Mitra, o Príncipe da Luz
Mitra transforma um aglomerado de fracos e assustados mortais em uma força implacável de combate ao caos cujos ideais perduram até hoje. De seus ensinamentos, nasceu um reino; de sua energia, nasceram Os Sete Guardiões; de sua semente, nasceu uma deusa. Poucas entidades se equiparam ao Príncipe da Luz quando avaliamos seu impacto no mundo mortal.
Nascimento e vigília
A segunda entidade semidivina a existir é descrita nos livros antigos de mitrania como um homem alto, forte de ombros largos, longos cabelos louros e olhos azul-celeste. Mitra nasce homem-feito, não há jornada de autodescobrimento, amadurecimento ou aperfeiçoamento a ser realizada. Assim como sua criadora, o Príncipe da Luz vem ao mundo pronto para cumprir sua missão.
Kavya, a Deusa da Luz cria Mitra na Era da Gênese com pura energia abha, sua função seria guardar Ulthara, o Além-Mundo da Deusa da Luz, e auxiliá-la no combate às energias caóticas. acredita-se que, durante séculos, o Príncipe da Luz permaneceu perfeitamente imóvel nos portões de seu lar, aguardando novas ordens de sua criadora em total silêncio. Grandes sacerdotes chamam este período de “A Grande Vigília”.
A vigília é elemento chave para templários até hoje: liturgia de iniciação, preparo para ritos, oferendas e até para datas festivas apresentam diferentes graus de vigília combinada com algum tipo de privação, fazendo referência ao Príncipe da Luz.
O encontro com os humanos (Século I E.P.)
O Príncipe da Luz interrompe sua vigília por motivos até hoje desconhecidos. Há clérigos que afirmam que Kavya teria dado a ordem para que ele fosse seu representante no mundo mortal. Outros dizem que a entidade teria percebido por si só que seria mais útil oferecendo auxílio para uma raça abandonada do que guardando um local que ninguém tentara invadir. O que se sabe hoje é que, logo depois da construção de Unya, o Príncipe da Luz vai ao encontro dos humanos em algum lugar no centro-sul de Gondwana.
Diferente das outras raças, já alinhadas com os ensinamentos de seus deuses criadores, os humanos estavam por conta própria no mundo. Não tinham um reino para chamar de seu e não tinham um conjunto de valores e filosofias para canalizar sua força de vontade. Viviam como nômades entre terras alheias, lutando contra as adversidades do mundo e as forças do caos ao mesmo tempo.
Mitra decide guiar aquele povo para melhor servir aos desígnios de sua criadora. Há inúmeras orações, músicas e poemas sobre este momento divino em que o Príncipe da Luz surge em todo seu esplendor diante dos humanos. O conteúdo exato das primeiras palavras de Mitra a seus seguidores é desconhecido. Mas sabe-se que ele se apresentou com serenidade e cortesia, e se ofereceu para guiar aquele povo perdido.
A chegada do Príncipe da Luz não só salva os humanos da costa de uma certa aniquilação contra vikárins como lhes imbui de um novo senso de propósito, Mitra converte-se rapidamente em general, líder e patriarca de um povo que ele escolheu proteger. Mas transformar um aglomerado de mortais sem esperanças ou perspectivas em um povo unificado não seria uma tarefa trivial. Para humanos que ainda usavam utensílios de pedra, o imenso poder do semideus era tão incompreensível que muitos fugiram de sua radiante figura, indispostos a dar o benefício da dúvida para mais um ser capaz de lançar magias que eles não entendiam. O Príncipe da Luz não tenta arrebanhar todos os humanos contra sua vontade, apenas aguarda aqueles dispostos a seguí-lo.
Peregrinação e assentamento (Século I e II E.P.)
Mitra inicia sua peregrinação com aqueles que escolheram segui-lo em direção ao litoral leste. A verdadeira rota dessa caminhada é um mistério até hoje, pois a floresta Odariana ainda não havia se expandido naquela época. O que sabemos é que a jornada foi lenta, pois Mitra fez questão de proteger todos durante todo o caminho, ao mesmo tempo em que ensinava os princípios de abha aos seus seguidores. Ao chegar no litoral leste, Mitra começa a instruir seus devotos a como construir casas melhores com o uso de madeira e pedra.
O Principe da Luz organiza sua comunidade com papéis definidos para todos, desde pescadores e marceneiros até os acólitos que começariam o treino nas energias radiantes, tanto para curar quanto para queimar criaturas caóticas. A disciplina, organização e foco dos treinos guiados pelo Príncipe da Luz demorariam gerações para formar uma elite de batalha, mas garantiria, ao final do século II, uma vasta área segura de criaturas caóticas e boa para plantio e construção de cidades maiores.
Expansão naval e domínio do sudeste (Séculos II a IV E.P.)
Depois de assegurar uma estrutura básica na cidade, Mitra redireciona seu conhecimento divino para a construção de barcos maiores e melhores para explorar o mar de Chai. Com um número razoável de acólitos dominando a magia branca, garantir a segurança da cidade ficava cada vez mais fácil, a população começa a crescer vertiginosamente, demandando acesso a novos recursos.
Enquanto na costa oeste os primeiros condes ainda faziam rudimentaresm barcos de pesca, os seguidores de Mitra já haviam navegado até a ilha de Hadassa e Jehu, onde seriam construídas as cidades de mesmo nome alguns séculos depois. Não era possível, no entanto, navegar Voragem adentro, pois nem mesmo todo o poder e conhecimento do Príncipe da Luz podera proteger os humanos dos horroes do Abismo.
O Decreto Trino e consolidação das fronteiras (Século V E.P.)
O pergaminho original que continha o Decreto Trino foi perdido há tempos. Mas há diversos registros na biblioteca da CIdade Branca que citam, mesmo que brevemente, o seus três objetivos principais:
Os limites dos domínios de Mitra já estavam quase idênticos aos de hoje. Suas frotas já navegavam por toda a costa leste e os povoados que se tornariam as cidades de Zyam e Kerenza já haviam juralo lealdade ao Príncipe da Luz e ao seu Decreto. Toda a região sudeste de Gondwana estava, segundo registros da época "sob a Luz de Kavya".Em todos os reinos do mundo, os poderes do Rei são absolutos. Em Mitrânia, porém, o Pontifex (a ponte entre humanos e deuses) tem poderes para ordenar os Mestres Templários e Sumo-Evocadores, além de poder emitir anátema a qualquer pessoa, inclusive ao próprio Rei. Esse enorme poder tem origem no fato de que o cargo de Pontifex foi criado muito antes do primeiro mortal em Gondwana intitular-se Rei.
Casamento e início da construção da Cidade Branca (Séculos V a VI)
A proximidade com os mortais teria, claro, suas consequências, e não tardou até que Mitra se apaixonasse por uma mortal e fizesse uma filha, marcando o início da construção da cidade branca.
Pouco se sabe sobre a mulher que cativou Mitra, que recebe vários nomes ao longo da história: Tihana, Taya, Tyaana, entre outras variantes. Ela chegou a ter um templo dedicado à sua adoração e um número razoável de seguidores, mas seu culto não sobreviveu à Era do Caos.
O nascimento e a infância de Niara, futura Deusa do Perdão, já está detalhadamente documentado em tomos dedicados à sua história. Há poucas referências e estudos sobre a relação do Príncipe da Luz com sua mulher e filha, a própria Niara nunca se manifestou em relação ao assunto. As obrigações de Mitra com um número tão vasto de seguidores provavelmente deixava pouco espaço para o cultivos dos laços familiares.
É por volta desta época também que se inicia a construção dos primeiros templos dedicados a Kavya e da Cidadela da Alvorada. Nessa época, já havia acrodo formal de não agressão com os odarianos a oeste (cuja mata já avançara ao sul consideravelmente), e já havia comércio com os anillas da Cordilheira das Auroras no extremo norte. Apesar de não haver um "reino" no estrito senso da palavra, qualquer mortal que entrasse nos domínios de Mitra perceberia claramente sua influência no local.
Encontro com Aidha (Século VI)
O paralelismo entre abha e acitra que marca toda a história do mundo nos sugere que Mitra sabia da existência de Aidha, a Filha da Noite mesmo enquanto ela ainda estava em Param. O Príncipe da Luz muito provavelmente podia sentir seu “negativo”, ou seu “oposto” desde o momento em que saíra de Ulthara a mando de sua criadora.
Sendo assim, Mitra certamente sabia que um eventual encontro seria inevitável, pois no século VI a filha de Hanu já havia dominado quase toda região então chamada de Terranova. Apesar de não ter poder naval ou estrutura militar comparável a de Mitrânia, acredita-se que o número de humanos que seguiam a entidade negra era pelo menos três vezes maior do que o número de seguidores do Príncipe da Luz. Aidha, portanto, era a única liderança capaz de falar com Mitra de igual para igual.
O encontro porvavelmente ocorreu na segunda metade do século VI e possui muitas versões, há estudiosos que acreditam que foi uma tensa negociação de semanas, com diversos representantes calculando custo-benefício de possíveis concessões e acordos. Outros dizem que as entidades apenas reconheceram oficialmente a existência uma da outra, sem se preocupar com possíveis conflitos dada a vasta distância entre os dois povos. Há ainda, aqueles que dizem que os dois sequer se encontraram fisicamente no mundo mortal, e apenas "sentiram" as intenções e energias um do outro à distância, sendo isso o suficiente para um tácito entendimento de que não havia guerra entre os dois.
Apesar das inúmeras versões, todas elas concordam que não houve hostilidade entre Mitra e Aidha.
A morte de Niara (Século VI E.P.)
Sabemos que não havia uso de pombos-correio naqueles tempos. Sendo assim, é possível presumir que as notícias da peregrinação de Niara chegavam a Mitrânia com um certo atraso e considerável distorção. Ela era, assim como o pai, uma grande inspiração para seu povo, e muitos cidadãos deixariam a segurança de sua cidade para peregrinar como ela, oferecendo comida e ajuda aos necessitados.
Independente do tempo que as notícias da morte de Niara tenham demorado, ou qual versão dos fatos alcançou a Cidadela, Mitra deliberadamente escolhe não retaliar. Sua frota era mais que suficiente para esmagar os duques de karonte responsáveis pela morte de sua filha, mas o frio e calculista Príncipe da Luz teria preferido não arriscar as vidas de seu povo para vingar a morte de uma filha que deixara seu lar e se sacrificara por livre e espontânea vontade.
O ataque de Raksas (Século VI E.P.)
Não tardou para que Raksas, O Primeiro Dragão, sentisse a proliferação de vida e energia gerada na costa leste e partisse ao encalço dos humanos. Mesmo já experientes em lutar contra as forças do caos, o Príncipe da Luz e seus súditos viram que dragões estavam num nível totalmente diferente dos oponentes que já haviam enfrentado.
Já há exaustivos tomos sobre as altas capacidades mágicas e físicas dos dragões. Estas bestas são, historicamente, os mais implacáveis arautos do caos. Imagina-se, portanto, que Raksas era uma criatura terrivelmente poderosa, com todas as habilidades atribuídas aos mais perigosos e destrutivos dragões que mortais já enfrentaram ao longo da história.
O embate entre a abominável besta e o Príncipe da Luz se daria enquanto os Deuses-Maiores estavam reunidos selando o abismo, não haveria ajuda ou intervenção divina. Mitra e seu exército lutam bravamente e conseguem vencer a batalha, ferindo mortalmente a criatura, que fugiu rastejando para morrer no buraco de onde saíra. Infelizmente a vitória teve um custo: mais da metade dos seguidores do Príncipe da Luz pereceram na batalha.
Mitra e seu exército lutam bravamente e conseguem vencer a batalha, ferindo mortalmente a criatura, que fugiu rastejando para morrer no buraco de onde saíra. Infelizmente a vitória teve um custo: mais da metade dos seguidores do Príncipe da Luz pereceram na batalha. Para salvar a vida daqueles que acreditaram nele, Mitra usa toda a sua energia restante para reerguer cada um dos soldados caídos sem preocupar-se em preservar forças para si mesmo.
Os ritos funerários duraram sete vezes sete dias, envolvendo cânticos, orações e liturgias cujos elementos podem ser vistos até hoje na ritualística da Trindade Branca. A partir das cinzas de Mitra, Aurélia, A Dama de Ferro faria, séculos depois, o rito que daria origem aos Sete Guardiões, as entidades mais poderosas a serviço da Trindade Branca Atualmente.
Year of Death
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