“Em tarde hora da noite uma educada dama pede para ingressar na taverna, há poucos clientes no local, e os que lá se encontram estão bêbados. Ela senta-se ao balcão e pede uma taça de vinho, mas pede-a vazia e sem nenhum licor por hora. O taverneiro acha estranho, mas antes que possa questionar seus olhos encontram os da dama e, como um fiel amigo, ele faz o que ela pede, incluindo manter-se em silêncio e fechar portas e janelas. No dia seguinte, em mesma taverna, guardas fecham o lugar e levam o dono do lugar preso pelo assassinato de seus clientes e ainda julgado de bruxaria, pois seus corpos eram cascas vazias sem sangue algum” - Contos de Guimel
O Vampirismo
Não há mente sã que trata o vampirismo por algo diferente de uma maldição, pois mesmo aqueles que acabaram abraçados pela sede de sangue com boas intenções acabam por se corromper com o passar do tempo, afinal o homem não nasce mal, mas sua condição o corrompe. No caso do vampirismo, uma maldição que lhe obriga a se alimentar da vitalidade de outros seres em plena consciência, é muito fácil ter seus ideias e morais deformados para algo mais sombrio.
Fadados a seu destino cadavérico, os vampiros são criaturas que habitam a noite por não poderem tocar o dia, caçados pelos raios solares como uma punição divina, e que se dividem em grupos familiares deturpados em seu mais puro conceito e oriundos de diferentes regiões de Pheros
O Precursor da Maldição
Tal como diversas outras maldições imortais, o vampirismo teve sua origem na primeira criatura feita sem alma e tratado como impureza do mundo mortal, o primeiro ser que caminhou entre vida e morte no plano mortal, o Regente Escarlate. O patrono dos mortos-vivos, em seus primórdios, não passava de uma figura amedrontada que buscava fugir da ira dos deuses e aprender sobre o mundo no qual ele foi integrado, e o que se sabe é que entre seus diversos feitos encontra-se a criação do conceito, que como a maioria de suas descobertas viria a ser abraçada por outras deidades no futuro, e este seria o vampirismo.
Tomos antigos contam sobre diferentes momentos da história onde um homem ou uma mulher teria retornado de um evento tratado como sem sobreviventes, desde uma batalha sangrenta e devastadora cujo lado derrotado teria sido massacrado ou o incêndio do casarão de uma família nobre. O fator comum entre esses casos é que o indivíduo sobrevivente retornava com seus olhos rubros e uma forte convicção de manter sua história viva em linhagens, fossem estas desde grupos de discípulos até a algo mais familiar como um cônjuge, normalmente que já tivesse filhos. Contudo, esse ímpeto era banhado em algo mais conturbado e ímpio, pois aqueles que se alinharam às castas familiares do Regente Escarlate eram alvo de seus novos experimentos em busca da existência eterna, e por mais que não se saiba ao certo do como os primeiros surgiram, estes eram capazes de manter sua aparência intacta pelo tempo desde que consumissem a fervente ambrosia da vida: o sangue.
Os vampiros não eram criaturas que nasciam malignas, muitos eram apenas familiares da nova casca que o patrono dos mortos-vivos habitaria, outros eram amantes ou amigos de longo tempo, mas a tutela e convivência com o regente e a necessidade física de se alimentar da vida os faziam caminhar para um abismo no qual o caminho fácil para sobreviver corrompia suas morais e costumes, geralmente os levando à face mais sórdida da loucura.
Inúmeras vezes, entretanto, essas primeiras crianças da noite acabam caçadas e exterminadas quando sua sede ficava mais evidente, fossem pessoas que se revoltaram contra lordes tiranos, caçadores da noite que começavam a criar suas ordens, ou até mesmo fiéis dos deuses que abraçavam sua missão de caçar o Regente Escarlate e todas suas proles que apodrecem as terras.
Castas e Clãs
Os vampiros, desde os primórdios, foram apresentados a um conceito de coletividade nefasta, formando grupos onde os fortes dominam e controlam os fracos, seja dentro de uma sociedade civilizada com senhores que carregam títulos de nobreza e servos, num grupo de guerreiros selvagens que obedecem aos comandos de seu chefe guerreiro, ou até mesmo dentro de cultos religiosos agindo como a voz divina com seu seguidores fanáticos. A verdade é que não importa como são formados, os vampiros costumam criar um ambiente de coletividade, domínio e hierarquia.
Indiferente aos clãs, os vampiros são divididos em uma hierarquia de poder que pode ter nomes diferentes em seus grupos, mas acaba sendo respeitada em confrontos pelo único resquício de humanidade que essas criaturas costumam manter intactas: a autopreservação.
Hierarquia da Linhagem
Dentro das linhagens de poder nenhum vampiro em sã consciência arrisca ir contra um mais elevado, pois isso pode significar arriscar dar fim a toda sua linhagem e existência. Assim, mesmo que signifique o senhor feudal dar espaço e buscar negociar com um bárbaro sanguinário que ameaça invadir suas terras com um grupo muito menor que as tropas da cidade, o senso de sobrevivência segue os guiando a respeitar a hierarquia de linhagem.
Elevar sua linhagem significa escalar a pirâmide social na sociedade vampírica, mas também significa se tornar alvo de outros vampiros maiores que podem vê-lo tanto como uma ameaça quanto como um potencial para eles crescerem ainda mais. Há apenas uma maneira de se elevar na hierarquia de linhagem: sangue. Os vampiros ficam mais fortes conforme se alimentam, quanto mais vidas saciam a sede do vampiro mais próximo ele se encontra de elevar sua linhagem, contudo por mais que vidas mortais os sustentem e, em quantidade absurda, possam de fato guiar um vampiro a elevar sua existência, a verdadeira forma de aumentar sua linhagem está em um ritual horrendo em que o vampiro devora o sangue e essência de outro, assim tomando sua essência para si e elevando a sua própria linhagem, este é o rito da Diablerie.
A hierarquia é dividida da seguinte forma:
- Matusaléns: Esses são os mais poderosos em suas linhagens, normalmente são os fundadores de clãs, e acabam por muitas vezes serem os vampiros com maior tempo de existência dentro da sociedade vampírica, normalmente descendendo diretamente das primeiras famílias do Regente Escarlate. Estes vampiros são o apogeu de sua linhagem, carregando poderes além da compreensão, mas também o maior peso de sua eterna maldição. O que se sabe desses seres é que eles vivem aprisionados pela própria sociedade vampírica, pois sua existência é um risco aos outros clãs, visto que estes seres têm a mente completamente tomada pela loucura da eras, carregando uma sede infinita e nenhum filtro para cometer o ritual da diablerie apenas para saciá-la, ou seja, eles são o pináculo de suas linhagens, mas também o pináculo da desumanidade.
- Anciões: Fazendo parte do topo possível de se ansiar atingir da pirâmide, os anciões são poderosos vampiros que somam idade, incontáveis vidas drenadas e o domínio impecável das artes de sua linhagem e fazem sua existência sobressair seu diminuto número. Estes seres não conseguem realizar o salto de poder para um Matusalém, mas conseguem facilmente projetar sua presença sob qualquer outro membro da sociedade, assim sendo muitas vezes os responsáveis por gerir os clãs. Não há mais a necessidade de buscar aumentar sua linhagem, a diablerie se torna uma forma de demonstrar força e manter o respeito de seus subalternos, ou diversão em alguns casos.
- Sucessores: Sendo a posição que todo recém-transformado almeja, os sucessores são aqueles que sobreviveram ao tempo como Neófitos e a eles foi conferida a liberdade por seus antigos senhores. Sucessores são os vampiros comuns, carregando o poder do sangue com aptidão quando se dedicam ao mesmo, como não há muitos outros níveis da hierarquia acima ou abaixo, acaba por existir uma variação de poder muito grande entre os sucessores, alguns podendo ter se alimentando de diversas vidas e serem capazes de realmente buscar se tornar anciões, enquanto outros são apenas sobreviventes que buscam lidar com sua maldição e mal se alimentam, mas dominam sua linhagem, assim sendo mais fracos que muitos outros, podendo nunca deixar sua posição hierárquica.
- Neófitos: A base da pirâmide, os neófitos são vampiros recém transformados e fracos comparados a qualquer outro membro da casta, apesar de haverem exceções de neófitos capazes de desafiar sucessores, contudo a verdadeira maldição dos mais fracos da hierarquia é que os mesmos estão presos a seus senhores, aqueles que os transformaram, sendo incapazes de negar suas vontades e ordens. A única forma de um neófito se livrar dessa maldição é buscando a cura, conquistar a morte de seu criador ou depender da boa vontade do mesmo para libertá-lo de seu domínio e controle, assim criando uma nova ameaça à sua preservação.
Há, ainda, aqueles que teorizam a existência de uma quinta ordem hierarquica composta pelos mestiços vampíricos, como os Dhampiros. Contudo, como estes são muitas vezes tratados como convidados com influência tão grande quanto à de um Neófito, acabam por serem excluídos da hierarquia.
Clãs Vampíricos
Como dito anteriormente, essas criaturas eternas vivem em grupos, sejam eles deturpadas noções familiares, conexões monárquicas, cultos religiosos ou até mesmo brutos selvagens. Essa cultura veio a criar os clãs, descendendo dos matusaléns que sobreviveram aos primeiros expurgos e caçadas contra sua raça. Cada clã carrega suas próprias características em sua linhagem, assim como traços culturais e maldições específicas, herdadas por defeitos de seus fundadores:
- Clã Maquiaveli: Também conhecido por ser o clã dos reis, os Maquiaveli descendem diretamente de uma longa linhagem de nobreza e criam uma relação de reinado, com seus reis, príncipes, duques, cavaleiros e servos. São um clã muito antigo e que atua principalmente na região central do continente, hospedando membros de sua linhagem em cargos de poder político pelas cidades, principalmente Tremere. Membros deste clã são conhecidos por sua linhagem carregar um curioso poder de influenciar e dominar outros indivíduos, assim podendo fazer outros se apaixonarem ou congelarem em horror.
- Clã Draculea: Chamados como o clã dos sanguinários, os Draculea são fruto de um matusalém violento originado do extremo norte que vivenciou o sabor do sangue mesmo antes dele ser necessário para sua sobrevivência, caminhando em batalhas e confrontos com suas tropas e deixando como recordação corpos empalados. O clã mantém-se majoritariamente na região do extremo norte, principalmente o reino de Skord, onde criam seus enclaves de soldados e buscam criar atrito e incentivo aos homens em investir em suas guerras e batalhas, pois é isso que membros desse clã são conhecidos por: lutar. Suas habilidades físicas muito além do sobrenatural são capazes de destruir armaduras de metal com facas como se cortando manteiga e tão resistentes que dizem ser capazes até mesmo de sobreviver mais tempo ao sol.
- Clã Besthay: O clã dos selvagens, os Besthay são um grupo originário das terras mais selvagens de Pheros e não tem ligação com o Regente Escarlate, sendo eles originados de uma bênção que muitos usuários das dádivas primitivas receberam de um dos patronos da noite, Camazotz, o espírito de um colossal morcego cujo corpo banha-se na escuridão da noite. Com isso o clã não costuma ser tão vilanesco quanto outros, mas apenas se não estiver invadindo território selvagem que eles habitam, pois esses vampiros territorialistas habitam pontos não civilizados do continente, tendo seu foco maior na Ilha dos Ecos, onde suas tribos se reúnem ocasionalmente, visto que o clã é majoritariamente nômade. A força da linhagem dos Besthay é justamente uma forte ligação com a besta interior, visto que diferente de outros clãs, estes de fato herdam sua maldição de Camazotz, assim senho conhecidos por terem sua forma tomada por traços animalescos em certo momentos.
- Clã Tenebris: Também chamados por clã de bruxos, os Tenebris são um clã formado por vampiros que não descendem diretamente do Regente Escarlate, mas sim de contratos feitos com outros poderes planares, como o príncipe dos mortos-vivos, Orcus. Os membros desse clã não passam de cultistas e pesquisadores do arcano que escolheram não estabelecer um limite em suas ações e por isso acabam amaldiçoados à não-vida e com suas almas destroçadas pelos rituais que exercem. O clã atua por todo o continente, com suas raízes em Neth’hare, mas ainda possuindo o estranho senso de conexão intrínseco a todo vampiro, e este se revela em cultos e encontros onde esses vampiros partilham seus rituais e conhecimentos nefastos, que também são a força do clã, sendo capazes de usar sangue e sua própria alma para despertar poderosos feitiços.
- Clã Sicco: Os assustadores vampiros que caminham entre as dunas, os Sicco, ou o clã de assassinos, são um clã muito antigo com raízes fortíssimas no sul do continente, habitando o árido deserto e caminhando sob as escaldantes areias de Ishaar. Sua linhagem dá a eles dons que os permitem sumir em meio às areias, alguns dizem que isso é uma habilidade que os permite se tornar névoa, outros que eles são capazes de poderosas ilusões e atingem a verdadeira invisibilidade, mas isso é perda de tempo a se pensar quando tem de se preocupar em não ser fatiados pelas lâminas envenenadas de um Sicco. A noção de grupo dos Sicco é uma das mais fortes, sendo uma relação imutável de irmandade, onde todos são de fato família, por mais que a família seja muito rígida entre si. O clã, apesar de sua alcunha, não é puramente má, mas sim formada por mercenários que aceitarão qualquer serviço e o farão com expertise, pois para eles o melhor sangue vem daqueles que marcaram tanto a vida de outros ao ponto de serem marcados para morte.
- Clã Nosferatu: Os horrendos membros do clã de “ratos”, os Nosferatu são um clã que habita áreas civilizadas, mas diferente dos Maquiaveli eles são obrigados a se esconder nas periferias e esgotos devido à maldição de sua linhagem tornar sua aparência horrendo e impossível de esconder sua real natureza. para um Nosferatu a noção de grupo é muito importante, apesar de eles não partilharem a ideia de família, mas sim de trabalhadores onde todos sem suas tarefas e responde a seus superiores para que a rede de informações siga completa e capaz de vender inúmeros tipos de dados. Na sociedade vampírica eles são os ouvidos e sussurros, sendo parte do poder de sua linhagem a capacidade de controlar feras e seus sentidos, tal como o de mascarar sua existência grotesca para se infiltrar na sociedade mundana.
- Solitários: Também conhecidos como os sem clã, os solitários são um grupo que muitas vezes tem origem em uma linhagem, mas escolhem abandonar sua cultura, legado, e deveres. Alguns destes na verdade não abandonaram nada, apenas foram transformados por vampiros que já haviam abandonado, e ainda há aqueles que se transformaram por métodos diferentes e que, por não possuírem um matusalém ou um grupo de anciões, acaba por não ser reconhecido pelos demais como um clã, sendo lançado aos párias da sociedade. Não há uma característica marcante nos solitários, há os que acabam por ter traços de linhagem de outros clãs, enquanto há outros que não possuem traço nenhum, e ainda existem os casos raros de solitários com características especiais que nenhum outro clã detém.
Vampírificação e Cura
A realidade da sociedade imortal é que há neófitos cuja origem é desconhecida, recente e inovadora perante os olhos dos anciões, mas estes costumam ser a minoria enquanto a grande maioria vampírica se divide entre os três ritos de transformação, sendo estes: o abraço, a comunhão e o despertar.
- Rito do Abraço: Vampiros originados dessa forma são aqueles cujo suspiro de vida lhe foi roubado pelo completo drenar do sangue de seu corpo, e no lugar de se descartar a carcaça o sucessor, ou ancião, dá-lhe o sopro de não-vida, assim transformando o antigo mortal em um neófito a sob seu controle. O rito do abraço costuma ser muito mais íntimo, sendo o mais usado entre os membros dos clãs Maquiaveli e Sicco.
- Rito de Comunhão: De maneira bastante oposta ao anterior, os vampiros originados dessa forma são levados à maldição da não vida sem mínimo consentimento, sendo apenas criaturas que foram mortas, em alguma ocasiões sequer pelo vampiro que exerce o rito, e são enterradas após forçadamente beberem ou terem o sangue do sucessor, ou ancião, derramado em suas bocas, despertando no próximo anoitecer como um neófito sob o controle de seu criador. O rito da comunhão não se importa com laços diretamente, muitas vezes usado para erguer campeões inimigos como soldados particulares ou apenas para aumentar sua família, sendo o mais usado entre os membros dos clãs Draculea e Nosferatu.
- Rito do Despertar: Por fim, fugindo um pouco da questão de intimidade ou consentimento, os vampiros originados por tal rito são caracterizados por sua origem estar diretamente ligada a poderes planares que exercem influência sobre os mortais, assim os guiando à realização de rituais nefastos para se adquirir as bênçãos da noite. Normalmente esses rituais envolvem sangue, variando do sangue de feras ao de humanoides, mas sempre obrigatoriamente o de um sucessor, ou ancião, que é normalmente quem leva os mortais aos rituais, e os força a completá-los quando há desistências. Há diversas variantes desse rito, mas ele em sua totalidade conta muito mais com uma atuação indireta de vampiros superiores que buscam crescer seus conventos, assim sendo o usado entre alguns membros dos clãs Tenebris e Besthay.
A maldição, entretanto, não é realmente eterna e inquebrável para os vampiros mais jovens, apesar de requerer um grande esforço para abandoná-la. Existem métodos mais conhecidos de cura, que muitas vezes requerem o uso de feitiços poderosos como
Desejo ou
Ressurreição Verdadeira perante o corpo do vampiro recém destruído ou com uma estaca em seu peito dentro do caixão, ou tendo-o como alvo se o mesmo for voluntário ao feitiço.
Além disso, entretanto, há diversos outros métodos famosos dentro da sociedade de caçadores e próprios vampiros, estes vão desde caçar o vampiro que transformou o novo amaldiçoado e fazê-lo banhar-se com suas cinzas e ficar sob a luz do sol até um estágio de quase morte, a até algo como buscar finalizar o contrato com a entidade responsável por dar ao vampiro sua maldição.
Diablerie e Sede Eterna
A maldição da vida eterna tem seus benefícios e às vezes atrai indivíduos que buscam transcender as eras, mas como já dito, ela traz diversos pesares, desde a proibição de andar sob a luz do dia à sede insaciável por vitae.
Os vampiros necessitam se alimentar de sangue para conseguirem manter seu aspecto, tanto físico quanto mental, e por mais que alguns isso não fira seu eixo moral, para outros esse traço é grotesco, e pior, inevitável. Vampiros que não se alimentam de sangue tem seu físico decadente, cada vez mais revelando sua verdadeira natureza morta-viva, ficam enfraquecidos, lentos e tornam-se alvos fáceis, mas não suficiente, ficam também cada vez mais perto do descontrole, um estado de espírito onde essas criaturas que se consideram superiores acabam por se tornam não mais que bestas famintas: o frenesi.
É dito que o frenesi leva o vampiro à sede incontrolável, entrando em um estado em que o mesmo cede por completo à sua natureza desmorta e ataca qualquer ser vivo, priorizando sempre aqueles que possuam sua fonte de alimento, mas não parando em uma única refeição e sim buscando um longo banquete. Atingir o frenesi, entre os vampiros, é um grande sinal de fraqueza e até mesmo motivo de ridicularização, sendo asqueroso à sociedade ceder ao descontrole, contudo esse traço cultural fora implementado pelo medo dessa sede atingir níveis tão elevados que o vampiro não busque apenas sangue mortal, mas também vampírico.
O medo desse fenômeno cresce perante aqueles que foram capazes de encontrar com algum matusalém, visto que os mais velhos vampiros já cederam à loucura da maldição e não só vivem em sede eterna como também buscam, constantemente, se alimentar de outros vampiros para se nutrir-se verdadeiramente. Entende-se então que há como alimentar-se de outro vampiro, e por mais que esse conhecimento seja público, também é o de que vampiros costumam ser caçados por realizarem o mesmo, e não apenas pelos caçadores de criaturas das trevas, mas também a própria sociedade vampírica. A ato de drenar o vitae de outro vampiro é chamado de Diablerie, e é condenado entre a sociedade pela simples razão de que um vampiro alvo de diablerie tem sua alma destruída, se tornando parte da alma daquele que o devorou como lenha para um fogueira. Contudo, realizar a diablerie não é simples e requer muita força de vontade do próprio vampiro para que sua alma não acabe destruída pela tentativa de consumo, criando casos de vampiros que tornam-se apenas vegetais de mente estilhaçada após uma diablerie falha, tal reação é principalmente comum entre vampiros de menor hierarquia que tentam consumir um vampiro de hierarquia superior para tentar elevar a sua própria, sendo muito difícil fazê-lo quanto mais alta a linhagem da vítima e, em um caso, até mesmo pode ser considerado impossível quando se trata da insana tentativa de diablerizar um matusalém.
A Sina do Amaldiçoado
A maldição do vampirismo não é contagiosa como outras, mas acaba por afetar mais indivíduos do que o desejado para aqueles que caçam essas criaturas da noite. Entretanto nem todos os vampiros são criaturas malignas ou que escolheram seu destino, alguns apenas acabaram amaldiçoados por um vampiro irresponsável ou que buscava aumentar o número de seus subordinados, e ainda há aqueles que acabam por partilhar a maldição por mero entretenimento, assim há diversas formas de se tornar amaldiçoado, tal como diversas razões para esses amaldiçoados buscarem se aventurar, desde a procura pela cura até a tentativa de usar seus dons sombrios para lutar contra outras criaturas da noite. Indiferente do motivo, aventureiros que escolhem manter-se amaldiçoados costumam ter de lidar diariamente com os riscos de trazer perigo a aqueles ao seu redor diariamente.
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