Ato - 9 - O duplo
- 10/06/842 – 19:00
- Uma sala ampla com cheiro de podridão e sangue se mostrava para o grupo, o aposento era tão escuro e largo que até mesmo os Tieflings tinham dificuldade para enxergar as paredes, altares de pedra quebrados e cheios de sangue estavam espalhados por ali, um dos cantos da sala estava alagado e o outro, onde provavelmente existira uma saída um dia, havia sido soterrado pelo teto. No centro do local havia uma mesa de pedra redonda, grande o suficiente para que 20 pessoas se reunissem ao seu redor e no meio dessa mesa repousava um amuleto preto e redondo.
- Aswad reconheceu o amuleto, era o que ele havia visto nos papéis antes de sair de casa. Seu instinto de ladrão apitou, ele precisava do amuleto. O tiefling correu até o meio da sala sem se preocupar com possíveis inimigos, retirou a lança das costas, esticou a arma por cima da mesa e com a ponta da lança levantou o amuleto, o arremessando até suas mãos.
- Observou satisfeito o item, parecia poderoso e raro e Aswad amava essa combinação de características. Fararëyn por outro lado, não observava quase nada, tudo o que viu foi o tiefling correndo para dentro da escuridão, mas ele já não questionava a imprudência do ladrão.
- Assim que o monge e a paladina colocaram os pés dentro do local foram surpreendidos, do alto da sala, caiu neles como uma pedra, o lorde Berndt Krause. O anão ainda estava com a mesma armadura que vestira no coliseu, ele se jogou no assassino e deu um soco em seu rosto. Logo em seguida, o anão pulou na direção de Kalö , tentando um soco, a tiefling desviou, mas estava em estado de choque e um segundo golpe a atingiu em cheio.
- Ambos ficaram abalados com o ocorrido e antes que pudessem esboçar qualquer reação, o anão recuou e começou a trocar de forma em frente a eles. Ele cresceu, rasgando algumas partes da armadura e mantendo outras, sua pele escorregou para fora de seu corpo dando lugar a uma criatura roxa e úmida de quase dois metros de altura. Kalö e Fararëyn não sabiam do que se tratava, mas dessa vez, Aswad sabia muito bem.
- O monstro na frente deles era um duplo, um metamorfo capaz de tomar a aparência de qualquer outro ser vivo. Um monstro poderoso que havia enganado Gudzal Morigak anos atrás. Se ele havia tomado a forma de Krause , o velho anão já deveria estar morto há muito tempo. Aswad queria sair dali o mais rápido possível, mas não podia abandonar os outros dois e não queria deixar o duplo à solta. Ele colocou o cordão envolta do pescoço e seus receios de lado.
- O tiefling trocou a forma de Shensuur para Mhanna, seria útil contra a habilidade do duplo de ler pensamentos, caso ele a usasse. Em seguida, reuniu coragem, olhou para a lança em suas mãos e a arremessou no duplo. A arma cortou-o no braço chamando sua atenção para Aswad , que já tinha se esgueirado para debaixo da mesa. O sósia do lorde Krause correu para o canto da sala, desaparecendo da visão de todo o grupo.
- Kalö decidiu ficar próxima ao monge, sabia que o humano não enxergaria muito ali. Colocou a mão sobre seu ombro e usou sua magia para curar seus ferimentos. O machucado causado pela lança do guarda anão finalmente se fechou completamente. O duplo correu para a mesa central, procurando por Aswad .
- O tiefling saiu de seu esconderijo e tentou fincar a adaga na mão do monstro, mas o ataque falhou. A paladina puxou o arco e flecha e apontou na direção da luta, Kalö estava esperando pelo momento certo, quando a criatura levantou a mão para acertar Aswad , ela atirou.
- A flecha atravessou o aposento em meio à escuridão e perfurou a mão do monstro, empurrando-a para trás. Kalö apertou o anel de Corlous, o deus sol, implorando por auxilio. “Destruição divina ” ela sussurrou. No instante seguinte, a flecha explodiu com um clarão de luz que iluminou todo o local e queimou a mão do duplo, fazendo-o urrar de dor.
- FFararëyn não desperdiçou um segundo sequer de visão plena, puxou um dos três dardos que haviam sobrado no estojo e o lançou. A pequena arma cruzou o espaço e pela quarta vez naquele dia atingiu seu alvo. O duplo gritou ainda mais alto enquanto o veneno se espalhou pelo seu olhou esquerdo, ele não ficaria paralisado, mas com certeza foi doloroso.
- A criatura tentou atacar o ladrão, mas tudo o que conseguiu foi arranhar o chão na sua frente, a luz se apagava lentamente, mas ainda brilhava forte em sua mão e seu olho estava inutilizado. Aswad não sabia como o amuleto funcionava, mas pela quantidade de sangue na sala esperava alguma reação quando encostou a adaga suja de sangue do duplo na superfície escura. Para sua decepção, de nada adiantou. Sem tempo de atacar, correu para longe do alcance do monstro antes que ele se recuperasse.
- Kalö usou o comando “Desista” assim como havia feito contra o diabretes , porém a magia não surtiu efeito, ou a força de vontade do duplo era grande demais ou a mulher estava muito fraca. Fararëyn quis aproveitar os últimos raios de luz e correu na direção da criatura, tentando um golpe com a adaga. Quando se aproximou, o sósia fechou a mão ferida, quebrando a flecha no processo, e socou o monge no rosto.
- Fararëyn cambaleou para trás, suas pernas pesavam e sua respiração estava ofegante, a única coisa que o mantinha em pé agora era a adrenalina correndo em suas veias. Ele respirou fundo, havia uma técnica que não havia usado ainda, não queria depender do que aprendeu no monastério, mas era melhor do que morrer nos esgotos. Ele concentrou seu ki, sua energia vital e a usou para correr, desviando do monstro, até o alto da mesa de pedra. Suas forças se esgotaram e ele se apoiou com as duas mãos sobre os joelhos, esperando por uma brecha para agir.
- Kalö atirou outra flecha no duplo, acertou-o na barriga, mas não conseguiria usar a benção de Corlous novamente, estava muito fraca. O monstro correu na direção da mulher e com os quatro membros no chão ele parecia mais um animal que um humanoide. Aswad aproveitou a deixa e correu até ele, fincou Shensuur em suas costas duas vezes e quando o monstro reagiu, o ladrão já havia recuado. O duplo ignorou as facadas e seguiu na direção de Kalö. Em desespero, a paladina tentou trocar o arco e flecha por outra de suas armas, mas não teve tempo. O sósia arrancou com um arranhão a arma de seus braços e com a outra mão socou-a no rosto. A tiefling caiu no chão, desacordada.
- Fararëyn tentou acertar um dardo no duplo, mas não conseguia nem ver o monstro e o dardo não chegou nem perto de atingir.
- Aswad esperava por uma chance de pegar a criatura desprevenida, entretanto, ela estava prestes a atacar e possivelmente matar a mulher e mesmo o ladrão não podia deixar que isso ocorresse. Correu o mais rápido que pôde na direção do duplo com a espada curta e o atingiu no braço, em seguida, recuou, mas não o suficiente dessa vez.
- O sósia foi em sua direção e com as duas mãos o arranhou no peito, rasgando a armadura de couro, a camisa, a carne e os músculos do tiefling. Quando o ladrão caiu arfante, misturando sangue e ar em seus pulmões, o duplo se aproximou, fechou o punho e socou a consciência de Aswad para fora de seu corpo.
- O monge assistiu a cena de cima da mesa em pânico, ele tinha um dardo, apenas um dardo e teria de apostar tudo nele. Fararëyn segurou a arma entre os dedos, sua mão tremia, não importava o quanto ele se concentrasse. Ele respirou fundo enquanto o monstro corria para seu campo de visão.
- O assassino arremessou seu último dardo que, cortando o ar, fincou-se na jugular do monstro. A criatura parou, endireitou o corpo, olhou para o monge e, no instante seguinte, desabou morto no chão.
- Fararëyn desabou em cima da mesa de pedra, deu o dedo do meio para o monstro já morto e respirou fundo. Ele tinha tecnicamente matado o Krause , trabalho cumprido, podia sair dali sem se preocupar com os outros dois e ninguém o julgaria por isso. Bom, talvez os dois tiefling o julgassem, mas ele não se importava. Sua consciência pesou, um raro momento, mas ele tentaria salvá-los, ainda que não pudesse fazer muito com seus conhecimentos médicos precários.
- Desceu da mesa e se aproximou de Aswad , o tiefling estava de braços abertos no chão com um rasgo gigantesco no peito, seus olhos encaravam o teto abertos, mas seu coração ainda pulsava. O monge não fazia ideia de como ajudar, então se aproximou e fechou os olhos dele com as mãos. Foi até Kalö, a mulher não estava tão mal quanto o outro, apesar dos diversos ferimentos, o que mais a machucou foi a pancada na cabeça. Ele a cutucou diversas vezes, mas ela não esboçou reação. O monge foi até o canto da sala, pegou um pouco da água pútrida com as mãos e jogou no rosto da tiefling. Ela acordou assustada.
- A paladina olhou ao redor preocupada, viu o corpo do duplo e do ladrão estirados no chão e, ainda cansada, se levantou para checar. Ela se aproximou do sósia, estava completamente morto, em seguida foi até Aswad , aproximou ambas as mãos de seu corpo e usou sua última gota de magia para curá-lo, não era muito, mas foi o suficiente para fazer com que os piores ferimentos se fechassem e o tiefling acordasse.
- Os três estavam no limite, acordados, mas sem condições de se envolver em outra luta. Eles ajeitaram os itens e se juntaram no meio da sala para conversar. Entretanto, antes que conseguissem, uma golias adentrou o local, ela usava roupas escuras e trazia várias armas diferentes presas à cintura, tinha mais de dois metros de altura e um chapéu de pirata cobria a careca, deixando as orelhas pontudas para fora. Eles a conheciam, aquela era Valendra Anthar, uma das pessoas mais renomadas de Irëng , líder da frota de navios e principal responsável pelo comércio e guerras com outros continentes. Todos se perguntaram o que ela estaria fazendo ali.
- Valendra se aproximou de Kalö e com um soco na nuca desacordou a mulher, em seguida fez o mesmo com Fararëyn e Aswad. Com o grupo caído no chão, ela pegou o amuleto que estava no pescoço do tiefling e saiu do local.
Aswad/
Tiefling/
Fararëyn/
lorde Berndt Krause/
Kalö/
Shensuur/
diabretes/
Corlous/
Irëng/
golias/
Valendra Anthar/
Gudzal Morigak/
Destruição divina/
Remove these ads. Join the Worldbuilders Guild
Comentários