Iji, a Árvore da Vida
Também chamada de Árvore das Eras, é único ser que viveu as três eras em que os mortais caminharam no mundo. Muitos reinos surgiram e sumiram no tempo de vida de Iji, símbolo de união, perseverança, esperança e poder, e que, segundo os mais sábios pajés de Irá, ainda viverá por mais mil anos.
Nascimento (entre séculos II e III aprox.)
Ainda na Era da Gênese, Gaia, a Deusa da Terra, ausenta-se de Edennia para caçar Tiamat, o Devorador. Para não deixar seu berço desprotegido, Gaia decide criar, a partir da terra, das árvores e das folhas, uma entidade para guardar suas criações: Doyin.
Também chamada de Senhora da Mata, a entidade protegeu e cuidou de diversos seres que hoje povoam as matas da floresta-santuário – inclusive os yonis –, criando com todos uma forte relação. Era adorada, respeitada e reverenciada por todos na floresta, que proliferava com vida em todos os cantos.
A beleza e a abundância da vida era tanta que, em algum momento, Doyin pensou que não deveria haver morte, que a função de equilíbrio trazida pelo ceifeiro era inútil num lugar tão perfeito e harmonioso como o seu lar. Confiante de suas visões, a Senhora da Mata diz aos yonis e às outras criaturas da floresta que a morte não mais pisaria em Edennia, e que, naquele local, só haveria vida.
Infelizmente, os desígnios de Destino não abrem exceções: Hanu, O Deus da Morte , eventualmente chega às portas da floresta-santuário para realizar seu trabalho e é barrado por Doyin, que lhe diz não ser bem-vindo em suas terras. O Ceifeiro nunca foi conhecido por ser articulado ou dado a negociações, uma vez que seu papel é simples, direto e inexorável.
Sendo assim, a luta que se segue e intensa, porém breve. A mãe das fadas é ceifada pelo Deus da Morte, assim como muitos dos seus seguidores cuja hora Hanu julgara ter chegado. Este evento causou uma profunda divisão nos yonis: de um lado, aqueles enfurecidos que acreditavam que Gaia deveria retaliar Hanu por matar sua guia e seus irmãos; de outro, os resignados que entenderam que nunca haveria vida sem morte. Como a Mãe-Terra não se revoltaria contra o Ceifeiro, os que aceitaram a inevitabilidade da morte ficariam em Edennia, enquanto os amargurados por um “sonho interrompido” migrariam para Lemúria no primeiro século da Era Panteônica, levando o corpo de Doyin consigo.
Em algum momento entre o primeiro e segundo século da Era Panteônica, os yonis já estavam ocupando o que hoje seria o centro de Irá, com uma única tribo e um único Conselho Xamânico, os filhos da terra decidiram que sua protetora e guardiã deveria retornar à terra e receber a chance do renascimento, evento este que marcaria o dia em que ela finalmente poderia oferecer aos seus seguidoras uma “vida sem morte”.
Por meio de algum poderoso ritual há muito perdido, os yonis convertem o corpo de Doyin em uma semente, e plantam-na no centro de sua floresta em expansão. Dessa semente com energias semidivinas, nasceria, entre os séculos II e III da Era Panteônica, Iji, a Árvore da Vida.
Crescimento inicial e primeiro fruto (até 1.407 E.P.)
Iji já era o centro tribal dos yonis desde o momento em que seu caule saiu da terra. Protegê-la foi o principal dever dos mais poderosos xamãs dos filhos da terra e, mesmo com a divisão do povo em tribos com interesses e até crenças antagônicas, a área em volta de Iji sempre foi considerada território neutro e sagrado, onde nenhum sangue poderia ser derramado, mesmo de caça.
Sendo assim, mesmo quando os primeiros atritos entre yonis e humanos planaltinos começaram por volta do século III, Iji estava longe de perigo. Quando os xamãs mais poderosos de Irá fizeram o acordo de paz com Mitra em 317, Iji estava segura e o Príncipe da Luz sequer sabia de sua existência. E mesmo quando hordas de tardos começaram a aparecer ao sul, nenhum deles chegou sequer perto da Árvore das Eras.
Por volta do ano 1.405, o primeiro fruto de Iji aparece e nos 350 anos que leva para amadurecer e cair, muito se discute sobre o que fazer com ele. Sendo um sinal divino de vida e energia vital da terra, o fruto carregava não só simbolismo, mas vastas quantidades de energia que não podiam ser desperdiçadas. Afinal, aquele fruto poderia ser a chave para o tão sonhado retorno de Vidhi’Ádhara.
Muitos rituais que até hoje são feitos yonis lemurianos tiveram sua origem neste período, no qual todos tentavam conectar-se com Iji para desvendar o segredo de seu fruto. Festivais de irrigação, oferendas, meditações e festejos ocorriam ao redor da Árvore das Eras já desde o século II.
No ano de 1.750, entretanto, uma jovem yoni doente é colocada ao pé da grande árvore. Nenhum dos xamãs conseguira curá-la de sua misteriosa doença e, vendo a morte se aproximar, a jovem teve apenas um desejo: morrer aos pés de Iji. Seu desejo foi atendido e jovem foi levada ao coração da floresta, mas, assim que seu pequeno e frágil corpo encostou no tronco da Grande Árvore, o fruto divino caiu em seu colo como que arrancado pelas mãos da própria Mãe-Terra.
O sinal divino é claro para todos: a jovem estava destinada a comê-lo. Os xamãs rapidamente ajudam a jovem a morder o Fruto das Eras, e assim que ela o faz, engravida. Em sua barriga, já estava sendo gerada Yemaya, futura Deusa da Fertilidade.
A história da Deusa, no entanto, já foi tratada em seus próprios tomos. E os próximos séculos da vida de Iji seriam, ao contrário da maioria dos mortais, muito tranquilos.
Interstício (1750-2.074)
Durante os três séculos seguintes, Iji permaneceu firme e forte. Crescendo lentamente e servindo, como sempre, de ponto de referência para ritos e datas festivas. Durante este período, diversos xamãs performam um ritual para reforçar as defesas da Grande Árvore, uma magia complexa e já há muito esquecida que demoraria 49 anos para ser feita, e que acrescentaria à Árvore das Eras um grau de proteção que se mostraria vital na Guerra Dracõnica da Era seguinte. No ano de 2.074, o segundo fruto de Iji nasce, e um novo e caloroso debate sobre o que seria feito com ele se inicia. Os filhos da já falecida Yemaya conseguem mediar a situação e fica decidido que nenhum mortal comeria o fruto, este deveria ser plantado na terra, em um lugar onde uma nova Árvore da Vida surgiria, marcando assim, o tão esperado retorno de Doiyin, a Senhora da Mata.
Inicia-se então, a busca pelo local sagrado de plantio, liderado pelos filhos de Yemaya e seus aliados.
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