O Reino de Zhária
Muitos dizem que a centralidade de Zhária para a história recente dos mortais é mal merecida, que as glórias dos reis-guerreiros que ocuparam o Trono do Sol nada têm de especial se comparadas aos feitos de outros monarcas. Discordo parcilamente: por um lado, templários e estudiosos zharianos raramente citam as contribuições de outros povos na formação de seu reino; por outro lado, não há acadêmico sério disposto a refutar o fato de que, não fossem os zharianos, talvez não teríamos passado de uma Era do Caos para uma Era da Aliança.
Origens: Zhária dos Pavaki
Fundação da cidade e o Monte Zacan
Milhares de anos antes de haver humanos no o mundo, na Era da Gênese, O Deus-Sol criou, nas chamas do Monte Zacan, a raça mortal com o domínio elemental do fogo: os pavaki. Eles construíram sua morada com o auxílio direto de seu Deus, usando as pedras do grande vulcão para fazer as bases da cidade e edificar seus monumentos
A cidade ficou pronta no fim da Era da Gênese e lá os pavaki viveram por milhares de anos. Não havia razão para expansão para além da sua proteção divina. Zacan era berço não só do povo como também do próprio Deus, e toda a ritualística e poder mágico que regia a vida dos Filhos-do-Sol dependia da proximidade com o grande vulcão.
Morte da Fênix e cultura de guerra
Na época em que os Filhos-do-Sol edificavam sua cidade, havia dois grandes pássaros de fogo os protegendo. Não se sabe por qual nome os pavaki se referiam a essas duas entidades semidivinas, mas os humanos mais tarde se refeririam a elas como a Primeira e a Segunda Fênix. O Deus-Sol enviara uma delas para procurar por sinais d'O Devorador, enquanto a outra ficaria no Monte Zacan, acalantando e auxiliando seu povo com sua magia.
Os primeiros registros da história antiga de Zhária se referem à Fênix como um ser "à imagem e semelhança de seu ancestral Zhal: uma grande serpente alada de escamas avermelhadas e plumas douradas". Imagens mais modernas (pós-panteônicas), entretanto, mostram a Fênix como um pássaro de fogo.
Conectada à irmã pela energia divina que as criara, Fênix sente a morte da gêmea que fora enviada para procurar Os Abissais. Tomada por uma grande tristesa, seu brilho lentamente se esvai, e seu coração para de bater. Os pavaki entram em profundo luto por suas guardiãs, mas juram vingança às forças do caos.
Do fogo que cria, que dá a vida e que aquece a alma, os pavaki passaram a expressar outro aspecto de seu elemento: impetuosidade e força. Nascia, naquele momento, uma raça guerreira. Com a partida de Oshur para a morada dos Deuses no fim da Era da Gênese, os vínculos que prendiam os pavaki aos pés do Monte Zacan enfraquecem, começa então a expansão.
Expansão e contato com humanos
Foram os pavaki que iniciaram as grandes investidas organizadas contra as forças do caos. Durante séculos, os Filhos-do-Sol, expandiram seu território e montaram campanhas sistemáticas de caça e extermínio aos abissais. Os primeiros contatos com humanos ocorreram durante esse período. Humanos que viviam ao longo do rio Zamano absorveram rapidamente os costumes pavaki, e acredita-se que já nessa época, alguns foram admitidos na Cidade do Sol como serviçais, para que a raça guerreira pudesse se focar com mais afinco em sua batalha contra o caos. Os humanos da costa leste (seguidores de Mitra, e os humanos nortenhos (seguidores de Aidha), certamente tinham conhecimento do que se passava no Planalto, mas não há relatos de migração em massa ou qualquer tipo de conflito entre os povos.
Arrebatamento: A Zhária dos humanos
A Guerra Dracônica
O conflito mais mortal da Era Panteônica foi relativamente curto, mas teve profundas repercussões em todos os povos do continente. O avanço coordenado dos dragões a partir da Cordilheira de Raksas foi rápido e devastador. Em questão de semanas dos primeiros ataques, o pânico no território zhariano era generalizado. Parte dos humanos migrou em massa para o sul, com medo dos novos e aterrorizantes inimigos, mas outros viram a bravura dos pavaki e decidiram se juntar à luta. Famílias inteiras abandonaram suas terras em direção a Zhária para ajudar os filhos do sol a combater as terríveis bestas. Dentre esses bravos humanos, estava o Futuro Deus da Guerra.
Estas batalhas marcam o ponto no qual humanos aprenderam a canalizar a energia do fogo, assim como projetar-se em uma figura de liderança que, ao contrário de Mitra e Aidha, tinha origens mortais e mundanas como eles próprios.
A Grande Queima
Os pavaki sabiam o quão exaustiva e dispendiosa era a guerra de atrito com dragões, e tinham plena consciência de nunca venceriam sem uma rápida de violenta investida. Então, no ano (XXX) da Era Panteônica, ocorreu a batalha mais sangrenta daquela Era, conhecida até hoje como A Grande Queima: de um lado, cerca de cem mil pavakis; do outro, em torno de 400 dragões, a maioria deles adultos-jovens ou até adultos-maduros. Não houve sobreviventes em ambos os lados.
Nas paredes do templo de Oshur em Zhária, uma enorme pintura da devastação da Grande Queima está eternizada para relembrar todos os mortais do incomensurável sacrifício que os pavaki realizaram.
O Deus-Sol certamente canalizou suas forças por meio de seus filhos para garantir que nenhum dragão sairia vivo da batalha. Foram necessários mais de mil anos de magia da terra para tornar produtivos novamente os campos onde A Grande Queima aconteceu, tão forte foi a energia de fogo liberada em campo de batalha.
Logo depois da devastadora vitória sobre os dragões, os poucos pavaki que ainda estavam em Zhária perceberam de imediato o que acontecera. Mesmo a quilômetros de distância, sua conexão com seu deus denunciou a grande tragédia: quase todos os Filhos do Sol haviam perecido em batalha. Os humanos, que sofreram baicas relativamente pequenas, observariam atônitos o que estava prestes a acontecer.
O Arrebatamento
É difícil dizer como exatamente o Arrebatamento ocorreu. Alguns estudiosos afirmam que foi um evento súbito, que durou não mais do que alguns minutos. Outros falam que foi um processo lento e gradual, que demorou dias ou até semanas. Sabemos apenas que, pouco depois da Guerra dracônica, os poucos pavakis sobreviventes foram, com o Fogo Divino de Oshur, levados de corpo e alma para Unya. O Deus-Sol, cansado de ver o sofrimento de seus filhos, trouxe-os consigo para junto de si, onde até hoje comem do bom pão e bebem do bom vinho no Grande Salão dos Heróis, celebrando o tão merecido descanso de uma raça que tão desproporcionalmente sofreu para manter os outros a salvo.
Não há, em toda a história do mundo, nenhum outro evento de intervenção divina nessa mesma proporção. O Arrebatamento certamente movimentou quantidades tão massivas de energia do Deus-Sol, que não é de se surpreender que foi a última vez que Ele interveio diretamente no mundo mortal.
Com o passar do tempo, muitos pavakis proeminentes da época seriam reverenciados pelos humanos que herdaram Zhária e se tornariam as figuras a quem até hoje os zharianos prestam respeito: suas estátuas e pinturas estão nos templos zharianos e partes do castelo. Eles são o que hoje zharianos chamam de Ascendentes, dispostos a emprestar sua força aos guerreiros que mostram a bravura que eles mostraram naquele dia fatídico.
Esta é a origem do orgulho guerreiro dos humanos de Zhária e do planalto central. Seu respeito, apego e sinergia com o fogo pode não ter sido divinamente arquitetado desde a Era da Gênese, mas não deixa de ser genuíno em seu próprio mérito. Nas Eras subsequentes, os zharianos humanos continuariam na linha de frente da luta contra o caos, preservando a cultura de honra herdada pelos seus ancestrais.
Os Reis Guerreiros
Legado de Yao e expansão ao sul
O Estandarte de Zhária é usado em cerimônias como coroações e datas importantes no calendário zhariano. Apesar de ser o símbolo oficial do reino há milênios, é pouco conhecido pela população, visto que o Símbolo do Deus da Guerra é o que sempre acompanha os estandartes dos exércitos em marcha e até os escudos da própria guarda real.