Dragões
Venha a mim não só meu Deus
Venha todo o Panteão
Se um dia eu estiver
Frente à frente com um dragão
Origem
Acredita-se que todos os dragões descendem de Raksas. O Primeiro Dragão nasceu em algum momento da Era da Gênese em Gondwana e, na cordilheira que hoje leva seu nome, cresceu e começou se proliferar e devorar tudo em seu caminho. Quando foi morto na era seguinte por Mitra, Raksas já teria deixado pelo menos três descendentes.
Destas três terríveis bestas descendem todos os outros dragões que viveram ou ainda vivem neste mundo e, ainda que pouquíssimos em nossa era tenham acumulado poderes comparáveis ao de seus ancestrais, é consenso que os dragões continuam sendo nossos inimigos mais poderosos. Não foram poucas as vezes na história em que dragões dizimaram povos, obliteraram cidades e devastaram terras. Nenhum conto, lenda, mito ou relato que envolva uma dessas bestas termina de maneira satisfatória para os envolvidos. Ao contrário de algumas outras criaturas que já não representam mais perigo para nós nos dias de hoje, dragões são tão aterrorizantes quanto as mais hiperbólicas de suas lendas sugerem (pelo menos quando adultos).
Constituição física
Dragões têm altíssimas quantidades de mana em todo o corpo, sendo assim, todos os seus ossos são resistentes, toda sua pele é quase impenetrável e todos os seus músculos são capazes que gerar força desproporcional ao seu tamanho e constituição. Tendo dito isso, o estudo detalhado da fisionomia dracônica tem pouca relevância para os mortais, uma vez que não existe ponto no corpo de um dragão adulto saudável no qual ataques mágicos ou físicos surtam efeito crítico suficiente para justificar uma estratégia de combate que priorize acertá-lo. Em outras palavras: dragões não possuem ponto fraco.
Não obstante, uma quantidade de conhecimento considerável foi acumulada ao longo das eras sobre o corpo dos dragões. Nossos terríveis arqui-inimigos andam como felinos, têm escamas como répteis, voam como pássaros e lançam magia como perigosos piromantes.
Dragões são quadrúpedes e, apesar de serem capazes de ficar sobre as duas patas traseiras, raramente o fazem. Todas as suas patas possuem quatro dedos com garras curvas e afiadas, geralmente negras. Apesar de fortes, os membros dianteiros não são muito flexíveis, provavelmente por estarem ligados aos músculos das asas de maneira atípica.
Seus dentes são pontiagudos e curvados para trás, não tão longos que se projetem para fora dos lábios, que são rijos, porém funcionais o suficiente para reproduzir os fonemas do idioma comum. A língua áspera, pontuda e bifurcada costuma ser azul, roxa ou até negra, mas não há indícios de que ela tenha as funções sensoriais que répteis como cobras costumam possuir. A mandíbula é capaz de abrir em ângulos assustadoramente altos, como a de certas cobras constritoras, mas a força da mordida é imensamente mais forte, mesmo em termos proporcionais, do que a dos répteis que habitam o mundo.
Os chifres, tão negros quanto as unhas e dentes, são extremamente resistentes e se projetam a partir da parte superior frontal do crânio, curvando-se levemente para traz e alongando com a idade, por vezes fazendo uma segunda curva, formando um “s”.
A cauda, longa e forte, é comumente utilizada como quinto membro para atacar ou até segurar objetos e seres menores. As escamas na parte superior da cauda, assim como nas costas, são duras e pontiagudas, continuando as duas fileiras serrilhadas de escamas que convergem na ponta da cauda, que se bifurca em dois segmentos com uma protuberância óssea curva que age como uma enorme navalha.
Em terra, o movimento da coluna vertebral é similar ao dos mamíferos, caminham quase exatamente como felinos. Um dragão não costuma deslocar-se por terra se tem a opção de levantar voo, mas isso não quer dizer que seu deslocamento sobre quatro patas seja lento. A corrida de um dragão jovem é capaz de alcançar qualquer animal terrestre, até os felinos de grande porte das florestas de Odara.
Ao voar, entretanto, uma quantidade considerável de energia mágica é despendida, visto que a mera aerodinâmica de suas asas e força dos músculos provavelmente não seria suficiente para erguê-lo do chão de forma eficiente. Sendo assim, a mecânica do movimento das asas pouco tem a ver com a velocidade ou direção do voo dracônico, nenhum padrão comparável a outros animais, portanto, pode ser observado até porque são os únicos seres com quatro patas e duas asas no mundo.
Sexo e reprodução
Há poucas diferenças físicas entre fêmeas e machos, um observador leigo não seria capaz de diferenciar o sexo de um dragão em nenhuma fase de seu desenvolvimento. Os relatos e estudos disponíveis no pós-Guerra Dracônica apontam apenas um fator físico: a largura das ancas, provavelmente para facilitar gestação dos ovos nas fêmeas.
A capacidade de absorção de mágica é maior diferença entre machos e fêmeas, estas absorvem energia mágica com muito mais facilidade, possivelmente para transferi-la aos filhotes durante a formação dos ovos. Especula-se que a velocidade com a qual uma fêmea é capaz de absorver magia aumente durante a formação dos ovos e diminua em outros períodos, mas não há como corroborar esta tese.
É importante lembrar que capacidade de absorção mágica e capacidade de manifestação mágica não são a mesma coisa. Dragões machos e fêmeas lançam magias à mesma distância e com a mesma potência.
Até os 100 anos, dragões não costumam desovar. É nesta faixa de idade (Adulto-jovem) que seu covil já esta formado, ou conquistado de outros dragões rivais. Estima-se que cada desova possa produzir entre 2 e 8 neonatos, este número é influenciado pela dieta e capacidades mágicas da mãe. Acredita-se que dragões sejam capazes de desovar uma vez a cada dois ou três anos, mas sua preocupação em consolidar território e sua ferocidade para com seus pares se sobrepõe ao ímpeto da reprodução. Uma dragoa madura de 150 anos provavelmente cuida de apenas uma ou duas ninhadas, ultrapassando este numero apenas caso seu covil seja atacado e seus neonatos sejam devorados por outros dragões.
O covil
Parte da evolução de dragões se dá por meio de energia mágica. É compreensível, portanto, que essas bestas tenham uma grande preocupação em acumular itens mágicos e minerais que sejam bons condutores de magia em seu covil, de modo a criar um ambiente favorável já desde o momento da desova.
Gemas, ouro, prata e itens mágicos podem ser encontrados em qualquer covil dracônico, por vezes em quantidades suficientes para mover a economia de uma cidade inteira. Desde a Era Panteônica, inúmeros aventureiros encontraram seu fim tentando apoderar-se dos tesouros acumulados por dragões, dentre os pouquíssimos que conseguiram, o mais notório exemplo é o de Leander, o Astuto, fundador da Dinastia Aldora e o homem que transformou uma pequena vila na grande cidade de Tirsa.
Mas fogo e sangue são geralmente os resultados de um saque a covil dracônico, pois, por mais que o saqueador tenha a sorte de encontrar um covil vazio, os donos do covil eventualmente voltarão, e dragões são altamente vingativos, além de deslocarem-se muito mais rápido que humanos. A história está repleta de casos em que grupos de aventureiros voltaram para suas vilas ou cidades com carruagens cheias de imensos tesouros apenas para, algumas horas depois, serem queimados vivos pelo dono do covil que saquearam (junto com boa parte da inocente cidade).
Saquear covis de dragões mortos em embates com outros da própria espécie costuma gerar menores riscos, mas não há cenário de risco zero quando o assunto são dragões. Apenas os pavaki, no inicio da Era Panteônica, atacaram covis sistematicamente em incursões custeadas por Zhária, mas pagaram um grande preço pela audácia.
O idioma dracônico
Dragões são inteligentes e longevos o suficiente para aprenderem várias línguas. Há, ao longo da história, diversos registros de dragões poliglotas interagindo com diversas culturas, povos e raças em seus idiomas nativos. Estudos da academia indicam, inclusive, que o número de dragões poliglotas só aumentou entre a Era Panteônica e a Era do Caos, demonstrando uma clara disposição dos dragões a ensinar idiomas a seus filhotes para fins estratégicos.
As poucas vezes em que mortais puderam observar dragões se comunicando, no entanto, não foram suficientes para mapear a linguagem dracônica. A mera transcrição de seus rugidos, rosnados e sibilos não apresenta nenhum padrão comparável com nossa linguagem.
Sabemos que a vibração mágica do rugido dracônico é uma poderosa arma, e muitos acadêmicos teorizam que sua comunicação consiste em variações dessa vibração muito mais do que em articulação de sons com língua e lábios (apesar de serem perfeitamente capazes de produzi-los).
Progressão e crescimento
Ovos e primeira infância (0-4 anos)
Ovos de dragão têm entre 90cm e 1,8m e podem ser facilmente quebrados com a força humana, não importa seu tamanho. Uma vez que o filhote suga energia mágica ao seu redor, é impossível precisar o tempo que um ovo comum levaria para chocar . Dragões recém-nascidos raramente foram vistos por mortais, pois estas bestas não costumam desovar em locais acessíveis a seres não-voadores. As poucas fontes confiáveis nos levam a crer que essas bestas normalmente nascem com 2,6 metros de comprimento, 2,8 de envergadura das asas e 90 centímetros de altura, pesando 50kg (dragões nascem desproporcionalmente magros).
Relatos de saqueadores de covis raramente são confiáveis se não há um mago arcano no grupo. Aventureiros, em especial guerreiros, têm a compreensível tendência de aumentar muito o tamanho das bestas que enfrentam.
Sabe-se, entretanto, que, nos seus três a quatro primeiros anos de vida, os dragões não têm força, velocidade ou poder de fogo suficientes para representar perigo a um humano adulto treinado e equipado: suas escamas ainda podem ser penetradas por metais comuns, seus dentes não perfuram sequer placas de bronze e seu fogo não passa de uma fagulha cuja sustentação não ultrapassa um ou dois segundos.
Não é possível dizer, entretanto, que são inofensivos. Ainda são capazes matar um humano despreparado e animais como lobos, cavalos, e até alguns felinos de médio porte a depender da situação.
Sua inteligência e comportamento são similares a de um animal carnívoro de igual idade e porte. Apresentam um instinto básico de caça e sobrevivência e até alguma predisposição para brincar com seus pares, mas a inteligência cruel e sádica típica da raça ainda não está presente no início de sua vida. Nessa primeira infância, os filhotes nunca deixam o ninho, pois é muito comum serem devorados por outros dragões jovens ou adultos.
Praticamente não há crescimento ou aumento de peso na primeira infância, estima-se que, a cada ano, dragões filhotes não aumentem sequer em 1% seu peso e tamanho.
Segunda infância (5-12 anos)
A partir dos cinco anos de idade, dragões começam a engordar de acordo com sua dieta, praticamente quadruplicando seu peso num período de seis anos. Acredita-se que um dragão bem alimentado possa ganhar cerca de entre 5 e 8kg por ano (a maior parte desse peso é músculo). Sua estatura, entretanto, quase não se altera: no máximo 2cm ao ano. Sua audição já é aguçada (similar a dos caninos), mas sua visão não supera sequer a humana nesta fase. Sua sensibilidade mágica, no entanto, é excepcional. Um dragão filhote consegue sentir uma magia de 1º nível a oito metros de distância.
Alguns dragões já são capazes de voar na segunda infância, mas é uma ocorrência rara, pois a energia mágica despendida ainda é muito grande para eles. Ademais, o risco de ser devorado por outros dragões ainda é alto. Planar de acordo com o vento e suavizar quedas, no entanto, já é viável.
Quanto ao fogo, dragões na segunda infância já conseguem soltar breves labaredas que, apesar de serem suficientes para incendiar madeira, mato ou palha, dificilmente faria mais que queimaduras moderadas a um humano adulto.
É importante ressaltar que há relatos de dragões ainda na segunda infância utilizando a técnica da fornalha, que consiste em morder e segurar a presa aumentando progressivamente a temperatura da boca sem necessariamente soltar chamas.
Na segunda infância, dragões já apresentam toques de seu típico sadismo: brincam com suas presas antes de matá-las: queimando, cortando e mordendo seus corpos parcialmente durante horas antes de comê-las. Às vezes, dragões começam a banquetear-se sem sequer matar suas vítimas, devorando as partes que sabem que não são essenciais para sobrevivência primeiro, e partindo para as partes vitais por último, como se a agonia da presa adicionasse sabor especial à carne.
Sua inteligência por volta dos dez anos já é suficiente para entender a língua humana e, sendo perfeitamente capaz de produzir a nossa fala, sua voz é geralmente rouca e aguda nessa fase da vida, e o efeito intimidador do rugido ainda não está presente.
[bh2]Terceira infância (13-25 anos)
Dragões entram na terceira infância com 3-4m de comprimento e envergadura, pesando entre 220 e 280kg, e com 1,1 a 1,6m de altura. Nessa fase, os dragões começam a desacelerar o aumento de massa muscular, enquanto a taxa de crescimento começa a aumentar. Sua força física já é considerável e, na 3º infância, eles já não são mais inimigos a serem enfrentados em combate singular por qualquer um. Seu fogo, apesar de ainda não derreter metais, pode ser cuspido a dez metros de distância, inclusive no ar, pois dragões de 15 a 16 anos já são plenamente capazes de voar, mesmo que por um tempo limitado. Sem auxílio de itens mágicos ou favor divino, um humano sozinho dificilmente é páreo para um dragão nos seus 20 anos.
Na terceira infância, a cada ano, crescem cerca de 05 a 06cm e engordam entre 40-50kg. Começam a sair em duplas ou trios (sair sozinho ainda é um risco) para caçar e já têm a inteligência de um humano comum, sendo capazes de calcular custo-benefício de suas decisões com razoável precisão. A maléfica natureza dracônica já é perfeitamente visível na terceira infância, é uma fase de longas observações e grande paciência, na qual eles estudam o comportamento de suas presas e até de seus pares, entendendo melhor a caótica relação de canibalismo na qual estão inseridos.
Muitos dragões que atacaram vilas e aterrorizaram portos encontravam-se nessa fase, em que eles gostam de testar seu poder e seu efeito sobre os seres menores e mais fracos. Esses mesmos dragões são geralmente os que menos esperam serem trespassados por um tiro de balestra pesada no peito. Apesar de já terem escamas que ignoram facadas e espadas curtas, uma boa investida de um lanceiro ou armas pesadas ainda podem feri-lo.
Neste ponto, há alguma noção de outros tipos de magia: pela observação, um dragão infante já é capaz de discernir símbolos e círculos mágicos, diferentes encantamentos e transfigurações, embora ainda não as compreenda por completo. Vários dragões nessa fase já falam nossa língua e até algumas outras, mas não é uma ocorrência comum.
Juventude (26-50 anos)
Dragões jovens, com seus 1,4 e 1,6m de altura, já nos olham de igual para igual. São individualmente mais poderosos que nós em praticamente todos os aspectos e sabem disso. Suas chamas já podem ser cuspidas a quinze metros, seus músculos já exercem força suficiente esmagar nossos ossos e suas mandíbulas conseguem (mesmo que com algum esforço) perfurar a maioria das armaduras não-mágicas que produzimos. Não há real vantagem na luta contra um dragão jovem que não seja a numérica.
Já independentes e em busca de seu próprio território, a maior preocupação dos dragões jovens são outros dragões: acredita-se que o pico da taxa de mortalidade dracônica encontre-se nesta faixa. Disputas territoriais, canibalismo por parte dos maiores e meras animosidades dificultam a vida do dragão jovem, e os poucos que sobrevivem a essa fase o fazem por meio de frágeis e temporárias alianças, algumas vezes com outros dragões, algumas vezes com outras bestas.
É nesta fase que dragões manipulam as demais bestas para distrair ou desgastar seus inimigos afim de aplicar-lhes o golpe final. Também é comum que dragões em disputa arranquem as asas, cauda e uma das patas de seus adversários vencidos, mas os mantenham vivos para cumprirem seus desígnios sem, no entanto, correrem o risco de serem atacados de surpresa.
Sua percepção mágica já se compara a dos maiores magos humanos, sendo capazes de distinguir todos os sete círculos a dez metros de distância e perceber itens encantados. Alguns dragões jovens já conseguem acumular mana em pontos específicos do corpo, acelerar ou desacelerar suas correntes de mana de acordo com a necessidade. Não há, no entanto, registro algum de dragões jovens utilizando magia não ígnea em combate.
Esta é a fase da vida em que o crescimento é mais acelerado que na terceira infância, porém constante. O ganho de peso se estabiliza, ficando em torno dos 200kg ao ano.
Adulto-jovem (51-150 anos)
Pesando (no primeiro decênio da fase adulta) de seis a oito toneladas, com média de 23m de comprimento, 26m de envergadura e 8m de altura, dragões adultos-jovens já são maiores que quaisquer animais naturais terrestres. O combate singular com um dragão dessa idade não é uma opção, e só aconteceu duas vezes na história (uma delas com auxílio divino).
Nessa fase, já são invulneráveis a todos os metais não mágicos que somos capazes de fazer (e até alguns mágicos), suas chamas já chegam aos vinte metros de alcance, derretendo a maioria dos metais não-mágicos com um sopro cuja sustentação já pode chegar a 15 segundos, o suficiente para reduzir até nossos ossos a cinzas.
Suas garras e dentes também dilaceram metais não mágicos com relativa facilidade, uma armadura composta e um peito nu fazem pouca diferença contra a patada de dragão adulto. Uma vez que sua sensibilidade mágica é altíssima, ao encontrarem grupos de humanos, geralmente matam portadores de itens ou armaduras mágicas o mais rápido possível, sem se aproximarem ou sequer pousar.
Dragões adultos-jovens já são mais inteligentes que a grande maioria dos humanos. Estrategistas perigosos, raramente abrem mão da vantagem de voar, cuspindo fogo e até jogando projéteis em inimigos terrestres. Geralmente dominam a língua humana, reproduzindo uma voz grave e rouca. O rugido de um dragão adulto já contém vibrações mágicas que paralisam e tencionam animais de pequeno e médio porte, crianças e até adultos pouco resolutos ou demasiadamente cansados.
Já capazes de imbuir itens com energia mágica e criar manifestações rudimentares de escudos, esferas e projéteis arcanos, dragões adultos não são exímios magos considerando sua idade e tamanho, mas a proporção da quantidade de mana que eles são capazes de manipular torna uma magia dracônica quase tão perigosa quanto seu sopro. Apesar de a sensibilidade, alcance e potência mágica aumentarem com o tempo, o tamanho da complexidade das magias não necessariamente acompanha essa evolução, visto que a maioria do conhecimento mágico dracônico é roubado dos humanos (nessa idade, dragões já são orgulhosos demais para se deixar ensinar por pares mais velhos).
Na Batalha da Península 998 E.C., as forças de Albertus II equiparam quase todos os seus soldados com armaduras ou encantamentos de proteção contra o fogo. Quando Akrax, o Terrível, percebeu as proteções, lançou esferas arcanas contra o exército, matando mais de 600 homens em poucos minutos.
Dragões adultos geralmente escolhem um território para construir seu covil no qual acumulam metais preciosos e itens mágicos. Não há desova até os 90-100 anos, a preocupação maior destas bestas e consolidar seu território por meio da caça constante e manipulação de outras bestas e até humanos. Não são raros os casos no fim da Era Panteônica e Início da Era do Caos de vilas e até pequenas cidades inteiras coagidas a ofertar parte de seus rebanhos a dragões e até atacar invasores por eles, de modo a manter uma parcela maior de seu território seguro, já que dragões raramente confiam uns nos outros.
Adulto-maduro (151-350 anos)
A partir deste ponto, nosso conhecimento sobre a raça dracônica começa a minguar. As razões são óbvias: matamos pouquíssimas bestas dessa idade para termos dados confiáveis. Dragões entram na fase madura com cerca de 25 toneladas, 22m de altura, 60m de comprimento e 70m de envergadura. Essas medidas já possuem margem de erro considerável, uma vez que a dieta e atividade mágica de cada dragão influencia muito seu crescimento.
Adultos maduros são raros, pois não só dragões se matam com muita frequência como também sua ambição e orgulho acabam levando-os a acreditar que podem dizimar uma grande capital sem chamar a atenção dos deuses, ledo engano.
Mesmo assim, há poucas chances de um exército em marcha sobreviver ao ataque de um dragão adulto-maduro a não ser que esteja especificamente preparado para isso. Suas chamas ultrapassam os 50m de alcance, com um sopro que pode ser sustentado por até um minuto, poucos metais mágicos forjados pelos melhores ferreiros arcanos não derretem diante de um sopro de um dragão (mas superaquecem e cozinham o humano que os estiver vestindo).
Em relação a magia, já dominam totalmente conjuração e encantação, sendo capazes de criar escudos que bloqueiam as virotes de qualquer balestra pesada já construída por nós, assim como reforçar magicamente uma pedra para ter a mesma dureza de aço temperado e arremessá-la a uma distância muito maior que seu sopro.
Acredita-se que muitos dragões nesta fase estejam cuidando de filhotes na 1ª e 2ª infância ou dormindo longos períodos em seus covis. Os poucos que querem expandir seus domínios ou apoderar-se de mais artefatos mágicos são os que acabam colidindo conosco. A inteligência de um dragão adulto-maduro só não é maior que seu orgulho e ambição, e essa costuma ser sua queda: ludibriar essas bestas com táticas mirabolantes e magias ocultas raramente funciona, seu poder de observação é vasto e sua sensibilidade mágica é enorme, mesmo o mais bem feito dos círculos mágicos será detectado a dezenas de metros de distância.
Desafie um dragão para um duelo, entretanto, e talvez você ganhe tempo, ênfase no “talvez”. Raramente perdem a oportunidade de demonstrar com contundência o quão mais fortes são, e as poucas histórias de sobreviventes de ataques de dragões desse porte geralmente são de pessoas intencionalmente deixadas vivas. Há casos de bestas que inclusive se deixaram atacar, apenas para gargalhar com o som das flechas e espadas resvalando em suas escamas e deliciar-se com os gritos de horror dos queimados vivos.
Apenas um mortal enfrentou uma besta dessas em combate singular: Elyon, o Magnifico, com o auxílio da Lança Ígnea, o Escudo das Eras, o Medalhão da Phoênix, um encantamento de maximização feito pelos doze magos mais fortes de Zhária e, é claro, duas bênçãos divinas (Yao e Niara).
Caso um dragão viva seus séculos de vida sem se deixar levar pelo seu intrínseco orgulho, soberba e arrogância da raça; tenha sorte suficiente para não ser emboscado por outros dragões ou chamar a atenção dos deuses, talvez viva para acumular uma quantidade considerável de poder mágico e conhecimento que o eleva a uma nova categoria.
Ancião (351-750 anos)
Provavelmente já tendo ultrapassado as 30 toneladas, 33m de altura, 75m de comprimento, 90m de envergadura, dragões são considerados anciões depois dos três séculos e meio de vida, quando já dominaram todos os círculos mágicos fora, claro, temporização. Com isso, ele é praticamente invencível, dadas as quantidades inacreditavelmente grandes de mana que são capazes de manipular.
Caso você evoque uma criatura para auxiliá-lo em combate, ele irá exconjurá-la; caso comece a conjurar uma magia, ele o silenciará; caso consiga conjurar uma magia excepcionalmente forte, ele a dissipará; e caso tente encantar algum item, ele o desencantará. Um ancião pode fazer tudo isso a uma distância três vezes maior do que o mais forte mago que já viveu e numa velocidade muito maior que a maioria de nós é capaz de sequer pensar. Fogo é a menor de suas preocupações ao encontrar um ancião, sua força supera até a de alguns semideuses que já passaram pela terra.
Suas escamas são praticamente invulneráveis, apenas armas divinas podem perfurá-las, e suas garras e dentes despedaçam metal como nossas mãos despedaçam um pergaminho velho. Sua força é abissal até para uma criatura de seu tamanho, sendo capazes de esmagar montanhas e afundar ilhas com força bruta.
Sabemos que seu fogo queima forte o suficiente para fundir elementos que só descobrimos com o advento do fogo-arcano e o tempo de sustentação do sopro é desconhecido. Contudo, acredita-se que dragões anciões raramente usem seu sopro com o máximo de sua capacidade, visto que já entendem o intricado custo-benefício do uso da magia, sabendo aproveitar melhor sua mana.
Há apenas um registro de embate entre mortais e um dragão dessa idade . Mesmo nas Guerras Dracônicas, não temos como ter certeza de que algum dragão dessa magnitude chegou a participar (suspeitamos que não). Existem rumores sobre a existência de um ancião no extremo norte de Lemúria, no coração de uma ilha desconhecida, e outro nos desertos de KathaLaz, onde dormem profundamente.
Faz sentido que dragões tão grandes e tão antigos desacelerem suas correntes de mana a ponto de entrar em um estado de hibernação ou letargia no qual podem ficar décadas sem comer ou beber. A mera ação de alimentar-se pode ser um fardo quando se tem de ingerir toneladas carne fresca por dia para permanecer vivo e uma quantidade ainda maior para usufruir de total disposição e poder mágico.
Ninguém sabe se um dragão pode morrer de velho. Dragões não parecem parar de crescer enquanto vivos e suas capacidades mágicas não parecem diminuir nunca. Há, entretanto, nos pergaminhos da Academia, uma tese que sugere que, por volta do sétimo ao oitavo século de vida, o dragão ascende a uma nova categoria. Essa visão, entretanto, não é consenso entre estudiosos.
Grande Ancião (750+)
Há apenas um dragão no mundo que se encaixaria nesta suposta categoria: Erd, A Sombra da Montanha. Um dragão com milênios de existência cujo poder rivalizaria até o de nossos Deuses mais jovens.
Segundo alguns acadêmicos, o fato de Erd ter nascido sob a égide da energia acitra o possibilitou atingir um novo patamar de domínio mágico, no qual envelhecimento pode ser anulado por meio da renovação das naadis com energia absorvida do meio-ambiente. Deduz-se que, uma vez que a capacidade mágica dracônica só se maximiza com o tempo, Erd teria acumulado poder e conhecimento suficientes para fazer viagens extra-planares e conversão elemental, elevando-o a status de “entidade”.
Como Erd foi visto pela última vez há mais de mil anos, não podemos corroborar sua existência ou suas capacidades mágicas. Os outros dragões que nasceram soba égide de outros elementos que não o fogo estão mortos ou desaparecidos, e qualquer coisa que se diga sobre eles é mera especulação. A maioria dos estudiosos concorda que, se seres de poder tão inimaginável tivessem sobrevivido à Era do Caos, saberíamos.