Fênix, a Renascida

O Pássaro de Fogo tem status singular dentre os Deuses de sua geração. Nascida ainda na Era da Gênese, a Filha do Deus-Sol morreria duas vezes antes de garantir seu lugar no Panteão.
 

Origem

 

Nascimento e primeira vida (E.G. a 203 E.P.)


Na Era da Gênese, após a batalha contra Tyhamarat , os deuses puseram-se a povoar a terra com peixes, pássaros e répteis. A vida ganhava novos contornos e um novo equilíbrio de energias surgia. Mas algumas criações se sobressaíram por seu esplendor e poder mágico, dentre elas, Zhal, o Grande Pássaro de Fogo, criado por Oshur, O Deus-Sol.
  A esplendorosa ave colocou seis ovos logo após seu nascimento. Dois deles seriam devorados pelo terrível Anzu, o Grande Albatroz, e apenas quatro chocariam, deles nasceriam quatro fênix idênticas, e cada uma voaria para os quatro cantos do mundo para trazer calor e vida, cumprindo a vontade divina de seu criador.  
Uma delas foi morta na Guerra dos Corrompidos. Outra, mais tarde, é devorada por Raksas, O Primeiro Dragão, na época em que o Deus-Sol acabara de fazer sua última criação, os pavakis. No fim da Era da Gênese, Oshur então, logo antes de se ausentar para o Selamento d'O Abismo, ordena que uma das fênix fique em Zhária para proteger o povo do fogo e que a outra investigue a fonte crescente de caos que se concentrava nas montanhas ao centro de Gondwana.
 
A fênix que foi escolhida para investigar teve o mesmo triste fim que sua predecessora: devorada por dragões. A última fênix sente imediatamente a morte de sua irmã e é tomada por uma tristeza incomensurável. Apesar de ser adorada e reverenciada pelos pavakis, a entidade sentia-se abandonada e sozinha, além de culpada por não ter tomado o lugar da irmã.
 
A cada lágrima que o belo pássaro derramava, seu fogo e o brilho de suas penas diminuía. Os pavaki, preocupados, perguntam à sua protetora o que acontecera, mas fênix não responde, apenas chora silenciosamente, lentamente arrastando consigo os ânimos de toda a cidade. No ano de 203 da Era Panteônica, seu fogo se apaga e ela morre pela primeira vez.
 

Interstício (203 a 659 E.P.)

 
Com a morte de sua guardiã, a tristeza e o pesar do povo-do-fogo começa aos poucos a se converter em sede por vingança: pavakis, antes pacíficos pela influência sábia de Oshur, começam a aquecer suas forjas, afiar suas lanças e polir seus escudos. Diversas incursões montanha adentro são feitas, e os pavakis foram especializaram-se em escalar montanhas e desbravar cavernas, acumulando conhecimento sobre a cordilheira e ficando cada vez melhores em matar dragões.
 
A investida teve seu preço, os dragões começaram a revidar cada vez mais perto dos limites da cidade. Enquanto os pavakis guerreiros adultos continuavam atacando com mais ímpeto, as crianças, os velhos e os poucos não treinados na batalha oravam pelo retorno de sua deusa. As batalhas na parte sul da cordilheira ficavam mais ferozes e mais sangrentas, e as orações ficavam mais convictas e intensas. No ano 659 E.P., quando a linha de frente do conflito já podia ser vista dos limites de Zhária, o fervor coletivo das orações consolidou-se num milagre, e, das cinzas da fênix ainda postas no altar da cidade, nasceu uma pavaki.
 
Há diversas canções e poemas que descrevem este momento: as cinzas da entidade teriam subitamente explodido em chamas ao final da oração que era feita diariamente na cidade perante o altar e, quando o fogo se apagara, lá estava um bebê pavaki, dormindo na mais profunda paz. A cena é representada no belíssimo vitral do salão principal do castelo real de Zhária.
 

Segunda vida, juventude e liderança (659 a 673 E.P.)

 
A jovem pavaki é criada com todo o cuidado e carinho de um povo que sabia de seu status divino. Os mais poderosos piromantes e os mais talentosos mestres guerreiros, entretanto, estavam liderando ataques aos dragões, e a jovem cresceu sem instrução significativa nas artes do combate. Simples fazendeiros, velhas parteiras, humildes artesãos e curandeiros foram os instrutores da jovem, que aprendeu a usar seu fogo para preservar a vida e criar arte em meio a um clima hostil.
Embora alguns guerreiros advogassem que a bênção da jovem seria mais aproveitada em campo de batalha, o povo da cidade insistiu em mantê-la em Zhária, pois suas promissoras habilidade salvariam mais vidas ali do que matariam dragões nas montanhas. E assim, a jovem cresceu absorvendo com imensa facilidade todas as habilidades dos homens e mulheres que mantinham Zhária funcionando durante sua guerra dracônica.
  A energia divina da jovem fênix inspirava e revigorava o povo antes cansado e abatido pela guerra. Suas curas eram mais poderosas, suas artes eram mais belas e sua mera presença enchia todos de energia e inspiração. A cidade que antes minguava agora florescia, atraindo cada vez humanos ribeirinhos à sua causa, dando novo vigor ao avanço dos pavaki e empurrando os dragões de volta para as montanhas.  

Ataque à Zhária e segunda morte (673 E.P.)

 
Até então, a maior parte dos conflitos envolvia dragões infantes, jovens e adultos-jovens, com idade provavelmente entre 20 e 140 anos. Apesar de serem perigosos e altamente resistentes, ataques em grupo bem coordenados com boas armas mágicas eram suficientes para eliminá-los.
 
Entretanto, numa manhã fria de inverno do ano 673 E.P., quando o sol mal acabara de aparecer no horizonte, um dragão bem mais antigo e mais poderoso do que todos aqueles que os pavakis já haviam enfrentado surge no horizonte de Zhária: Ghor, o Arauto das Cinzas.
   
Acredita-se que Vipra, Ghor e Darunak vieram dos três primeiros ovos colocados por Raksas, o Primeiro Dragão. Sendo assim, é possível presumir que Ghor já tivesse pelo menos 600 anos de idade quando atacou a cidade, colocando-o na categoria de Ancião, já perfeitamente capaz de conjurar magias de diversos círculos e com escamas impenetráveis por metais não mágicos.
 
O ataque foi devastador, as chamas e magias da besta obliteravam ruas inteiras, matando centenas de pavakis e humanos num piscar de olhos. As poucas armas e recursos que o povo tinha para revidar não eram, nem de longe, suficientes para ferir a besta. A jovem fênix evacuou a maioria dos sobreviventes para os níveis subterrâneos do castelo.
 
Com ajuda distante e encurralados, os pavakis olharam para sua jovem guia e salvadora, que caminhou em direção ao seu destino. A entidade subiu até o portão principal do palácio e, assim que Ghor a avistou levantou voo e jorrou suas chamas novamente, Fênix apenas fechou seus olhos, abriu os braços e foi envolvida pelas chamas. Quando o dragão cessou seu sopro, ela estava de pé, incólume, com a cabeça erguida.
 
A besta então soprou novamente, desta vez com mais força, sustentando as chamas por ainda mais tempo. O calor era tão intenso que as pedras ao redor da entidade derretiam. Apesar disso, mais uma vez, Fênix estava ilesa, olhando o dragão desafiadoramente. Ghor se enfurece e pousa em frente a jovem, ergue-se sobre as patas traseiras e enche o peito, sua boca se ascendendo como uma gigantesca forja. O sopro seguinte derrete até as paredes frontais do castelo, transformando-as numa massa amorfa e enegrecida. E, pela terceira vez, Fênix não é tocada pelas chamas, continua de olhos fechados, desta vez flutuando logo acima do chão, tamanha era a energia que concentrava.
 
Ghor então, num misto de incredulidade e fúria, desiste de seu sopro e avança, abrindo sua imensa bocarra para tentar, com dentes, fazer o que seu fogo fora incapaz de fazer. Fênix sequer esboça reação, em perfeita paz e tranquilidade, sorri.
 
A mordida da besta matou a criança e libertou a Deusa. No momento em que a enorme mandíbula se fechou sobre o corpo da jovem pavaki, uma enorme explosão de chamas alaranjadas, destruiu a cabeça de Ghor. A sua frente, ergueu-se o magnífico pássaro de fogo que transcendera a mortalidade: Fênix.
 
Fênix deixou um forte legado em Zhária. A piromancia, a tradição clerical da cura e o aperfeiçoamento do artesanato são apenas algumas das suas contribuições. Sua proteção divina manteve os pavaki vivos e fortes, e sua demonstração de poder causou a primeira grande imigração humana do Planalto Central e do Litoral Leste, iniciando a explosão demográfica que aconteceria nos séculos posteriores.

Domínios e Valores

 

Arauta do Renascimento

 
A existência não é uma linha, e sim uma roda. A cada ciclo, um propósito. Aquela que desconhece seu propósito desperdiça sua existência.

Matriarca das Parteiras

 
A vida é a antítese do caos. Trazer a vida ao mundo é, portanto, o maior e mais nobre papel na guerra contra as forças caóticas.

Deusa das Artes

 
Não há função sem forma. Só o caos é desprovido de beleza e ordem, a harmonia das artes é a linguagem do verdadeiro ser.

Garantidora da Vitalidade

 
Como um lenhador que deve suprir sua lareira para o inverno, o mortal deve suprir seu corpo para os tempos de provação. Moléstias só prosperam onde o fogo da vida fraqueja.
Children