Yao, o Deus da Guerra
Talvez não seja uma surpresa que Yao seja o Deus que mais matou outras entidades, assim como o Deus em nome do qual mais povos foram eliminados: centauros, sátiros e dríades são apenas uma fração de uma longa lista de raças que desafiaram os seguidores do Deus da Guerra.
Origens
Nascimento e infância (750 a 757 E.C.)
Dos cantos e poemas que citam a infância do Deus da Guerra, poucos se referem a seus pais. Uns dizem que eram pescadores ribeirinhos na parte sul do Zamano, outros falam que eram fazendeiros no Planalto Central, e alguns poucos ainda atribuem sua humilde linhagem a vendedores itinerantes. Uma coisa é certa: Yao não nasceu nobre ou rico, não descendia de uma família poderosa ou com prestígio na sociedade da época, era uma criança qualquer, que muito provavelmente fez o que outras crianças de origem simples faziam: brincava com vizinhos, ajudava os pais e sonhava com a fortuna e glória dos nobres cavaleiros da época.
A meritocracia do militarismo zhariano é até hoje uma das marcas deixadas por Yao. Antes dele, aqueles com acesso a equipamentos de qualidade, cavalos e treinamento eram apenas os filhos dos condes e duques, resultando em regimentos, legiões e divisões extremamente ineficazes se comparadas com os padrões atuais.
Yao perdeu os pais num ataque de tardos, um evento lamentavelmente comum na vida dos menos afortunados de Gondwana. Naquela época, meninos órfãos ao longo do rio Zamano tinham três opções: a primeira era trabalhar nos portos ou embarcações da costa oeste e torcer para aprender o suficiente sobre navegação para entrar numa tripulação. Era um tempo de forte expansão naval na região e havia muito dinheiro para aqueles dispostos a navegar.
A segunda opção seria trabalhar nos estábulos e cozinhas das cidades ribeirinhas em troca de restos de comida e talvez uma cama de palha do lado de fora do estabelecimento. Uma opção perigosa, visto que poucos donos de estabelecimentos se responsabilizavam por jovens atacados por tardos na calada da noite.
A terceira opção seria tentar lugar numa caravana de paladinos recrutadores mitranianos, que por vezes passavam pelas cidades e vilas em busca de jovens órfãos para servirem nos templos da Trindade Branca. Essa opção era a mais nobre, mas também exigia uma quantidade considerável de sorte, visto que não havia como saber quando e onde os paladinos apareceriam. Yao, no entanto, cravou uma quarta opção. Matou um tardo com as próprias mãos aos sete anos.
Existem diversas versões para esse evento. Numa delas, Yao ouve os gritos de uma família de fazendeiros enquanto dormia num estábulo, pula pela janela da casa, pega uma faca e abate a criatura. Em outras versões contadas mais ao sul, ele teria salvado a filha de um canavieiro quando um tardo tentava arrastá-la para dentro da mata, e ainda há algumas versões em que Yao persegue os próprios tardos que mataram sua família, e consegue alcançar um deles e matá-lo com uma pedra.
A notícia da bravura de uma criança tão nova chega aos ouvidos dos soldados do condado local, que decidem adotar o rapaz e treiná-lo coletivamente. Assim começa o treinamento de Yao.
É importante ressaltar também que ninguém sabe o nome de nascimento do Deus da Guerra. O nome Yao foi escolhido por ele mesmo na época de seu treinamento, e o jovem nunca disse seu nome verdadeiro a ninguém. Tudo que sabemos é que o nome significa “Guerra” na já extinta língua dos Filhos do Sol.
Treinamento e juventude (757 a 764 E.C.)
Os soldados que treinaram Yao eram homens simples e sem nenhum título. Escudeiros e capatazes de senhores de cavalos do Planalto. Ao contrário do que alguns condes ao longo da história tentaram nos convencer, nenhum nobre financiou diretamente o treinamento do então jovem órfão. O local exato do condado onde Yao teria treinado também é uma incógnita. Algumas linhagens nobres tentaram dizer que era seu o pedaço de terra no qual o Senhor da Lança e do Escudo teria treinado, mas sem sucesso.
Yao era o fogo em sua máxima expressão: proativo, corajoso e impetuoso. As histórias sobre sua juventude mesclam grandes feitos com um toque de inconsequência e irresponsabilidade tão típicos do fogo em seu estado menos maduro. O jovem foi aos poucos superando seus pares de mesma idade e, perto dos 14 anos, já era claramente mais habilidoso que vários dos soldados que lhe ensinaram.
Já era comum naquela época capturar monstros relativamente pequenos e fracos para servir a rituais de certame. Os tardos costumavam ser a primeira opção por nunca estarem a mais de um dia de viagem das vilas ribeirinhas e por serem fáceis de carregar depois de capturados. Yao, no entanto, não estava interessado em matar as criaturas que já não lhe eram desafio nem aos sete anos. A maioria dos seus mentores concordava que um prodígio merecia um desafio a altura, e o segundo monstro que mais causava mortes no Planalto Central foi considerado: o Karí.
Era evidente que esse era o nível de desafio que o jovem queria, a despeito de protestos de alguns de seus mentores. Antes da data prevista para seu certame, no entanto, como se o próprio Destino já visse o potencial do candidato ao Panteão, uma alcateia de karís ataca a vila na qual ele e seus mentores treinavam. Yao, armado apenas com uma espada comum e sem nenhum outro equipamento (armadura ou escudo) mata dois karís adultos logo antes de completar 14 anos.
Fica mais que comprovado que o jovem é um prodígio. E a batalha é considerada como certame válido. Yao é aceito como guerreiro, mas recusa o convite dos nobres locais para virar cavaleiro ou guarda pessoal. Curioso e ávido para dominar melhor seu elemento, ele decide aprender com os Filhos do Sol, e viaja com alguns companheiros para Zhária.
Forja Mágica e treino com os Pavaki (765 a 768 E.C.)
Até hoje não se sabe ao certo como foi o treino de Yao com os pavaki em Zhária. Na época, seres humanos não gozavam de elevado prestígio com os Filhos do Sol e não tinham acesso a atividades que não fossem agricultura e artesanato. Yao certamente deve ter impressionado a raça do fogo para convencê-los não só de deixa-lo participar dos treinos de combate, mas também aprender sobre forja piromântica.
Durante esses três anos, Yao aperfeiçoa seu treino no elemento fogo e forja seu primeiro item mágico: a lança longa Anki. Munido dessa arma formidável, ele volta e começa a treinar o que antes era um amontoado de homens com espadas e lanças e transformá-los em um corpo coeso, capaz de fazer formações de batalha. Imagina-se que alguns nobres provavelmente tentaram canalizar toda essa energia e evocar para si o comando do batalhão que se formava sob o comando de Yao. Nenhum obteve sucesso por um simples fator: a alta popularidade dos homens de Yao, capazes de fazer frente todas as ameaças que afligiam os ribeirinhos na época. Os cavaleiros da época não estavam muito dispostos a manchar suas capas de seda ou arranhar suas armaduras banhadas a prata e ouro. Yao e seus homens, por outro lado, colocavam-se na linha de frente e faziam seu trabalho muito bem.
Guerra Dracônica (768 E.C.)
A Guerra Dracônica foi o momento em que todo o treinamento e preparo trazido por Yao mostrou sua eficácia. O desespero de ficarem presos entre karís ao sul e dragões ao norte dissolveu qualquer chance de cooperação entre os condes, alguns simplesmente pegaram todas as suas riquezas e abandonaram seus condados, correndo para os portos a oeste. Sem liderança e proteção, Yao e seus homens foram a única força que impediu que os humanos do Planalto Central fossem totalmente aniquilados.
O jovem transformou fazendeiros, pescadores e simples mercenários numa máquina tão formidável de combate, que até os pavaki ficaram impressionados. Apesar das baixas, os exércitos conseguiram, em dois meses, parar o avanço dos karís em toda a região sul com as novas formações em falange, eliminar diversos trasgos com táticas avançadas de combate com piromancia e até matar dois dragões na região noroeste do Planalto Central.
Até hoje, diz-se que foi Anki, a lança mágica de Yao que deu o golpe final nos dois dragões abatidos pelo seu batalhão.
Estas batalhas marcam um ponto importantíssimo na história de Gondwana, no qual humanos aprenderam a canalizar a energia do fogo com elevada maestria, projetar-se em um líder que estava na linha de frente ao invés de esconder-se em uma suntuosa mansão e perceber que, com estratégia e coesão, eram sim capazes de vencer inimigos mais poderosos que meros tardos.
Forja de outros itens (769 a 782)
Sabe-se que Yao forjou outros itens mágicos sob a tutela dos mestres-de-foja antes de sua morte, mas até hoje não sabemos seu paradeiro. Os artefatos seriam:
A espada curta Olin: supostamente feita com as obsidianas do monte Zacan, esta espada seria capaz de até perfurar escamas dracônicas. Alguns relatos dizem que ela foi empunhada pelos primeiros reis guerreiros de Zhária na Era do Caos, mas não há confirmações em registros oficiais. Não se sabe seu paradeiro atual.
O escudo Tenan: Feito com bronze e banhado em ouro, o escudo teria o desenho da Grande Serpente Alada e inscrições na língua dos filhos-do-sol. Foi destruído na batalha contra Tyhamarat, o Devorador, enquanto empunhado por Elyon, o Magnífico.
O elmo Koron: O elmo é o item do qual menos sabemos. Acredita-se que foi destruído na última batalha do qual Yao participou.
O peitoral Tepec: Empunhado por Elyon, o Magnífico na batalha contra o Devorador e depois mantido em Zhária, na sala do Trono do Sol como um um lembrete da grandeza do feito do grande rei, Feito em bronze e banhado em ouro, o peitoral é relativamente simples, tendo apenas o símbolo do Deus-Sol no centro e os típicos padrões pavaki ao longo das laterais. Como outros itens forjados na mesma época e com a mesma técnica, o peitoral protege o usuário de fogo (mesmo dracônico) e não pode ser trespassado por armas não mágicas, não importando a força do ataque.
As botas Yohu: As botas foram destruídas na Era do Caos na Batalha das Quimeras, usadas pelo General Arius II, que morreu em batalha.
Morte em Batalha (783 E.C)
O Senhor da Lança e do Escudo foi um humano que muito provavelmente não diferia muito da aparência dos ribeirinhos da época: estatura média, cabelos negros ou castanho escuros e de pele acobreada. Algumas pinturas e esculturas tentam reproduzir sua aparência sem seu famoso elmo, mas a grande maioria dos Zharianos conhece a figura do Deus da Guerra com sua armadura completa.
O Estandarte de Guerra de Zhária é, para todos os efeitos, o símbolo oficial do Deus da Guerra. Comumente carregado pelas forças zharianas em suas campanhas, a lança sobre a bandeira vermelha é um símbolo tão temido quanto famoso, apesar de não ser o símbolo oficial do reino.
Domínios e Valores
Guerra
Quem não é capaz de violênica não é pacífico, é inofensivo. Se quer paz, prepare-se para a guerra.
Força
Não há liberdade na impotência da fraqueza. O caos não discerne o nobre do comum, o letrado do camponês. O caos apenas devora os fracos.
Vitória
A obrigação do guerreiro é a batalha, custe sangue ou suor. A glória e os espólios da vitória são, portanto, direito do guerreiro.
Forja
O ferro é a principal herança dos Filhos do Fogo na batalha contra o caos, virtuoso é aquele que domina seus segredos.
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