Ato - 7 - Ratos e Tubulações
- 10/06/842 – 17:10
- Sem contar o caminho por onde vieram, existiam duas opções; ir reto, ou virar à direita e seguir por um corredor mais amplo. O lugar era bem iluminado por tochas e apesar do cheiro desconfortável era seguro fazer uma pausa ali, pelo menos para decidir qual caminho tomar.
- -Querem se separar de novo? – Perguntou o monge, ele preferia trabalhar sozinho – Eu vou pela frente.
- -Eu não tô querendo separar não. – Respondeu Aswad
- -Vamos reto então. – Disse Kalö dando de ombros.
- Os Tieflings já se preparavam para seguir caminho quando Fararëyn seguiu pela direita. Eles interviram, confusos.
- -Eu quero achar o Krause a qualquer custo. – Explicou o homem.
- -Eu também! – Gritou a Tiefling.
- -Então qual a diferença entre vir reto e ir pra direita?! – Perguntou Aswad, ele parecia ser o único que pouco se importava com o Lorde Krause .
- -Nós somos dois grupos indo pra dois lugares diferentes, se algo der errado, a pessoa pode voltar e seguir pelo outro caminho. – O monge tentou explicar – Nos dá mais chances de...
- -E se a pessoa morrer? – Interrompeu o ladrão.
- -Eu não vou morrer. – Respondeu dando ênfase no “Eu”.
- Os três estavam tendo dificuldades para chegar a um consenso, os tieflings preferiam não separar o grupo e o monge por outro lado preferia não depender dos outros e lidar com qualquer que fosse a situação da sua própria maneira.
- -Quer saber? Eu vou reto. – afirmou a paladina.
- -Essa abertura a direita me cheira à armadilha... – Disse o monge.
- -E tu vai mesmo assim? – Questionou o Tiefling, mais irritado do que confuso.
- -Tô só falando... Eu corro rápido. – Ele olhou para o ladrão. – Você corre rápido? – Os dois se encararam e o monge percebeu que o tempo que estavam perdendo ali poderia ser precioso, era melhor ir logo, para onde quer que eles fossem. – Vamo seguir em frente então.
- -Não é melhor eu ir na frente sozinha primeiro? Já que só eu estou de armadura?
- -Ah, agora você quer ir na frente sozinha?! Tá confiante pra isso?
- Os dois foram interrompidos por um grito do tiefling – Vocês decidem! Se quiserem eu vou na frente! Só se decidam!
- -Eu vou na frente – disse Kalö.
- -Vamo reto logo! – Falou Aswad antes que Fararëyn pudesse discutir com a mulher. O monge deu de ombros e o grupo seguiu pelo corredor. No final havia uma curva fechada à esquerda, o grupo virou e chegou a um tipo de armazém.
- O aposento parecia ser uma cozinha ou depósito de comida abandonado há muitos anos, um líquido sujo e escuro vazava de um dos muitos canos que saiam das paredes, alagando parte do local. Não havia outra saída aparente.
- Antes que tivessem tempo de dar meia volta, Kalö foi mordida na perna por um rato, apesar de a mordida não ter nem perfurado sua bota. No instante seguinte, dezenas de ratos vieram correndo pelo corredor. O enxame passou por entre as pernas de Aswad e Fararëyn , forçando-os a desviar.
- Kalö suspirou aliviada, certa de que se houvesse algum monstro grande na sala ele já teria matado os ratos. Entretanto, para seu desespero, de dentro de uma das tubulações corroídas surgiram dois ratos gigantes, grandes o suficiente para puxar uma carroça.
- O primeiro dos ratos gigantes avançou correndo na direção do monge que pensou em lançar um dardo, mas não conseguiu reagir a tempo. A criatura o derrubou no chão e mordeu-o no braço direito. O segundo atacou a tiefling, pulando em cima dela e arranhando-a na barriga.
- Fararëyn puxou a adaga que trazia no bolso e com a mão esquerda fincou-a na jugular do monstro. O sangue jorrava do ferimento enquanto ele empurrava o corpo sem vida do rato para longe dele. Era até leve se comparado ao draconato de três horas antes.
- O enxame passou novamente por Aswad, mantendo o ladrão ocupado chutando e desviando das criaturas que mordiam suas botas desgastadas. O rato gigante, ainda em cima da tiefling a mordeu no braço e pressionou a ferida na barriga com a pata, gritando e salivando sobre a paladina.
- Aswad se livrou dos roedores por alguns instantes e correu para ajudar a mulher, pegou a adaga e avançou para cima do rato. O monstro empurrou a arma com uma cabeçada fazendo-a rodar no ar. Felizmente, o ladrão conseguiu pegá-la de volta antes que caísse no meio do enxame, em seguida recuou pensando em como ajudar.
- Kalö usou sua habilidade de taumaturgia para fazer com que um grito surgisse dentro do ouvido do roedor. Ele guinchou furioso, mas desorientou-se e saiu de cima dela. Um dardo cortou o ar passando ao seu lado enquanto ele se debatia, porém, o monge não acertou o alvo, talvez tivesse acertado se o enxame não tivesse começado a morder seus pés raivosamente.
- O rato se concentrou no assassino e, ignorando o som em seu ouvido, correu em sua direção. Fararëyn chegou a resistir ao empurrão, mas o monstro era muito forte e o arremessou na parede no final da sala. O impacto o deixou sem ar por alguns instantes.
- Aswad aproveitou a distração e correu até a tiefling, virando a última poção de vida em sua boca, queria guardar para si, mas tinha de retribuir o favor que ela fizera ao atirar no diabrete . Logo em seguida, no entanto, se escondeu atrás da mulher enquanto ela levantava e preparava o arco e flecha.
- Kalö segurou o melhor que pôde sua respiração, sua barriga e seu braço ainda latejavam de dor, ela endireitou a coluna, colocou a flecha na posição e em um suspiro, soltou. A seta deslizou pelo aposento e atravessou o rosto do gigantesco roedor, perfurando sua face de uma bochecha à outra. Enfurecido ele se virou na direção da tiefling, berrando e guinchando. O monge não teria uma melhor oportunidade, enfiou a adaga nas costas do monstro e assim que ele olhou para o homem, Fararëyn largou a adaga, cerrou os punhos e socou a criatura no rosto duas vezes, quebrando seu pescoço já machucado e fazendo-o cair morto no chão. Logo em seguida, o enxame de ratos fugiu por um dos canos.
- Os três suspiraram aliviados enquanto coletavam quaisquer itens que tivessem derrubado e limpavam as roupas o melhor que podiam. Kalö ajudou o monge a levantar e tocou sua ferida com ambas as mãos, a mordida no braço se fechou deixando uma cicatriz. O homem agradeceu com um olhar silencioso.
- Aswad abriu o pergaminho que havia encontrado no baú, era um pergaminho mágico de primeiro nível, ele não tinha como usá-lo e sequer sabia lê-lo. Mostrou-o para o resto do grupo e a tiefling reconheceu como sendo a magia “Compreender idiomas”. Ele agradeceu e guardou novamente, talvez usasse mais tarde.
- O grupo gastou um tempo considerável procurando qualquer saída da sala, mas os canos ou eram muito estreitos ou terminavam no meio, a comida já estava apodrecida há muito tempo e o único item curioso que encontraram foi um pequeno rato de pedra, não deveria ter mais de oito cm, era muito bem feito, mas não passava de uma estatueta. Furioso por perder tempo, o ladrão arremessou o item contra a parede e antes que Fararëyn ou Kalö pudessem argumentar que o item poderia ter uma utilidade, ele já havia se chocado e estilhaçado.
- Depois algum tempo, retornaram e seguiram pelo outro caminho. Chegaram a uma sala ainda mais suja e fétida, era relativamente grande e haviam dezenas de tubulações que levavam a caminhos completamente diferente. Cima, baixo, esquerda, direita, as opções era muitas. Fora que alguns pareciam instáveis ou estreitos demais. Eis que uma pequena criatura voou na direção do grupo, ele se assemelhava a um morcego, era pequeno e cinza e tinha largas orelhas e asas, além de quatro patas com garras.
- -Não me ataquem! – Bradou a criatura, mas Fararëyn não estava convencido – Eu quero ajudar vocês!
- -Que treco é esse? – Perguntou Aswad.
- -É um homúnculo, um servo mágico que se comunica telepaticamente com seu mestre. – Respondeu a paladina em seguida direcionando uma pergunta ao monstro que voava no ar meio desajeitado – Quem é seu mestre?
- -Não posso revelar isso ainda. Desculpe – respondeu
- Aswad se esgueirou por trás da criatura enquanto a conversa se desenrolava e puxou a rapieira para perfurá-lo. No instante em que ia atacar Fararëyn irrompeu de sua posição, disparando em direção ao tiefling e aparando a arma com sua adaga.
- -Deixa ele falar. – Ameaçou o homem. Porém, o Homúnculo aparentou estar nervoso com a tentativa de ataque e começou a falar mais rápido.
- -Eu... Quero ajudar vocês a irem pelo caminho certo, se confiarem em mim talvez consigamos impedir um mal maior que quer atacar Irëng , me sigam, ele veio por aqui. Em seguida, ele saiu voando por uma das muitas possíveis tubulações. O grupo se entreolhou e chegou à conclusão de que não poderiam perder novamente tempo analisando suas opções ou discutindo, principalmente com a quantidade de saídas daquele aposento, teriam de confiar na criatura. Então, seguiram o homúnculo descendo pela tubulação até o nível inferior dos esgotos.
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