à Fugara, que não o escutou e nem viu sua sombra até ser tarde demais.
Fugara se virou a tempo de ver um enorme híbrido coruja-homem fazendo uma cambalhota no ar até apontar suas garras inferiores para seu peito, perfurando-o profundamente e arremessando ao chão. Em pé, sobre o corpo ferido de Fugara, Hannya levantou seus braços e suas garras de queratina esbranquiçadas começaram a ser cobertas por uma substância maleável, brilhante e prateada.
Ao mesmo tempo, Fugara estava abrindo a boca, e Hannya observou que sua língua era como de uma serpente e, assim como um Tell de um Lunar sempre esteve lá, se escondendo em plena vista, provavelmente a fonte de seus poderes. Antes dar uma chance de Fugara usá-los, Hannya desceu suas garras violentamente em seu pescoço, fechando-as como se fosse enforca-lo, ocasionando um movimento de tesoura que decapitou facilmente o falso shaman. O silêncio da noite imperou, a cerca de fogo dissipou, e Hannya ficou em paz.
Nain-Ya
Com a cabeça de Fugara em suas mãos, Hannya caminhou para a parte central da tribo, onde geralmente havia uma grande fogueira e os banquetes eram realizados. Ainda em sua forma híbrida e imponente, ele levantou a cabeça de seu inimigo, com a língua de serpente para fora e começou a discursar para seus irmãos e irmãs, que já estavam todos acordados por conta dos barulhos pirotécnicos das emboscadas de Hannya.
Os Estrelas Cadentes observavam aquela híbrida criatura assustadora, porém com caminhar pacífico e levemente familiar à maioria deles. Bravos e corajosos, os bárbaros se aproximaram lentamente, cautelosos e prontos para qualquer coisa. Quando Hannya começou a falar, alguns de seus irmãos reconheceram sua voz que, mesmo poucos meses depois, já estava mais madura. Sua presença imponente impunha respeito, e todos escutavam atentamente.
Hannya explicou a todos a verdadeira face de Fugara, convencendo-os de quem ele realmente era. Além de suas novas habilidades que cresciam dia a dia, Hannya tinha evidências e os feitiços de Fugara não tinham mais efeito. Transformou-se de volta e todos o reconheceram, e logo em seguida o reverenciaram. Ele passou os dias seguintes juntos de seus antigos companheiros, relembrando histórias, explicando tudo o que havia acontecido nos últimos meses e planejando em como poderiam, juntos, reerguer os Estrelas Cadentes à sua antiga glória.
Mas os planos precisariam ficar para depois, pois Hannya precisava retornar para seu mestre e os No Moons do Silver Pact, despedindo-se de seus companheiros.
Ao se reencontrar com Feng Chi, o mentor convocou uma reunião com alguns outros jovens Lunares, mas um pouco mais velhos que Hannya, e cerca de dois ou três outros anciões, servindo-lhes um banquete digno dos Lunares.
Os No Moons que passaram os testes para Hannya finalmente deram seu veredicto em relação a casta do caçador coruja, que apesar de sua força bruta e habilidades em confronto direto, conseguia manter a temperança mesmo na adversidade, agindo sorrateiramente e com cautela.
Fixaram suas primeiras tatuagens em homenagem aos seus feitos, e também sua casta como Changing Moon. Por conta de suas garras de Moonsilver, uma dádiva concedida por Luna, Hannya foi rebatizado como Hannya Silver-Talon.
Hannya Silver-Talon compartilhou com seus semelhantes suas novas aventuras em territórios antigos, e como derrotou Fugara, que descobriu ser na realidade um Fair Folk, aprendendo mais e mais sobre as criaturas míticas de Criação.
Ele trouxe consigo o crânio híbrido de humano e serpente de Fugara, assim como sua estranha língua que lhe dava poderes. Fez deste seu segundo troféu, junto do canino negro do Grande Lobo Branco que ainda carregava.
Nesta reunião, Feng Chi apresentou à Hannya uma outra pupila sua, a Raposa de 7 Caudas, uma No Moon que acabara de participar do ritual, explicando-lhe que ela que havia salvado a vida de Hannya após o primeiro confronto com Fugara.
Mesmo ainda sem estar completamente acostumado com as diretrizes do Caminho Prateado, Hannya sabia muito bem a grande importância de uma dívida de sangue, e prontamente ofereceu seus serviços à Raposa de 7 Caudas, sua Eorl. Ela agradeceu sua honra e lhe disse que quando fosse o momento, diria a Hannya o que ele poderia fazer para quitar esta importante dívida.
Conversaram um pouco sobre como era a vida de um Lunar, e alguns dos ideais e valores de Feng Chi, e como os dois gostariam de atingir a força e sabedoria de seu mentor, e o enorme respeito que ele impunha sempre que estava presente, mesmo com seu pequeno e frágil porte.
No dia seguinte, quase todos já haviam voltado a seus territórios e afazeres usuais, e Feng Chi pediu que Hannya acompanhasse um outro jovem Lunar e seu bando, ele obedeceu seu mentor e por alguns meses ficou junto destes outros Lunares, participando de caçadas rituais, compartilhando banquetes, histórias e treinamentos diários. Cada dia que Hannya treinava suas transformações, elas se tornavam mais naturais e suas habilidades cresciam instintivamente, aprendendo também muitas histórias sobre antigos Lunares, a linguagem de garras e sobre uma vida ainda mais natural e distante da civilização da que estava acostumado com os Estrelas Cadentes.
Hannya começou a dar ainda mais valor à vida e à liberdade, ainda prezando muito pela força e capacidade de sobreviver de todas as criaturas, mas agora com um entendimento e respeito maior por aqueles mais fracos. Sentia-se na obrigação de dar aos mais fracos pelo menos uma chance de sobrevivência, fosse treinando-os a melhorar suas habilidades ou salvando-lhes de algum mal imediato para que pudessem lutar outro dia.
Após alguns meses, em um novo encontro do Silver Pact, Hannya conversou novamente com seu mentor, contando-lhe sobre os últimos meses e demonstrando algumas novas habilidades. Feng Chi se mostrou orgulhoso, e disse que tinha uma nova missão para Hannya. Ele se ajoelhou perante o pequenino velhinho, aguardando suas instruções. Sua nova ordem era retornar ao território dos Estrelas Cadentes, e caçar quaisquer Fair Folk e criaturas da Wyld que pudessem estar assolando a região. Por ser um território que nenhum outro Lunar tomou para si, essas criaturas estavam se aproveitando e ficando cada vez mais ousadas. Feng Chi julgou que seria ideal enviar seu pupilo, por conhecer bem o território, e estava correto. Hannya agradeceu a chance e se preparou para partir logo.
A Ascenção dos Estrelas Cadentes
Ao retornar para sua tribo, Hannya foi muito bem recebido e acolhido, e até se surpreendeu ao perceber que alguns poucos de seus irmãos e irmãs começavam a reverenciá-lo como uma divindade. Todos tomaram conhecimento da verdade sobre Fugara e Hannya, e desde a morte do falso shaman, a vida de todos na tribo já havia melhorado muito, mas ainda estavam sem rumo e sem liderança. O restante dos shamans ainda orientavam muitos dos bárbaros, mas não recebiam mais a confiança de antes, e nenhum deles tomou a frente dos Estrelas Cadentes.
Foi então apenas natural que Hannya assumisse esse papel, ele já esteve na vanguarda dos grupos de caça e saque, onde atuava como líder e era imensamente respeitado. Agora, com seu novo poder e presença imponente, ele assumiu a liderança por toda a tribo, começando a ponderar e perceber que a vida não é apenas sobre ser forte e dominar os outros, mas que o poder traz responsabilidades e mesmo os mais fracos merecem respeito e proteção.
Os Estrelas Cadentes se fortaleciam semana pós semana, outras tribos menores da floresta juntavam-se ao bando de Hannya, e em poucos meses seu domínio sob o território estava estabelecido, e diversas tribos subordinadas aos Estrelas Cadentes. Enquanto Hannya liderava missões pelas florestas, unificando tribos e libertando escravos, também rastreava e caçava Fair Folk e criaturas Wyld. Escolhia apenas os guerreiros mais fortes para acompanha-lo para as bordas de criação, perdeu muitos irmãos dessa forma, mas também fortaleceu muitos outros, que se mostraram capazes de grandes feitos, muito além do que a maioria dos humanos conseguiriam.
Alguns dos Estrelas Cadentes mais fortes tornaram-se espécies de generais, seus irmãos mais próximos e confiáveis: Avaharne, sua companheira; Vega, seu batedor sorrateiro; Eridani, guerreira e caçadora; Lesath, caçador vaidoso e fanfarrão; Arcturo, um grande irmão urso, saia da frente de suas investidas; e Asterion, ágil e cuidadoso.
Com sua nova forma de ver a vida e respeitar todas as criaturas vivas, Hannya mudou alguns costumes da tribo. Ainda prezava enormemente a força e capacidade de sobreviver, mas passou a valorizar a liberdade e exigir que todos recebessem tratamento justo.
Os costumes bárbaros de caça e saque continuavam, assim como o repúdio à escravidão, mas Hannya passou a impedir mortes desnecessárias, apresentando escolha aos derrotados. Aqueles considerados fracos recebiam a opção de voltar às suas vidas e, se tivessem força suficiente, sobreviriam a outros desafios ou pereceriam frente aos perigos de Criação. Alguns, recebiam o convite para juntar-se à tribo, para serem treinados e ter a chance de se provar em combate e habilidades de sobrevivência. Independentemente de suas escolhas, se fossem realmente fracos, o curso natural das coisas trataria de tirar suas vidas, mas caso demonstrassem ter uma força escondida, ascenderiam à posição de guerreiros honrados e respeitados.
Meses se passaram enquanto o culto à Hannya aumentava, assim como seu poder por conta das preces e oferendas que recebia, cumprindo a missão que lhe foi dada e eliminando os inimigos dos Lunares. Pouco antes de completar um ano como Lunar, Hannya recebeu uma visita da Raposa de 7 Caudas. Em missão a mando de Feng Chi, ela rumava para sudoeste em direção ao deserto, mas passou nos territórios de Hannya para lhe entregar presentes.
A Raposa lhe apresentou duas relíquias de valor inestimável. A primeira era um peitoral fabricado com Moonsilver, a mando do Lunar ancião, especialmente para Hannya. Ele já havia visto alguns artefatos de Moonsilver, e como eram extremamente leves e maleáveis nas mãos dos Lunares. Sentiu-se extremamente honrado pois já havia aprendido que um presente destes era entregue apenas àqueles realmente julgados merecedores.
Antes de lhe mostrar e entregar o segundo presente, a Raposa de 7 Caudas contou uma história para Hannya. Alguns séculos antes, uma poderosa Lunar chamada Artemis combateu centenas de criaturas Wyld que estavam invadindo Criação. A era da Contagion foi uma de muitas perdas e mortes, mas ao mesmo tempo também foi uma era de muitos atos heroicos e guerreiros lendários, como Artemis.
A Lunar, reverenciada como uma deusa da caça e da vida selvagem, firmou-se sozinha perante um exército Wyld que invadia seu território, permitindo que muitas pessoas fugissem com segurança. Ela pegou um Arco e Flecha, confeccionado por ela própria a partir de Moonsilver, e em uma velocidade digna das divindades, começou a disparar flecha atrás de flecha, dezenas, centenas.
As flechas voavam ao alto, cada saraivada como se tivesse sido lançada ao mesmo tempo por inúmeros arqueiros, mas todas partiam de Artemis, que tinha a Lua às suas costas. A luz forte da noite iluminava o exército Wyld que avançava, mas em poucos segundos as flechas de Artemis cobriram a luz da Lua, sombreando toda a região e diminuindo a visão das criaturas que marchavam em sua direção. A Chuva da Destruição Emplumada logo recaiu sobre o exército Wyld, e nenhuma criatura escapou da ira de Artemis naquela noite.
Outras noites e investidas se seguiram, até que o número de criaturas mostrou-se grande demais para Artemis lidar sozinha, e a grande guerreira pereceu, não antes de eliminar milhares de criaturas Wyld, salvando outras milhares de vidas que tiveram tempo de fugir daqueles territórios. Seu arco ficou perdido no local de sua morte, muito próximo às bordas de criação onde era muito perigoso até para os Lunares.
Hannya estava completamente imerso no conto de Artemis, quando a Raposa de 7 Caudas revelou um arco de Moonsilver, longo e brilhante, e o apresentou como Crescent Umbra, o arco confeccionado e usado por Artemis séculos antes. Ele apenas fitou o arco, sem saber o que fazer, admirando aquele belo artefato.
A Raposa de 7 Caudas explicou que encontrou o Crescent Umbra cerca de dois anos antes em uma missão, e o guardou para si. Como a maioria dos Lunares utiliza suas armas naturais, não pensou em ninguém que pudesse aproveitar aquele artefato como Artemis fizera antes. Mas agora que conheceu Hannya, as coisas mudaram, e ela achou que ele e Crescent Umbra seriam uma ótima equipe.
Ele ficou sem reação, sem saber o que falar ou fazer, não se considerou digno daquele presente, mas acabou convencido pela Raposa para ficar com o Crescent Umbra, e prometeu que faria jus à guerreira Artemis.
Hannya e a Raposa se despediram, e ele se sentia em débito com o Silver Pact, era muito novo para honrarias deste porte, e decidiu que precisava se fortalecer e merecer as dádivas de Luna, que deveria honrar seus irmãos, irmãs e todas as criaturas vivas de Criação.
A caçada de Hannya por Fair Folk e criaturas Wyld se intensificou. Com o Crescent Umbra e sua armadura, em poucas semanas eliminou tantos inimigos quanto havia eliminado nos meses anteriores. Ao julgar seu território relativamente seguro, apontou diversos líderes locais das tribos que incorporou aos Estrelas Cadentes, reuniu seus seis generais e cerca de cinquenta dos melhores guerreiros que conhecia e havia treinado.
Já havia escutado histórias e contos dos mercantes e viajantes que saqueava, além dos rumores nas cidades ao redor das florestas, quanto mais a oeste e ao sul, maior era a cultura de servidão, exploração e escravos. Tribos do deserto e a guilda mercante traficavam pessoas entre si e para quem tivesse jade suficiente para compra-las.
Com seu exército recém formado tomou como missão rumar para sudoeste, liberaria todos os escravos que encontrasse, daria a chance de uma nova vida, pregaria a libertação das fraquezas que a “civilização” impunha.
Hannya explorava territórios desconhecidos, enfrentava novos desafios e os superava com ajuda de seus irmãos, seu bando ganhou fama pelas cidades e assentamentos, e o pouco de lei que restava nestes lugares começou a confeccionar e distribuir cartazes dos fora-da-lei que rondavam o deserto, tomando a propriedade alheia e causando infortúnio aos pacatos moradores.
Alguns esboços e descrições básicas foram feitos, um bando de selvagens, bem armados e com trajes que mais se assemelhavam a trapos e peles de animais, impiedosos e cruéis, liderados por um homem inteiramente encapuzado, com um arco e flecha brilhante, que se destacava dentro os outros bandidos e emitia uma presença diferenciada.
A cada assentamento ou vilarejo em que libertava pessoas, escutava mais e mais rumores de uma grande cidade, chamada Everdust, onde grande parte da população estava sendo explorada. Tomou como missão ir até esta cidade do deserto, desafiaria os mestres de lá e libertaria as pessoas de sua tirania.
Appearance
Mentality
Personality
The major events and journals in Hannya's history, from the beginning to today.
S03E04
05:35 pm - 31.05.2020S03E04
05:34 pm - 31.05.2020S01E01
12:10 am - 18.05.2020S01E01
12:09 am - 18.05.2020S02E06 - Morra, Valeera!
12:09 am - 18.05.2020S02E06 - Morra, Valeera!
12:09 am - 18.05.2020S03E03b
12:07 am - 18.05.2020S03E03b
12:07 am - 18.05.2020S03E03b
12:06 am - 18.05.2020S03E03
06:12 pm - 17.05.2020S03E03
12:13 am - 22.04.2020The list of amazing people following the adventures of Hannya.
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