Pavaki, os Filhos do Sol
A raça originária do fogo está envolta em mistério e admiração pelos humanos que herdaram sua cultura. Por um lado, os zharianos reconhecem que é dos pavaki o verdadeiro título de Filhos do Sol, respeitam seus símbolos e alguns ainda cultuam seu principal Deus. Por outro lado, parece que a raça fundadora levou consigo os segredos do verdadeiro domínio do fogo, deixando os humanos tateando no escuro para encontrar seu próprio caminho para a iluminação.
Origens: era da gênese
Mito da Criação
De acordo com as escrituras antigas, O Deus-Sol demorou para obter inspiração para sua criação, desenhava com fogo a imagem de suas potenciais criações nas paredes de montanhas e vulcões onde habitava, apenas para apagá-las insatisfeito. Durante “infindáveis dias e noites” o monte Zacan tremeu com os acessos de raiva de Oshur, que explodia em pirofúria a cada projeto fracassado.
Fundação da cidade e o Monte Zacan
Milhares de anos antes de haver humanos caminhando sobre o mundo, na Era da Gênese, O Deus-Sol criou, nas chamas do Monte Zacan, a raça mortal com o domínio elemental do fogo: os pavaki. Eles construíram sua morada com o auxílio direto de seu Deus, usando as pedras do grande vulcão para fazeras bases da cidade e também edificar seus monumentos
A cidade de Zhária ficou pronta no fim da Era da Gênese e lá os pavaki viveram durante milhares de anos, em comunhão direta com seu Deus. Em um tempo em que os povos eram guiados diretamente pelos seus Criadores, não havia razão para exploração ou expansão para além da proteção divina. O Monte Zacan era berço não só da raça pavaki como também do próprio Pai das Chamas, e toda a devoção, ritualística e fonte de poder mágico que regia a vida dos Filhos-do-Sol dependia da proximidade com o grande vulcão.
Morte da Fênix e cultura de guerra
Na época em que os Filhos-do-Sol edificavam sua cidade, havia dois grandes pássaros de fogo os protegendo. Não se sabe por qual nome os pavaki se referiam a essas duas entidades semidivinas, mas os humanos mais tarde se refeririam a elas como a Primeira e a Segunda Fênix. O Deus-Sol enviara uma delas para procurar por sinais d'O Devorador, enquanto a outra ficaria no Monte Zacan, acalantando e auxiliando seu povo com sua magia.
Os primeiros registros da história antiga de Zhária se referem à Fênix que protegia a cidade como um ser "à imagem e semelhança de seu imenso ancestral Zhal: uma grande serpente alada de escamas avermelhadas e plumas douradas". Imagens mais modernas (pós-panteônicas), entretanto, mostram a Fênix como um pássaro de fogo.
Conectada à sua irmã pela energia divina do fogo que as criara, Fênix sente a morte da gêmea que fora enviada para procurar Os Abissais. Tomada por uma grande tristesa, seu brilho lentamente se esvai, suas penas caem e seu coração para de bater. Os pavaki entram em profundo luto por suas guardiãs, mas juram vingança às forças do caos que apagaram a chama da sua semideusa.
Do fogo que cria, que dá a vida e que aquece a alma, os pavaki passaram a expressar o aspecto do fogo que hoje conhecemos tão bem: impetuosidade e força. Alguns estudiosos dizem que foi nessa época que os Filhos-do-Sol deixaram de trabalhar com pedras para usar metais, mas não há nenhum registro que corrobore esta alegação. O fato é que nascia, naquele momento, uma raça guerreira.
Com Selamento do Abismo e a Construção de Unya, o Oshur partiria para a morada dos Deuses, vigiar seu povo à distância. Sem os fortes vínculos que prendiam os pavaki aos pés do Monte Zacan, começa então a expansão.
Expansão e contato com humanos
Foram os pavaki que iniciaram a investida contra as forças do caos. Expedições para destruir as abominações que rondavam Gondwana simplesmente não existiam antes disso. Durante séculos, os Filhos-do-Sol, expandiram seu território e montaram campanhas de caça e extermínio aos abissais. Os primeiros contatos com humanos ribeirinhos ocorreram durante esse período.
Muitos estudiosos especulam que os humanos dessa região só não foram exterminados pelos pavaki porque o Deus-Sol ainda tinha alguma influência sobre seus filhos, dosando o fogo da guerra com sabedoria. Só isso explica a ausência de qualquer conflito diante daquele cenário: de um lado uma raça impetuosa, guerreira e que já dominava metal e magia do fogo; do outro, uma raça fisicamente inferior, sem domínio da magia e que mal dominara o uso de utensílios de pedra.
Humanos que viviam ao longo do rio Zamano absorveram rapidamente os costumes pavaki, e acredita-se que já nessa época, alguns foram admitidos na Cidade do Sol como serviçais, para que a raça guerreira pudesse se focar com mais afinco em sua batalha contra o caos. Os humanos da costa leste (seguidores de Mitra, e os humanos nortenhos (seguidores de Aidha, certamente tinham conhecimento do que se passava no Planalto, mas não há relatos de migração em massa ou qualquer tipo de conflito entre os povos.
Arrebatamento: A Zhária dos humanos
Difícil imaginar que éramos tão indefesos, tão obtusos e ignorantes. Estudar os Filhos-do-Sol e a glória de seus feitos não é apenas uma busca por conhecimento, mas um exercício de humildade.- Arlon Ildra, Mestre Evocador da Academia de Magia de Arcania
A Guerra Dracônica
O conflito mais mortal da Era Panteônica foi relativamente curto, mas teve profundas repercussões em todos os povos do continente. Em questão de semanas dos primeiros ataques a cidades próximas de Zhária, o pânico era generalizado.
Mas nem todos fugiram covardemente, muitos humanos viram a bravura dos pavaki e decidiram se juntar aos que estavam reagindo à altura. Famílias inteiras abandonaram suas terras em direção a Zhária para ajudar os filhos do sol a combater as terríveis bestas, e, dentre esses bravos humanos, estava o Futuro Deus da Guerra.
Estas batalhas marcam um ponto importantíssimo na história de Gondwana, no qual humanos aprenderam a canalizar a energia do fogo com elevada maestria, projetar-se em um líder que estava na linha de frente ao invés de esconder-se em uma suntuosa mansão e perceber que, com estratégia e coesão, eram sim capazes de vencer inimigos mais poderosos do que os que enfrentavam até então.
A Grande Queima
Logo depois das vitórias humanas, os pavaki aproveitam o recuo das bestas para avançar nos campos a oeste de Zhária, no litoral sul da Bacia D’Ouro e nos campos ao Norte de Nadia. Eles sabiam o quão exaustiva e dispendiosa era a guerra de atrito com dragões, e tinham plena consciência de nunca venceriam sem uma rápida de violenta investida. Foi a batalha mais sangrenta daquela Era, conhecida até hoje como A Grande Queima: de um lado, cerca de cem mil pavakis; do outro, em torno de 400 dragões, a maioria deles adultos-jovens ou até adultos-maduros. Não houve sobreviventes em ambos os lados.
Nas paredes do templo de Benelus em Zhária, uma enorme pintura da Devastação da Grande Queima está eternizada para relembrar todos os mortais do incomensurável sacrifício que os pavaki realizaram.
O Deus-Sol certamente canalizou suas forças por meio de seus filhos para garantir que nenhum dragão sairia vivo da batalha, só haveria outra intervenção divina tão direta e brutal na batalha contra O Devorador. Foram necessários mais de mil anos de magia da terra para tornar produtivos novamente os campos onde A Grande Queima aconteceu, tão forte foi a energia de fogo (divino e caótico) liberada em campo de batalha.
Logo depois da devastadora vitória sobre os dragões, os poucos pavaki que ainda estavam em Zhária perceberam de imediato o que acontecera. Mesmo a quilômetros de distância, sua conexão com seu deus denunciou a grande tragédia e os humanos residentes da cidade certamente observaram atônitos o que estava para acontecer.
O Arrebatamento
É difícil dizer como exatamente o Arrebatamento ocorreu. Alguns estudiosos afirmam que foi um evento súbito, que durou não mais do que alguns minutos. Outros falam que foi um processo lento e gradual, que demorou semanas ou até meses. Sabemos apenas que, momentos depois da Guerra dracônica, os poucos pavakis sobreviventes sabiam que mais de 90% de sua raça havia morrido.
Então, no ano 517 E.P., milhares pavakis restantes foram, com o Fogo Divino de Oshur, levados de corpo e alma para Unya. O Deus-Sol, cansado de ver o sofrimento de seus filhos, trouxe-os consigo para junto de si, onde até hoje comem do bom pão e bebem do bom vinho no Grande Salão dos Heróis, celebrando o tão merecido descanso de uma raça que tão desproporcionalmente sofreu para manter os outros a salvo.
Não há, em toda a história do mundo, nenhum outro evento de intervenção divina nessa mesma proporção. O Arrebatamento certamente movimentou quantidades tão massivas de energia do Deus-Sol, que não é de se surpreender que foi a última vez que Ele interveio diretamente no mundo mortal.
Com o passar do tempo, muitos pavakis proeminentes da época seriam reverenciados pelos humanos que herdaram Zhária e se tornariam as figuras a quem até hoje os zharianos prestam respeito: suas estátuas e pinturas estão nos templos zharianos e partes do castelo. Eles são o que hoje zharianos chamam de Ascendentes, dispostos a emprestar sua força aos guerreiros que mostram a bravura que eles mostraram naquele dia fatídico.
Esta é a origem do orgulho guerreiro dos humanos de Zhária e do planalto central. Seu respeito, apego e sinergia com o fogo pode não ter sido divinamente arquitetado desde a Era da Gênese, mas não deixa de ser genuíno em seu próprio mérito. Nas Eras subsequentes, os zharianos humanos continuariam na linha de frente da luta contra o caos, preservando a cultura de honra herdada pelos seus ancestrais. O sentimento é perfeitamente traduzido nas palavras de Adamastor, o pontifex que mais discorreu sobre o povo zhariano:
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EXTINCT