Ato - 8 - Descendo
- 10/06/842 – 18:05
- O grupo seguiu pela apertada e fétida tubulação até se depararem com uma escada vertical, desceram por ela e chegaram a um corredor estreito onde mal cabiam os três lado a lado, no final, haviam dois guardas anões, ambos usavam armaduras com o símbolo do exército de Irëng e cada um carregava uma lança consigo. Não havia sinal do homúnculo. A tiefling tomou a frente.
- -Estamos em missão oficial, precisamos passar urgentemente. – Disse ela tentando parecer segura de sua mentira. Os guardas descruzaram as lanças e deixaram que a mulher ultrapassasse, mas impediram os outros dois que tentaram segui-la.
- -Por que tá parando a gente? – Questionou Aswad .
- -Vocês não têm autorização. – disse o guarda que usava um capacete. –Ela eu conheço do castelo.
- -Por acaso vocês sabem de quem eu sou discípulo?Armin Hammermail – Inventou o monge tentando convencê-los.
- -Arin . – respondeu o guarda, percebendo a mentira. O silêncio tomou conta do lugar.
- -Dardo. – Sussurrou o tiefling para Fararëyn. Em seguida, um som de explosão surgiu no final do corredor, criado pela habilidade do ladrão. Apenas um dos guardas, que tinha uma espessa barba loira, olhou, o outro manteve seu olhar fixo nos dois.
- Fararëyn tentou arremessar um dardo no que olhava para eles e acertou-o no capacete acabando com qualquer chance de diálogo que ainda existisse. O anão puxou sua lança e fincou na barriga do monge.
- O anão barbudo também atacou, mirando sua lança no ladrão. Errou por pouco, forçando o tiefling a se espremer contra a parede para desviar. Kalö , que estava do outro lado do corredor, agarrou o guarda barbudo por trás e colocou a adaga em seu pescoço.
- -Deixa a gente passar. – Falou pausadamente, mas antes que ele pudesse reagir, Aswad enfiou a rapieira em sua barriga. A paladina queria evitar mortes desnecessárias, mas os outros dois não se importavam muito com esse detalhe.
- Fararëyn aproveitou que a lança ainda estava fincada em sua barriga e puxou o anão de capacete para perto, cortando-o com a adaga. O guarda se manteve firme, mas não por muito tempo, pois logo em seguida, Aswad largou a arma presa no barbudo e terminou de matar o outro com sua adaga.
- Kalö estava com pena dos anões à sua frente, se perguntando como havia deixado a situação chegar nesse ponto. O anão barbudo segurando as lágrimas se soltou do agarrão da tiefling e a empurrou para trás, provavelmente não havia salvação para ele, a rapieira havia atingido órgãos vitais. Ainda assim, ele atacou a mulher com a lança, cortando-a na barriga. Ela puxou a foice curta, fechou os olhos e quase chorando, finalizou o guarda. Não queria ter feito aquilo, mas não viu outra maneira. Ele caiu morto no chão ao lado de seu companheiro.
- Aswad roubou a lança de um dos anões e prendeu-a nas costas. Fararëyn tirou com cuidado a arma de sua barriga, não tinha atingido nenhum órgão, mas o ferimento estava feio e o ar úmido e sujo do lugar não ajudava muito. Era melhor acabar logo aquilo e voltar para casa para fazer um curativo decente. A paladina reparou que do corpo do guarda de capacete rolou um pequeno disco de pedra colorido, ela pegou e guardou no bolso da armadura.
- Os três seguiram o corredor que no final fazia uma curva fechada à esquerda. O ladrão ficou de olho no disco e tentou roubá-lo sem que a tiefling percebesse. Ele conseguiu pegar o item, entretanto, ela percebeu.
- A paladina não gostava de roubar coisas, mas havia crescido nas ruas de Irëng , lidar com furtos era quase que sua especialidade. Ela esperou que o ladrão tomasse a frente do grupo e roubou, não só o disco de volta, como as duas joias e o pergaminho. Deixou o olho de vidro no bolso dele, não viu utilidade naquilo. Satisfeita, olhou para o monge, Fararëyn havia observado toda a cena e, ao ver que o ladrão não tinha dado falta dos itens, fez um sinal de aprovação para a tiefling, que o respondeu com um “toca aqui”.
- Aswad chegou primeiro no final do corredor, eles viraram à direita mais duas vezes e deram de cara com uma porta trancada. De imediato, o ladino tentou destrancá-la. Sem sucesso, deu as ferramentas à paladina, Kalö desistiu quando quase quebrou a tranca. O monge empurrou os dois para o lado e em segundos destrancou a porta, ela abria para dentro.
- Fararëyn recuou, estava machucado demais e não queria se arriscar, Aswad entrou na frente, calma e lentamente. No instante em que colocou os pés dentro da sala, o chão afundou e ele caiu gritando em um fosso.
- O grito de Aswad acordou um monstro que repousava na sala, parecia uma espécie de hiena humanoide, não que ele tenha percebido, mas a criatura que antes dormia tranquilamente, agora se remexia inquieta, ainda não havia despertado, mas era questão de tempo.
- Aswad se machucou pouco com a queda, o buraco não devia ter mais de três metros de profundidade e não havia nada em seu interior. Ele se levantou, deu impulso no chão e conseguiu apoiar ambas as pernas contra uma parede e as costas contra a outra, segurou no parapeito e se lançou para dentro da sala.
- O local era amplo, mas parecia destruído, haviam pedaços de madeira rasgados como se fossem papel, o único móvel ainda de pé era um armário. Aswad viu que a criatura iria acordar e correu para se esconder dentro do armário. Deixando uma pequena fresta aberta para poder observar a reação dos seus companheiros. Encostou as costas no fundo do armário e percebeu uma passagem secreta, não era importante agora, mas ele podia usar depois.
- O ladrão nunca havia visto o monstro naquela sala, Fararëyn e Kalö , por outro lado, sabiam exatamente do que se tratava, era um Gnoll, uma hiena que comeu carne humana e através de magia de sangue se transformou em um monstro que não é nem um humano nem uma hiena, essas criaturas atacam qualquer coisa que se mexe sem se importarem com as consequências.
- O Gnoll acordou, cheirou o local e foi andando em direção ao armário. O monge lançou um dardo na direção da criatura, mas só conseguiu chamar sua atenção. Assim que percebeu o resto do grupo ainda atrás da porta, foi até uma das mesas quebradas, vasculhou-a e em seguida puxou um arco e flecha. Atirou na direção deles, mas o tiro acertou a parede.
- Kalö estava receosa em usar suas magias de paladina, ela tinha um limite diário, se o ultrapassasse as consequências para seu corpo seriam mortais, tinha de economizar suas forças, não sabia o quanto precisaria lutar ainda. Entretanto, oGnoll era forte, talvez esse fosse o momento de gastar uma das magias. A paladina preparou a alabarda e começou a conjurar um feitiço sobre a arma, se tudo desse certo, ela poderia derrotar o monstro em um só golpe.
- A criatura largou o arco e flecha, insatisfeito com sua mira ruim, pegou uma lança que trazia nas costas e correndo com três patas, avançou na direção dos dois.
- Aswad esperou que ele passasse pelo armário e quando estava atrás da criatura, arremessou a lança nele. A arma bateu no calcanhar do monstro, cortando de leve e parando seu movimento. O Gnoll olhou furioso para o ladrão, salivando e rugindo, virou de costas para os outros e avançou em sua direção.
- Kalö terminou sua magia, a alabarda estava em chamas, ela usou toda sua força para fazer a arma atravessar a sala e acertar o gnoll. O golpe em si não causou tanto dano, passou cortando superficialmente um dos braços da criatura, entretanto, o fogo se espalhou rapidamente no corpo peludo do monstro, queimando sua pele enquanto ele se contorcia de dor no chão.
- Os três foram para o meio da sala e observaram o monstro morrer, Aswad checou atrás de algum possível item, mas sua lança estava mais desgastada que a do anão e qualquer outra coisa que estivesse em posse do monstro havia queimado junto dele.
- Na sala haviam apenas duas saídas, além é claro da passagem secreta, mas Aswad não havia dito nada sobre ela aos outros dois. Eles foram examinar as portas, ambas trancadas.
- O ladrão falhou em destrancar as duas portas, mas logo em seguida Kalö conseguiu destrancá-las, uma levava à um corredor em zigue-zague e a outra estava emperrada. Antes que alguém empurrasse a porta emperrada, a paladina usou taumaturgia para abri-la, atrás dela havia uma íngreme escadaria, por onde Fararëyn desceu sem olhar para trás.
- -Não querem ver o que têm no outro corredor? –Perguntou Aswad, antes que a paladina descesse também. O monge o ignorou e seguiu pela escadaria. – Eu achei uma passagem secreta... – ela falou para Kalö . – A gente avisa ele?
- -Avisa. – respondeu a mulher com repúdio à ideia de ficar sozinho com o ladrão.
- -Ei otário, a gente encontrou uma passagem secreta! – gritou Aswad. – Você vem?
- Fararëyn voltou e os três entraram pela passagem secreta escondida no armário. Seguiram por um corredor e saíram em uma sala com cheiro de podridão ainda pior e com o ar ainda mais pesado e escasso. Havia dois caminhos, uma escadaria à direita, e um corredor reto. Kalö cometeu o deslize de checar os itens que havia roubado e Aswad se deu conta de que aqueles eram seus itens, mas preferiu não fazer nada por enquanto. O monge percebeu e apenas levou a mão ao rosto, impressionado com como a mulher escolheu o pior momento para olhar as joias.
- A sala era ampla, mas estava vazia, eles não queriam perder muito tempo e seguiram pelo caminho da direita, passaram por um longo corredor e em uma das curvas perceberam uma parede um pouco deslocada.
- Kalö tateou a parede e encontrou uma espécie de fechadura, era uma porta secreta, provavelmente haveria baús de tesouro do outro lado. Até Fararëyn se animou com a ideia de uma possível recompensa e ajudou a tiefling a tirar a sujeira da fechadura, revelando sua forma original. A fechadura tinha o formato de um rato, possivelmente uma estatueta de rato se encaixaria perfeitamente no vão. O monge e a paladina olharam furiosos para o ladrão, mas ele já havia dado de ombros e seguido pelo caminho. Eles também continuaram pelo corredor e após subirem uma escadaria saíram na sala onde haviam encontrado o Gnoll. Voltaram pela passagem secreta novamente, mas dessa vez seguiram pelo outro caminho.
- Os três entraram em um largo corredor, o cheiro de esterco e urina dos esgotos começou a se mesclar com odor de sangue, o ar foi ficando pesando na medida em que a luminosidade do local diminuía. Os dois @tieflings e o homem haviam chegado a uma porta de madeira fechada. Eles se entreolharam, destrancaram a porta, e entraram no aposento.
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