Das batalhas que os deuses travaram contra o caos, O Deus-Sol certamente é a entidade que acumula o maior número de baixas. Nenhum outro Deus viu um número tão grande de suas criações ser exterminada ou corrompida pelo Caos. Mesmo com tantos dissabores ao longo de sua existência, Oshur até hoje representa o fogo em seu perfeito equilíbrio, e é, ao mesmo tempo, o calor que dá a vida, a luz que revela a verdade e a chama que queima com fúria.
— Pontifex Adamastor
Origem
Gêmeos da Tempestade de Fogo
Nos tempos primórdios, quando batalhas cataclísmicas eram travadas entre elementais, os
agnis nasciam de violentas erupções vulcânicas, a energia gerada nestes eventos era suficiente para criar diversos elementais do fogo de uma só vez. Um dia, no entanto, o fogo veio não das profundezas da terra, mas sim dos céus: a noite clareou mais que a mais límpida das manhãs e desta chuva de fogo incomensurável, nasceram apenas dois elementais: Oshur e Ágira.
Todo o Verão, o campeão dos Jogos do Solstício é adornado, durante um dia, com a mais alta honra cerimonial de Zhária: a Coroa do Sol, o único artefato da ritualística zhariana feito como aluzão direta a Oshur. Além disso, é o único artefato feito pelos Filhos-do-Sol que sobreviveu à Era do Caos.
Extremamente poderosos e ávidos para expandir a energia do fogo, os irmãos logo se engajaram nas violentas batalhas contra os
jalas. Sua impetuosidade e força foram notadas por seus pares e a fama dos gêmeos se espalhou rapidamente. Porém, como todo indivíduo que tem predileção pela linha de frente, não tardou até que ambos se encontrassem em maus bocados. Encurralados por mais jalas do que podiam combater, Oshur e Ágira perceberam que aquele seria o momento da derrota. Não dispostos a cair sem causar o maior prejuízo possível ao inimigo, os gêmeos concentraram toda a energia que podiam e a queimaram de súbito, destruindo a si mesmos numa gigantesca explosão.
A destruição de elementais era um evento comum na Era da Gênese, sua destruição significava apenas que a mesma energia se manifestaria em algum outro lugar, dando origem a um novo elemental, desprovido das lembranças e experiências de seu antecessor.
Qual não foi a surpresa dos gêmeos ao renascer, inexplicavelmente, com todas as memórias e perícias de sua existência anterior. O pouco receio que poderiam ter em morrer em combate desaparecera e, momentos após o renascimento, os irmãos voltaram ao mesmo campo de batalha, conseguindo a primeira de muitas vitórias esmagadoras. Sua nova "imortalidade" iniciou uma grande onde de expansão das energias do fogo.
No antigo Baralho Panteônico, os Gêmeos de Fogo são a carta que claramente representa os dois agnis no auge de seu poder.
A Morte de Ágira
Tudo muda quando
Hanu emerge das sombras onde meditava. O Deus da Morte, já perito em perceber os desequilíbrios entre as forças elementais que viera corrigir, olha então para o ponto de maior perturbação no mundo: a região onde agnis liderados por Oshur e Ágira combatiam seus inimigos elementais. E é lá que sua mortalha desce pela primeira vez, como pode ser lido nos escritos do Pontifex Adamastor, o mortal que mais teve acesso à inspiração divina do Deus-Sol:
[...]o litígio cessou. Jalas e agnis se distanciaram atônitos daquela escura figura que surgira dentre eles, criando um sinistro vazio no lugar onde – momentos antes – os elementais se digladiavam. Dúvida e medo solaparam o ódio e a exaltação do momento, pois todos percebiam a vasta energia que o vulto imóvel possuía.
Ágira, irmã gêmea de Oshur, foi a primeira a desafiar a morte, e a primeira a sucumbir a ela. Hanu findou a existência da agni rápida e silenciosamente. Sem saber por quem o Mestre das Sombras lutava, ambos os lados recuaram temerosos, e O Deus da Morte então desaparece com a mesma rapidez com a qual surgira.
Como qualquer conhecimento que vem de tempos distantes, este relato contém diversas variantes. Em algumas, Oshur percebe a força do Deus da Morte e tenta impedir o avanço da irmã. Em outros, Ágira desafia Hanu abertamente para um duelo, pensando tratar-se de um novo general a serviço do exército inimigo. A única informação que realmente permanece consistente ao longo do tempo é que Oshur, de alguma maneira, hesitou em confrontar o Senhor das Almas, enquanto sua irmã pagou o preço da impetuosidade.
O Deus-Sol então parte em busca de sua irmã, acreditando que seu renascimento aconteceria como esperado. Depois de procurar em todos os grandes vulcões de Gondwana, Oshur percebe que aquele ciclo de frenética ressurreição havia chegado a um fim. Seus dias de general impetuoso haviam acabado, e um líder sábio começara a se formar.
Acredita-se que o Memorial de Ágira tenha sido construído pelos Filhos do Sol em eras antigas para homenagear a entidade. Infelizmente não é possível ver a figura da agni, visto que apenas a base da escultura sobreviveu.
Liderança e união com Ambara
O amadurecimento de Oshur e sua posição como lider dos Agni se consolida na sua união com
Ambara, e não se sabe ao certo se os conflitos entre água e fogo arrefeceram porque a então Deusa dos Ventos trouxe a Oshur uma nova sabedoria em relação à futilidade da guerra, ou se ambos os deuses combinaram ar e fogo em uma investida tão devastadora que os jalas preferiram se render.
As escrituras também não deixam claro quais exatamente foram as criações fruto dessa inédita combinação de elementos, apenas que elas ocorreram. Uma vez que praticamente todas as criações do Deus-Sol já estão extintas hoje, essa informação permanece um mistério.
Batalha com Tyhamarat
Em algum momento da Era da Gênese, todos os Deuses Antigos participaram de uma grande batalha contra
O Devorador. Qual o papel exato que cada um teve nela, no entanto, ainda é incerto. Os poucos registros que se tem deste colossal embate já estão distorcidos por eras de sacerdotes e reis altamente interessados em inflar a importância do próprio Deus neste embate épico entre caos e vida.
Pela primeira vez unidos, fogo, água, terra e ar expulsam Tyhamarat do Berço de
Iya. O Devorador foge para as beiras do
abismo de onde saiu, mas sua obliteração ainda demoraria milênios para acontecer.
As esperanças numa aliança imediata entre os quatro elementos, entretanto, são dissolvidas quando ninguém consegue chegar a um consenso em relação a quem lideraria a empreitada. Os elementais suspenderiam os atuais conflitos entre si, mas ainda era cedo para dizer que estavam em perfeita harmonia.
O tempo que se seguiu foi de relativa paz. Infelizmente, o ataque de Tyhamarat custou ao Deus-Sol a vida de grande parte de suas criações, que estavam sempre na linha de frente das maiores guerras de toda a Era da Gênese e da primeira metade da Era Panteônica. Poucas das primeiras criações do Pai das Chamas continuam vivas até hoje.
Guerra dos Corrompidos
Prasmut era um poderoso elemental da água que fora corrompido pelo caos. A medida em que sua energia caótica cresce, maior é sua influência sobre os outros elementais suscetíveis ao desequilíbrio, e sua corrupção se espalha, criando os primeiros vikárins, também chamados de elementais caóticos ou elementais corrompidos.
O ùltimo Vikarin
Grande parte do conflito teria ocorrido na Voragem, onde os vikárins espalharam sua corrupção para as criaturas marinhas criadas por Oúne, proliferando diversos monstros que até hoje habitam aquelas profundezas.
Os elementais corrompidos avançam sobre os Deuses Antigos e uma grande batalha se segue. A vitória d'Os Antigos, entretanto, tem um custo altíssimo, e diversos elementais sucumbem ás forças do caos.
Zhal
Conhecemos pouco das criações do Pai as Chamas, mas talvez a mais importante seja
Zhal. O Grande Pássaro de Fogo era admirado até pelos outros Deuses, tamanho era o brilho e esplendor de suas penas. Considerada a criatura mais bela já criada até então, botou seis ovos, dos quais dois foram comidos por dragões e, dos quatro que chocaram, apenas um sobrevive até hoje, como
Deusa do Renascimento de nosso panteão.
Zhal se sacrificou para proteger seu criador na Guerra dos Corrompidos. Em uma luta ferrenha contra o caótico
Anzu, o Grande Pássaro de Fogo se incinera em uma imensa explosão que mata a si próprio e ao oponente. A Deusa-sem-Rosto fica então em profunda dívida com Oshur, divida esta que seria paga na Era Seguinte, com o
O Turbilhão de Zacan.
O Grande Pássaro de Fogo mais tarde batizaria a cidade dos pavaki, Zhália, que seria posteriormente chamada de Zhária pelos humanos que a herdaram.
O Decreto da Criação e os Pavaki
O Nascimento dos Filhos do Fogo
Acredita-se que, em algum momento da Era da Gênese, todos os Deuses entraram em consenso sobre criação de vida no mundo. Até então a vida existia em forma elemental, vegetal e animal. Os animais não possuíam a centelha divina, sendo assim, não podiam usar magia e não tinham vontade, apenas instinto. O Decreto da Criação teria sido a ação coordenada dos Deuses Antigos para criar seres de carne e osso que possuíssem vontade (como os elementais já possuíam), sendo, portanto capazes de pensamento e magia.
Oshur criou os
Pavaki aos pés do monte Zacan, usando seu fogo divino e as próprias rochas da montanha. O Deus-Sol quis que seus filhos dominassem o fogo sem cometer os erros que ele cometera e sua mentoria divina sempre garantiu que os pavaki nunca abusassem do poder do fogo, lidando com as chamas com respeito, sabedoria e comedimento. Não houve, em toda a história dos Filhos-do-Sol, nenhuma guerra, incursão ou investida contra nada que não fossem as crias do caos. O poder do fogo só seria usado contra outros mortais em Eras posteriores, pelo humanos.
Não sabemos a real aparência dos pavaki, As poucas imagens que sobraram de ruínas antigas os mostra sempre em batalha com armaduras que cobrem todo o corpo. A única informação que temos é que eles eram consideravelmente mais altos que os humanos e tinham cauda.
A Construção de Zhária
Em algum momento da Era da Gênese, os pavaki começam a construir Zhária aos pés do Monte Zacan. Durante a edificação da cidade, Oshur deixa uma Fênix protegendo o local enquanto suas irmãs vasculham o mundo a procura de sinais de proliferação do caos.
Voltando de mãos vazias, mas com a certeza de que criaturas do caos estavam se proliferando nas montanhas, Oshur redobra seus esforços para que a cidade de seus mortais estivesse preparada para uma possível invasão. O zigurate que compõe o castelo é até hoje protegido pela graça do Deus-Sol, não podendo ser abalado por nenhuma magia ou arma mortal.
O Selamento do Abismo
Ao saber, por meio do Deus dos Mares, sobre a existência
d'O Abismo e o risco que ele representava, todos os deuses vão imediatamente ao seu limiar e, juntos, iniciam o processo de selamento: uma colossal magia coletiva cuja magnitude nós mortais nunca seremos capazes de conceber. Esta seria a primeira e última vez que todos os Sete Deuses Maiores uniriam forças para, no mundo mortal, combater o caos.
O Abismo
O selamento do Abismo dura séculos e durante este período – considerado por muitos estudiosos como a ‘Aurora dos Mortais’, as raças criadas pelos Deuses se expandiriam, expandindo os contornos dos primeiros grandes reinos e impérios do mundo.